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Janaina defende "distritão": "É a maior democracia que existe"

Em discussão no Congresso, formato permite eleição dos políticos mais votados pelo povo

Data: Segunda-feira, 14/06/2021 09:11
Fonte: MÍDIA NEWS/ LISLAINE DOS ANJOS E CÍNTIA BORGES

A deputada estadual Janaina Riva (MDB) se posicionou a favor da adoção do do sistema chamado “distritão” para eleição no Legislativo, ao contrário do formato proporcional em vigência atualmente. Para ela, o modelo eleitoral "é mais democrático".

Hoje, vereadores e deputados estaduais e federais são eleitos pelo sistema proporcional. Os assentos nas Casas Legislativas são distribuídos de acordo com a votação total dos candidatos e do partido (voto na legenda). Os votos excedentes dos mais votados ajudam a puxar candidatos com menos votos.

No distritão, são eleitos os primeiros da lista. Ou seja, toda a votação dada em excesso aos eleitos e a dada aos não eleitos não vale nada.

 

“É a maior democracia que pode existir em uma eleição. Elege quem a população quer. Não acho justo, como a gente já viu no passado, um deputado ficar em segundo lugar [em número de votos] e ficar de fora”, defendeu.

“Vou dar um exemplo do MDB. Tivemos dois deputados que fizeram mais de 18 mil votos e que não ocuparam cargos aqui na assembleia. E temos deputados que fizeram 11 mil, 13 mil votos aqui dentro”, criticou.

Para a parlamentar, não é justo um candidato menos votado garantir uma cadeira na Assembleia Legislativa, por exemplo, enquanto o mais votado é descartado.

Elege quem a população quer. Não acho justo, como a gente já viu no passado, um deputado ficar em segundo lugar [em número de votos] e ficar de fora

A mudança está prevista em um projeto de emenda constitucional que tramita na Câmara dos Deputados, cuja expectativa é ser votado antes do recesso parlamentar de julho deste ano.

A proposta é criticada por alguns especialistas políticos por supostamente enfraquecer as legendas. Para Janaina, entretanto, isso facilitaria até mesmo os políticos a procurarem se filiar a partidos com os quais realmente têm afinidade.

“Você vai para o partido onde tem, de fato, identidade, porque o que a gente mais vê é pessoas que estão no partido e tem absolutamente nada a ver com a sua ideologia. Ele escolhe o partido onde faz votos”, criticou.

Questionada se o novo modelo não acabaria por fortalecer políticos com mandatos, já bem colocados ou celebridades, a emedebista negou, afirmando que não há cargo que segure um parlamentar no Legislativo se essa não for a vontade dos eleitores.

“Nós vamos ver deputados que estão eleitos com uma votação muito menor de deputados não eleitos que serão candidatos. Eu acho que isso não muda o cenário, quando a população quer, a gente já viu isso. Não tem mandato, não tem cargo, que segure um parlamentar aqui”, afirmou.

Acho que as cotas são extremamente justas pra redução da desigualdade de gênero. Eu, que estou no Parlamento, mais do que ninguém sei o quanto é diferente

Cota para mulheres

Outra mudança apoiada pela emedebista para as próximas eleições é a reserva de cota de 15% das vagas nos Parlamentos para as mulheres. Se a proposta passar pelo Congresso, a Assembleia Legislativa de Mato Grosso, por exemplo, teria quatro cadeiras reservadas, das quais o MDB quer garantir a presença em duas delas.

“Acho que as cotas são extremamente justas pra redução da desigualdade de gênero. Acho que não é democrático um país que tem mais da metade da sua população de mulheres ser governado por mais de 80% de homens", disse.

"Eu, que estou no Parlamento, mais do que ninguém sei o quanto é diferente. Para conseguir seis, sete votos, eu tenho que me desdobrar, porque o universo ainda é muito machista”, completou.

Janaina afirmou ser contra a cota em caso de concursos públicos, por exemplo. Segundo ela, para discussão de intelecto é desnecessário, uma vez que as mulheres tem as mesmas condições que um homem para galgar qualquer posto nesse quesito.

“Agora, na política, onde o universo é completamente masculino, envolve escolha, envolve você se desdobrar pra viajar e recurso, que é mais difícil acesso, tem muitas coisas envolvidas onde a mulher acaba saindo no prejuízo. Então, se ela não tiver um estímulo, ela desanima mesmo de continuar”, disse.