dinheiro (Foto: Otmar de Oliveira/Câmara)
Cassado em 2014 por quebra de decoro, o ex-presidente da Câmara Municipal de Cuiabá, João Emauel, foi acusado mais uma vez pelo Ministério Público (MP) por crimes cometidos dentro do Poder Legislativo. Desta vez, a ação penal movida contra o ex-vereador é pelo crime de lavagem de dinheiro: além de ter cometido peculato e constituição de organização criminosa para desviar mais de R$ 1,5 milhão, ele teria lavado parte do dinheiro, usando-o para pagar uma viagem à Disney, adquirir um veículo de luxo e para pagar a reforma da casa do ex-sogro, o ex-deputado José Riva, atualmente preso por supostos desvios de dinheiro na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT).
Divulgada nesta quarta-feira (27), a nova ação penal contra João Emanuel foi proposta pelo Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco). A reportagem tentou, mas sem sucesso, comentar a ação judicial com João Emauel e com sua defesa na tarde desta quarta-feira. Além do ex-vereador, outras quatro pessoas foram denunciadas pelo Gaeco.
Disney, Porsche e reforma
De acordo com as investigações do Gaeco e da 13ª Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público e da Probidade Administrativa, o grupo acusado utilizava uma empresa para simular a entrega de materiais e a prestação de serviços gráficos à Câmara Municipal de Cuiabá. Os valores referentes aos serviços “fictícios” eram destinados à empresa. Em seguida, a fim de lavar o dinheiro desviado, o montante era pulverizado em cheques da empresa, os quais eram usados depois para os mais diversos fins.
Segundo o MP, esses cheques foram usados por João Emanuel para despesas como o pagamento de uma viagem ao parque infantil da Disney em Orlando, na Flórida, bem como para pagar parte de um carro de luxo (um Porsche/Boxter conversível) e obras de reforma na residência de seu ex-sogro, o ex-deputado estadual e ex-presidente da ALMT José Riva.
O Gaeco não divulgou a íntegra da denúncia, tampouco detalhes dos gastos realizados com o intuito de lavagem do dinheiro desviado.
Devido à citação da reforma da casa de José Riva na denúncia, a deputada estadual Janaína Riva (PSD), filha do ex-parlamentar, emitiu nota à imprensa nesta quarta-feira explicando que as despesas mencionadas foram “contraídas e quitadas pelo seu ex-cônjuge, sem ciência, por parte da deputada, de eventual utilização de qualquer verba pública”. Janaína Riva também alegou na nota que desconhece o conteúdo da denúncia contra seu ex-marido e que jamais teve qualquer vínculo com valores supostamente desviados da Câmara Municipal de Cuiabá por meio da gráfica investigada pelo Gaeco.
de gráfica, diz MP (Foto: Renê Dióz/G1)
A reportagem tentou contato telefônico com o ex-vereador João Emanuel para comentar a nova ação judicial contra ele, mas sem sucesso.
O G1 também tentou contato com o advogado Eduardo Mahon, que já defendeu o ex-vereador em processos criminais na Justiça, mas ele não atendeu aos telefonemas.
Ex-vereador
João Emanuel foi eleito vereador em 2012 e ocupou o cargo de presidente da Câmara Municipal de Cuiabá. Em abril de 2014, entretanto, teve o mandato cassado pelos colegas por quebra de decoro depois de ter sido investigado na operação Aprendiz, do Gaeco, por fraude em licitações e pela suspeita de liderar um esquema de grilagem de terras. Em março de 2015 ele também foi condenado por improbidade administrativa por tentativa de fraude em licitações da Câmara - a condenação teve efeito suspenso posteriormente. Ele também é investigado desde 2015 por fraudes na construção de casas populares à época em que comandava a Agência Municipal de Habitação Popular de Cuiabá.