A campanha eleitoral já se iniciou e o programa eleitoral gratuito caminha pra completar uma semana no ar no rádio e na televisão.
Sem querer ser professor de Deus e nem ensinar o padre nosso ao vigário, como se dizia em campanhas eleitorais anteriores, gostaria de fazer alguns apontamentos sobre o programa de governo dos candidatos.
Quero particularizar a educação. O tratamento ao tema nos programas tem sido burocrático: “prometo cuidar da educação, da saúde, da segurança e do meio ambiente”. E vai por aí afora. Nada de concreto em relação à educação que, neste caso, nada tem a ver em estar junto com a saúde e com a segurança, etc.
Vamos dizer o porquê. Dados da Federação das Indústrias de Mato Grosso apontam que de agora até 2030 Mato Grosso precisará qualificar 608 mil pessoas para o mercado de trabalho. Dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária – IMEA, acenam que em 2030 Mato Grosso produzirá 130 milhões de toneladas de soja, de milho, de algodão e de carnes. Isso abrirá perto de 1 milhão e 200 mil novos empregos.
Definitivamente no estado não existe essa quantidade de gente qualificada para o mercado. Nem desqualificada. É muita gente. Exemplos: a Ferronorte na extensão entre Rondonópolis e Lucas do Rio Verde, vai demandar 162 mil trabalhadores. As usinas de etanol de milho mais 168 mil novos empregos.
Até 2025 serão precisos novos 179 mil empregados pro mercado.
No entanto, o que se vê são discursos completamente vazios, por desconhecimento da realidade prevista. O esperado seria um discurso de prioridade máxima à educação pelas razões citadas. Pior.
Não se vê nos candidatos ao governo, nem nos candidatos ao Senado e tampouco aos deputados federais e estaduais. Um total despreparo na percepção da educação. Acrescente-se os partidos políticos, totalmente cegos quanto ao futuro e ligadíssimos nos desvios de conduta já conhecidos, eleição após eleição.
O que deveria nos preocupar é que na ausência de gente qualificada em Mato Grosso e no andamento rápido do crescimento econômico estadual, logo, logo, começarão ondas de migrações de jovens qualificados vindos de outros estados para ocuparem os empregos aqui. Nesse caso, vai doer muito ver os jovens mato-grossenses, sem qualificação, ocupando funções longe dos os melhores postos de trabalho que exigem gente melhor preparada.
Na verdade, esta é só uma abordagem muito superficial do tema, para alertar os candidatos. Mas é muito mais profundo do que isso. Pior: é assunto da nosso morna e preguiçosa política. E dos nossos desinformados candidatos...