A deputada estadual Janaina Riva (MDB) se posicionou a favor da adoção do do sistema chamado “distritão” para eleição no Legislativo, ao contrário do formato proporcional em vigência atualmente. Para ela, o modelo eleitoral "é mais democrático".
Hoje, vereadores e deputados estaduais e federais são eleitos pelo sistema proporcional. Os assentos nas Casas Legislativas são distribuídos de acordo com a votação total dos candidatos e do partido (voto na legenda). Os votos excedentes dos mais votados ajudam a puxar candidatos com menos votos.
No distritão, são eleitos os primeiros da lista. Ou seja, toda a votação dada em excesso aos eleitos e a dada aos não eleitos não vale nada.
“É a maior democracia que pode existir em uma eleição. Elege quem a população quer. Não acho justo, como a gente já viu no passado, um deputado ficar em segundo lugar [em número de votos] e ficar de fora”, defendeu.
“Vou dar um exemplo do MDB. Tivemos dois deputados que fizeram mais de 18 mil votos e que não ocuparam cargos aqui na assembleia. E temos deputados que fizeram 11 mil, 13 mil votos aqui dentro”, criticou.
Para a parlamentar, não é justo um candidato menos votado garantir uma cadeira na Assembleia Legislativa, por exemplo, enquanto o mais votado é descartado.
A mudança está prevista em um projeto de emenda constitucional que tramita na Câmara dos Deputados, cuja expectativa é ser votado antes do recesso parlamentar de julho deste ano.
A proposta é criticada por alguns especialistas políticos por supostamente enfraquecer as legendas. Para Janaina, entretanto, isso facilitaria até mesmo os políticos a procurarem se filiar a partidos com os quais realmente têm afinidade.
“Você vai para o partido onde tem, de fato, identidade, porque o que a gente mais vê é pessoas que estão no partido e tem absolutamente nada a ver com a sua ideologia. Ele escolhe o partido onde faz votos”, criticou.
Questionada se o novo modelo não acabaria por fortalecer políticos com mandatos, já bem colocados ou celebridades, a emedebista negou, afirmando que não há cargo que segure um parlamentar no Legislativo se essa não for a vontade dos eleitores.
“Nós vamos ver deputados que estão eleitos com uma votação muito menor de deputados não eleitos que serão candidatos. Eu acho que isso não muda o cenário, quando a população quer, a gente já viu isso. Não tem mandato, não tem cargo, que segure um parlamentar aqui”, afirmou.
Cota para mulheres
Outra mudança apoiada pela emedebista para as próximas eleições é a reserva de cota de 15% das vagas nos Parlamentos para as mulheres. Se a proposta passar pelo Congresso, a Assembleia Legislativa de Mato Grosso, por exemplo, teria quatro cadeiras reservadas, das quais o MDB quer garantir a presença em duas delas.
“Acho que as cotas são extremamente justas pra redução da desigualdade de gênero. Acho que não é democrático um país que tem mais da metade da sua população de mulheres ser governado por mais de 80% de homens", disse.
"Eu, que estou no Parlamento, mais do que ninguém sei o quanto é diferente. Para conseguir seis, sete votos, eu tenho que me desdobrar, porque o universo ainda é muito machista”, completou.
Janaina afirmou ser contra a cota em caso de concursos públicos, por exemplo. Segundo ela, para discussão de intelecto é desnecessário, uma vez que as mulheres tem as mesmas condições que um homem para galgar qualquer posto nesse quesito.
“Agora, na política, onde o universo é completamente masculino, envolve escolha, envolve você se desdobrar pra viajar e recurso, que é mais difícil acesso, tem muitas coisas envolvidas onde a mulher acaba saindo no prejuízo. Então, se ela não tiver um estímulo, ela desanima mesmo de continuar”, disse.