Nesta terça-feira (21), os participantes do painel “Desinformação e o uso de IA nas Eleições” – o terceiro do “Seminário Internacional – Inteligência Artificial, Democracia e Eleições” – discutiram os desafios e as perspectivas para impedir o uso de inteligência artificial (IA) na propagação de notícias falsas durante as eleições. De acordo com os palestrantes, novas ferramentas reduziram o custo de produção e disseminação de fake news. Aberto pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o evento prossegue até quarta (22) e pode ser acompanhado ao vivo pelo canal do TSE no YouTube.
O debate do terceiro painel foi mediado pela jornalista e colaboradora da FGV Comunicação Rio Leila Sterenberg, com a participação da diretora-geral adjunta da DG Connect da Comissão Europeia, Renate Nikolay; da especialista em eleições da Unesco, Albertina Piterbarg; do diretor de jornalismo do Chequeado (Argentina), Matías Di Santi; e do diretor de Políticas Públicas do TikTok no Brasil, Fernando Gallo.
De Bruxelas, na Bélgica, a diretora-geral adjunta da DG Connect da Comissão Europeia, Renate Nikolay, participou por videoconferência e destacou a importância da regulamentação para mitigar os riscos da IA nas eleições. “A desinformação sempre existirá, mas precisamos de uma abordagem holística para enfrentá-la”, disse Nikolay.
Renate mencionou a adoção da nova Lei de Inteligência Artificial na Europa, que entrará em vigor nos próximos anos, mas com algumas provisões já aplicáveis em seis meses. “Estamos trabalhando para criar um ecossistema em que todos os agentes estejam preparados para lidar com esses desafios, desde as plataformas até os cidadãos”, ressaltou.
A especialista em eleições da Unesco, Albertina Piterbarg, ressaltou o desafio de compreender os aspectos técnicos das novas ferramentas para garantir a liberdade de expressão. “Estamos lidando com corporações muito ricas, que produzem algoritmos cada vez mais complexos. Precisamos aumentar os recursos humanos, a vontade política e o tempo disponível no enfrentamento da desinformação, de forma a garantir a liberdade de expressão”, concluiu.
O uso de IA para aprimorar a checagem de informações também foi destaque no painel. Segundo o diretor de jornalismo do portal argentino Chequeado, Matías Di Santi, a inteligência artificial pode ser uma aliada no enfrentamento da desinformação. “Desenvolvemos ferramentas tecnológicas focadas em verificar conteúdos possivelmente maliciosos de forma mais rápida e melhor, como o Chequeabot, uma ferramenta de monitoramento e checagem automatizada”, relatou.
Matías Di Santi ainda destacou que os propagadores de desinformação visam solapar a credibilidade do sistema democrático. “Contra isso, temos um programa de alfabetização em mídia que ajuda a desenvolver um olhar crítico nas pessoas. Acreditamos que é a melhor forma de lutar contra a desinformação gerada por IA”, concluiu.
O diretor de Políticas Públicas do TikTok no Brasil, Fernando Gallo, anunciou novos compromissos da plataforma para promover a transparência da IA, combater a desinformação e proteger as eleições globalmente. “Começamos a rotular automaticamente conteúdos gerados por inteligência artificial quando são carregados a partir de determinadas plataformas”, comentou Gallo.
Segundo ele, o TikTok foi a primeira plataforma a permitir que os usuários classificassem e adicionassem rótulos em seus vídeos, sinalizando que foram gerados por inteligência artificial. “Isso pode ser feito por meio de um rótulo ou legenda, como 'sintético', 'falso', 'não real' ou 'alterado'. Desde o último trimestre do ano passado, mais de 37 milhões de criadores utilizaram essa ferramenta”, acrescentou.
Nesta quarta-feira (22), o ministro Ramos Tavares mediará o quarto painel, que contará com os seguintes participantes: Jens Zimmermann, membro do Parlamento Federal Alemão; Natália Leal, CEO da Lupa; Luca Belli, coordenador do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV; e Taís Tesser, gerente de contencioso da Google Brasil.
Após o último painel, o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, fará a conferência de encerramento do seminário. Ele falará sobre os impactos da inteligência artificial nas eleições e sobre os desafios para a democracia no século XXI.