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COLUNAS

46 anos

Data: Quinta-feira, 27/03/2014 00:00
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             Peço permissão ao leitor pra compartilhar uma data que, na verdade, não diz respeito a mais ninguém senão a mim, à minha mulher Carmem, e aos meus descendentes. Gosto muito de datas, decorrente talvez da tradição mineira de anotar as relevâncias das coisas, e ao meu gosto especial pela História. Hoje Carmem e eu completamos 46 anos casados. Na dinâmica veloz do mundo de hoje sei que isso não representa muito.


                Mas acho que a oportunidade merece o registro e algumas memórias por mais pessoais que sejam, acabam parecidas com as de tanta gente. Espero que os semelhantes nessa crença de que a vida é feita de memórias, desafios e esperanças, compreendam esse registro como uma simples semelhança.


                Há 46 anos, num sábado chuvoso nos casamos em Brasília. Ela estudante e eu também, no último ano da faculdade de jornalismo. Ela com 20 e eu com 24. Cara de meninos. Mas naquele tempo se casava cedo porque o sonho era ter uma família, repetindo a tradição de todas as famílias. Verdade, que logo tivemos André, seguido do Fábio, do Marcelo e já em Cuiabá, do Tiago. Não posso deixar de me lembrar que nós dois não tínhamos o menor medo do futuro. Ele viria e pronto! Um ano depois, já o André nascido, e a gravidez do Fábio, compramos o nosso primeiro carro: uma Vemaguete, ano 1964, um carro tipo perua, fabricada pela DKW-Vemag, alemã. Dela pulamos dois anos depois para uma Belina 1971, da Ford, já nova.


           Daí pra frente as coisas seguiram o seu curso. Os meninos cresceram, estudaram, casaram cedo, tiveram filhos. O André e Maria do Carmo tiveram Miguel e Gabriel, cuiabanos. Fábio e Aline tiveram Enzo e Pietro, ambos sergipanos. Marcelo e Daniela tiveram Luka, brasiliense, e Tiago e Mariana ainda não tiveram filhos. Miguel e Mariana tiveram Mateus e Vitória, cuiabanos. Tudo isso ao longo de 46 anos.


                Muitos episódios alegres e alguns tristes, como a morte do Marcelo, em 2004. Mas a alegria predominou nessa relação contínua de 46 anos. Olhando pra trás fica aquela sensação de alguma coisa talvez pudesse ter sido diferente. Mas mesmo assim, a maioria deveria ter sido como foi. Não ficamos ricos, mas temos o suficiente para vivermos com a dignidade que sempre desejamos.


            Aos filhos repassamos aqueles valores fundamentais da vivência humana. Confesso que fui o pai chato e exigente com os filhos. Carmem suave e protetora, mas enérgica. Eles nos orgulham muito e os nossos cabelinhos brancos nos dizem que já vivemos bastante. A casa, outrora parecida com um hotel, hoje respira silêncio. Fotos aqui e ali relembram o necessário de nossas memórias, pra não gerar saudosismos, que nesta altura da vida doem muito.


            Amigos, memórias, sonhos, alegrias, viagens, sorrisos, lágrimas, esperanças, receios, família, talvez sejam os sentimentos que mais nos veem à cabeça quando olhamos pra trás nesses 46 anos. Muito, muito bons! Obrigado à vida e à Carmem.


Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso

[email protected]   www.onofreribeiro.com.br



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