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NOTÍCIA

Cruel estatística por Gabriel Novis Neves

Data: Quarta-feira, 11/01/2012 00:00
Fonte: Gabriel Novis Neves

O Ministério da Educação (MEC) disponibilizou os dados do Censo Escolar de 2011. Peguei carona nos dados de Lisânia Ghisi.

A situação do ensino em Mato Grosso é preocupante e deveria ser tratada como prioridade.

Temos 772.994 pessoas matriculadas nas instituições estaduais e municipais. No ensino fundamental (1º ao 9º ano), são 433 mil estudantes (56%). Já no ensino médio contabilizamos 137 mil estudantes, ou seja, 31% a menos que o total de alunos do ensino fundamental. Uma perda considerável de 25% de alunos.

Gilmar Soares, presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep), justifica o reduzido número de alunos matriculados no ensino médio, por falta de estrutura a um ensino motivador com um currículo compatível aos tempos atuais.

Outro fator que está fazendo o aluno a abandonar o ensino médio foi a decisão do MEC em reduzir a carga horária do EJA (Educação de Jovens e Adultos).

O ensino médio, como é atualmente oferecido ao aluno, é o caminho certo ao abandono, chegando a um percentual tão alto.

Sem motivação é impossível aprender e até viver com saúde. Esses alunos procuram o mercado de trabalho e sentem que, sem conhecimento, são rejeitados e não conseguem permanecer no serviço.

Muitos procuram o trabalho informal para sobreviver. Outros optam pelo caminho mais fácil para chegar à universidade e conseguir um diploma de analfabeto funcional.

A ilusão do diploma para ascensão social ainda permanece em certas tribos, levando, posteriormente, muitos jovens à frustração irrecuperável.

Vivemos o século das inovações tecnológicas e do conhecimento. A era do valor do diploma há muito se encerrou - não prestando nem para a decoração da sala de visita, pelo conceito da universidade que forneceu aquele papel feito quadro de enfeite.

Concordo com o presidente do Sintep: a nossa educação vai mal. Professores mal remunerados, trabalhando em ambientes pedagogicamente condenados, escolas construídas sem a participação dos professores e dos alunos e, a maior necessidade para uma educação pública de qualidade, a presença do aluno na escola em tempo integral. Do café da manhã ao banho da tarde.

Algum programa especial tem que ser criado pelo governo federal para salvar a nossa educação. Estatísticas e gráficos mostrando perfumarias, como o aumento do número de mestres e doutores, não é sinal de educação de qualidade, segundo avaliação de um ex-presidente da República.

Ou levamos a sério a educação básica, ou seremos eternamente colônia dos países que investiram, e investem, em educação.