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NOTÍCIA

Marcha contra corrupção é vazia, diz Roberto Jefferson

Data: Quarta-feira, 07/09/2011 00:00
Fonte: Terra

Como forma de contrabalancear as atenções do governo, que na comemoração pelo 7 de Setembro estarão voltadas para o Desfile da Independência que percorrerá 2 km na Esplanada dos Ministérios, integrantes de movimentos sociais, partidos políticos e entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) prometem fazer coro contra as seguidas denúncias de corrupção em diversas esferas do Executivo.

Além da "faxina" no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), classificado como o "DNA da corrupção" pelo ministro do Controle e da Transparência, Jorge Hage, três ministros foram afastados em oito meses de governo Dilma Rousseff por suspeitas de irregularidades. No Congresso Nacional, o corporativismo do Parlamento mais uma vez revoltou a opinião pública com a absolvição, em votação secreta, da deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF), flagrada em um vídeo recebendo dinheiro do delator do mensalão do DEM, Durval Barbosa. Sem falar nas operações da Polícia Federal que desmontaram fraudes em convênios envolvendo dinheiro público, inclusive no Ministério do Turismo.

Às vésperas da Marcha Contra a Corrupção, que mobilizou parlamentares e militantes em redes sociais, políticos e autoridades avaliam a eficácia de manifestações populares dessa natureza e a tomada de providências contra a corrupção. A lista inclui o deputado cassado Roberto Jefferson (PTB), que denunciou o mensalão; políticos de oposição, organizadores do movimento e integrantes do governo.

"Tudo que se faz no sentido de combater a corrupção é extremamente válido, extremamente importante. É preciso que toda a sociedade brasileira se conscientize que uma das prioridades deve ser sempre a luta e o combate à corrupção. É preciso que a sociedade cada vez mais se anime dessa indignação contra a corrupção até para que isso possa repercutir dentro das casas legislativas", diz o procurador-geral da República, Roberto Gurgel.

Réu no processo do mensalão, Roberto Jefferson questiona a utilidade de marchas como a da Corrupção e os reais motivos do manifesto que está programado em mais de 30 cidades neste feriado. "A marcha é uma coisa vazia porque não tem corrupção desenfreada no governo. Se desconfia, se há fumaça, a presidente Dilma afasta os suspeitos. A marcha é para vender jornal, se contrapor a um movimento cívico-militar. Quarta-feira será um dia morto. Fazer passeata espontânea em Brasília é uma piada. Desde a época do mensalão é a imprensa quem denuncia corrupção", afirma.

Apontado como o "chefe da quadrilha" do mensalão pelo Ministério Público, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu elege a reforma política como a alternativa a crimes de corrupção e ao caixa dois de campanha, este último a principal linha de defesa de políticos citados como mensaleiros - Jefferson e Jaqueline incluídos. "Voto em lista e financiamento público são a bandeira do PT para eliminar o poder econômico, a corrupção, o caixa dois e democratizar o sistema eleitoral. A reforma política é um dos principais antídotos contra a corrupção", afirmou. Sem confirmar presença na marcha em Brasília - "vou avaliar a conveniência de ir" -, o principal representante da oposição no Senado, Alvaro Dias (PSDB-PR), diz que o movimento "revela a indignação em boa parte da população".

"Funciona como um alerta para os três Poderes. Isso é a cobrança para que as ações sejam mais objetivas. Não basta discurso de faxina sem reação à altura. A marcha não pode ter conotação partidária, não pode haver oportunismo da nossa parte", afirma.

O deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP), responsável pela operação Satiagraha da Polícia Federal quando ocupava o posto de delegado, afirma que a mobilização brasileira é uma forma de a sociedade dizer que quer dar um basta nas irregularidades com o erário. "Essa democracia parte da opinião pública, é uma forma de os brasileiros dizerem que não querem mais conviver com tudo o que estiver errado. Tem uma forma de manifestar a indignação, a repulsa, partida da própria sociedade. É um beneficio que a população presta à sociedade. Aqueles que fugirem do debate estão comprometidos com interesses privados e pessoais", disse.

O parlamentar comentou o caso de Roriz: "foi simbólico (o fato de ter sido absolvida). E é simbólico que a marcha aconteça no Dia da Pátria, para protestar contra o dia em que a Câmara ignorou as imagens daquele ato repudiado por toda a sociedade brasileira. E esse não é o único caso. Tem o Daniel Dantas, que desviou mais de US$ 17 bilhões e está solto, ou como o (deputado Paulo) Maluf (PP-SP), que, embora configurando nas páginas da Interpol, virou deputado, e o Parlamento se vira para essa situação, além de outros tantos casos", disse.