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NOTÍCIA

Ex-vereador usou verba desviada para ir à Disney e comprar Porsche, diz MP

Ex-presidente da Câmara de Cuiabá, João Emanuel foi cassado em 2014. MP aponta desvio e lavagem de mais de R$ 1,5 milhão em verba pública.

Data: Quarta-feira, 27/01/2016 00:00
Fonte: Renê Dióz Do G1 MT
 
 
Vereador João Emanuel (PSD) é acusado de improbidade administrativa. (Foto: Otmar de Oliveira / Câmara de Cuiabá)
Ex-vereador agora responde por lavagem de
dinheiro (Foto: Otmar de Oliveira/Câmara)
 

Cassado em 2014 por quebra de decoro, o ex-presidente da Câmara Municipal de Cuiabá, João Emauel, foi acusado mais uma vez pelo Ministério Público (MP) por crimes cometidos dentro do Poder Legislativo. Desta vez, a ação penal movida contra o ex-vereador é pelo crime de lavagem de dinheiro: além de ter cometido peculato e constituição de organização criminosa para desviar mais de R$ 1,5 milhão, ele teria lavado parte do dinheiro, usando-o para pagar uma viagem à Disney, adquirir um veículo de luxo e para pagar a reforma da casa do ex-sogro, o ex-deputado José Riva, atualmente preso por supostos desvios de dinheiro na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT).

 

Divulgada nesta quarta-feira (27), a nova ação penal contra João Emanuel foi proposta pelo Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco). A reportagem tentou, mas sem sucesso, comentar a ação judicial com João Emauel e com sua defesa na tarde desta quarta-feira. Além do ex-vereador, outras quatro pessoas foram denunciadas pelo Gaeco.

 

Disney, Porsche e reforma
De acordo com as investigações do Gaeco e da 13ª Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público e da Probidade Administrativa, o grupo acusado utilizava uma empresa para simular a entrega de materiais e a prestação de serviços gráficos à Câmara Municipal de Cuiabá. Os valores referentes aos serviços “fictícios” eram destinados à empresa. Em seguida, a fim de lavar o dinheiro desviado, o montante era pulverizado em cheques da empresa, os quais eram usados depois para os mais diversos fins.

 

 

Segundo o MP, esses cheques foram usados por João Emanuel para despesas como o pagamento de uma viagem ao parque infantil da Disney em Orlando, na Flórida, bem como para pagar parte de um carro de luxo (um Porsche/Boxter conversível) e obras de reforma na residência de seu ex-sogro, o ex-deputado estadual e ex-presidente da ALMT José Riva.

 

O Gaeco não divulgou a íntegra da denúncia, tampouco detalhes dos gastos realizados com o intuito de lavagem do dinheiro desviado.

 

Devido à citação da reforma da casa de José Riva na denúncia, a deputada estadual Janaína Riva (PSD), filha do ex-parlamentar, emitiu nota à imprensa nesta quarta-feira explicando que as despesas mencionadas foram “contraídas e quitadas pelo seu ex-cônjuge, sem ciência, por parte da deputada, de eventual utilização de qualquer verba pública”. Janaína Riva também alegou na nota que desconhece o conteúdo da denúncia contra seu ex-marido e que jamais teve qualquer vínculo com valores supostamente desviados da Câmara Municipal de Cuiabá por meio da gráfica investigada pelo Gaeco.

 

José Riva foi preso no dia 13 de outubro em operação do Gaeco em MT (Foto: Renê Dióz/G1)
Obra em casa de José Riva foi paga com cheques
de gráfica, diz MP (Foto: Renê Dióz/G1)
 

A reportagem tentou contato telefônico com o ex-vereador João Emanuel para comentar a nova ação judicial contra ele, mas sem sucesso.

 

O G1 também tentou contato com o advogado Eduardo Mahon, que já defendeu o ex-vereador em processos criminais na Justiça, mas ele não atendeu aos telefonemas.

 

Ex-vereador
João Emanuel foi eleito vereador em 2012 e ocupou o cargo de presidente da Câmara Municipal de Cuiabá. Em abril de 2014, entretanto, teve o mandato cassado pelos colegas por quebra de decoro depois de ter sido investigado na operação Aprendiz, do Gaeco, por fraude em licitações e pela suspeita de liderar um esquema de grilagem de terras. Em março de 2015 ele também foi condenado por improbidade administrativa por tentativa de fraude em licitações da Câmara - a condenação teve efeito suspenso posteriormente. Ele também é investigado desde 2015 por fraudes na construção de casas populares à época em que comandava a Agência Municipal de Habitação Popular de Cuiabá.