Essa Câmara de Vereadores!
Na última sexta-feira a Câmara de Vereadores de Cuiabá cassou o mandato do vereador João Emanuel depois de um longo processo de idas e vindas dele na presidência da casa, iniciado no ano passado.
Em casos anteriores de duas outras cassações, a dos vereadores Luthero Ponce e Ralph Leite, foi uma longa sucessão de batalhas judiciais, validando e anulando a cassação. Na verdade, a cassação dos vereadores foi feita do jeito político de tal modo que caísse no colo da justiça validá-la ou não. Pura jogada de cena a atitude dos vereadores. quem efetivou a cassação de ambos foi a justiça. Por que, perguntaria o leitor? Simples. Todos os parlamentares em todos os níveis, sem exceção, são corporativistas.
Defendem-se mutuamente na expectativa de que hoje é você, mas amanhã poderei ser eu. Então, vamos nos proteger num raciocínio simples: eu te protejo, tu me proteges. O processo de cassação de João Emanuel está cheio de “buracos” que serão aproveitados pelos seus inteligentes advogados. Eduardo Mahon, por exemplo, a quem conheço bem, é uma águia. Vai reverter na justiça essa cassação quantas vezes forem necessárias.
Li alguns artigos entusiasmados com a cassação do vereador João Emanuel e exaltando a “coragem” e o “civismo” de suas excelências vereadores. Alguns até chegaram a escrever que a Câmara de Vereadores de Cuiabá limpou a sua imagem de poleiro de pato (pra quem não sabe, é um pau onde as aves se empoleiram pra dormir e de onde defecam a noite inteira). Nem de longe limpou!
Outros admitiram que houve prejulgamento da opinião publica, e que o vereador João Emanuel foi linchado. Claro que houve pressão da opinião pública. Houve faixas de cidadãos e de movimentos sociais protestando em favor da cassação. É legítimo e democrático. Como legítimo e democrático é a sociedade esperar trabalho cidadão dos 25 vereadores eleitos em 2012, para construírem e votarem as leis municipais e fiscalizarem o poder executivo municipal.
Exatamente isso o que nunca fizeram e, dificilmente, farão no futuro porque o manual de política que se aplica na Câmara de Cuiabá não obedece à lógica da representatividade popular. Transformou-se numa casa de negócios, de chantagens, de barganhas e de “converseiros” inúteis.
O novo manual da política que motiva a sociedade ensina: cada lição não aprendida nesses tempos de mídias sociais é uma lição que custará muito caro no futuro!
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
[email protected] www.onofreribeiro.com.br