ARIPUANÃ, Quinta-feira, 18/04/2024 -
Olhar Direto - Kelly Martins/Da Redação - Thiago Itacaramby
Um bacharel em Direito de Cuiabá é considerado o mentor do assalto no apartamento do desembargador aposentado Ernani Vieira, ocorrido na segunda-feira (31), em edifício localizado no bairro Santa Rosa, próximo ao hospital Santa Rosa. Alfredo de Oliveira Garcia Neto (34) deverá se entregar ainda hoje à Delegacia de Repressão a Roubos e Furtos de Veículos (DERRFVA) , responsável pelas investigações. O acusado é filho do professor José Patrocínio de Brito Júnior, renomado advogado da capital.
Conforme informações reveladas pelo delegado responsável pelo caso, Silas Tadeu Caldeira, o bacharel é amigo íntimo de familiares do magistrado que obtinham diversas informações privilegiadas e de que no apartamento havia mais de R$ 1 milhão em dinheiro, o que motivou o crime.
No dia do assalto, três pessoas foram até o prédio sendo que uma delas rendeu o vigia e as demais, trajadas com coletes falsos da Polícia Federal (PF), arrombaram a porta do apartamento. Eles estavam armados com pistola, metralhadora e roubaram R$ 20 mil em dinheiro, jóias avaliadas em R$ 40 mil, além de quatro notebooks.
Em entrevista ao site Olhar Direto, José Patrocínio de Brito Junior, disse que ainda não teve acesso às informações referente à prisão de seu filho. Ele alegou também que não possui nenhum tipo de envolvimento pessoal com a vítima.
Ao que tudo indica, em virtude da operação Asafe, deflagrada pela PF no dia 18 de maio, contra advogados, juízes e desembargadores, os assaltantes aproveitaram para tentar se passar pelos federais como se fosse uma ação policial. O desembargador Ernani é investigado neste inquérito judicial, que corre no Superior Tribunal de Justiça (STJ) por venda de sentença no judiciário mato-grossense.
Vários advogados e magistrados já foram afastados em virtudes desse caso e diversos setores da sociedade civil organizada já se manifestaram em desfavor dos investigados. Vieira pediu aposentadoria no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ), em 2007, quando completou 70 anos de idade.
Investigação
Essa também é a avaliação do delegado Silas Caldeiras, responsável pelo caso, que também informou que trata-se de uma quadrilha diversificada que vem agindo em diversos roubos em Cuiabá e no interior do Estado. No entanto, o delegado destacou que Alfredo de Oliveira Garcia Neto (bacharel) participou apenas do assalto ao apartamento do desembargador.
Na casa do jovem foi encontrado pela polícia um colete falso. Segundo o delegado, até o momento duas pessoas foram presas por envolvimento ao assalto: Reginaldo Silva Ferreira e Edinho Rodrigues de Macedo (33). Já Antônio Henrique Cardoso (26), considerado o braço direito de Alfredo, chegou a ser preso ontem, mas liberado em seguida.
O delegado contou ainda que a desarticulação do esquema teve início com a prisão de membros de uma quadrilha que tentou assaltar uma loja na capital. Os bandidos teriam contado à polícia sobre o plano de assalto na residência do magistrado. “As investigações revelam que se refere a uma quadrilha organizada que atua em vários tipos de crimes com envolvimento de pelo menos 12 pessoas”, frisou o delegado que não descarta a participação dos criminosos em roubos de veículos por troca de drogas na Bolívia.
Situação essa que deu início as investigações, disse Silas Caldeiras ao destacar que 30 dias antes do assalto no apartamento do desembargador, um dos membros da quadrilha foi preso durante uma ação policial contra roubos de veículos. Na ocasião, o acusado confessou que fazia parte do plano contra o magistrado.
Com a descoberta, o delegado avisou o desembargador Ernani Vieira de Souza sobre a estratégia dos bandidos, o que no primeiro instante, não foi levado a sério por ele. Entre os acusados está a pessoa que confeccionou as camisetas idênticas às usadas pela Polícia Federal, além de quem fez a carteira igual a dos policiais federais, apresentada ao porteiro do edifício.