ARIPUANÃ, Sexta-feira, 29/03/2024 -

NOTÍCIA

Como empresa, famílias se envolvem cada vez mais com o tráfico de drogas

Data: Segunda-feira, 04/07/2011 00:00
Fonte: Hebert Almeida/ 24 Horas News

O tráfico de drogas está mudando em Mato Grosso. E para um lado perigoso: cada vez mais, está se transformando em um negócio escuso de famílias. É o que revela a delegada Cleibe Aparecida de Paula, da Especializada de Repressão a Entorpecentes, da Polícia Civil de Mato Grosso, que, na ultima semana, comandou uma mega-operação em Cuiabá, com quase 200 policiais civis e militares, a “Rosa dos Ventos”. “A maioria das contas correntes utilizadas para o tráfico são das companheiras ou familiares dos traficantes” – conta a delegada.

Hoje, as quadrilhas já identificadas apresentaram em sua  estrutura organizacional o envolvimento de presidiários, os quais têm aqui fora seu braço direito, que é responsável por toda articulação criminosa, ou seja, é responsável em arrecadar o dinheiro para aquisição da droga, que se dá em forma de consórcio, a qual, após ser adquirida, é manipulada e distribuída aos fornecedores, para a comercialização nos diversos pontos de venda de drogas.

 “Alguns dos membros das quadrilhas se revestem de alguma atividade lícita, na grande maioria, de comerciantes que exercem a atividade laborativa paralelamente à atividade criminosa” – ela explica

Entre os anos de 2009 e 2010, cerca de 2,5 toneladas de drogas e encaminhou à Justiça 1.040 procedimentos policiais (inquéritos e TCO). Nos cinco meses de 2011, já foram apreendidos 254 quilos de drogas e concluídos 374 inquéritos policiais relativos a 335 presos em flagrante e por mandados de prisão.

Nessa estrutura, o abastecimento das bocas de fumo se dá tanto na Baixada Cuiabana quanto no interior do Estado. Outra peculiaridade é a utilização de adolescentes na função de “mulas”, principalmente, para o transporte da maconha, que por sua vez é transportada em ônibus ou em veículos populares.
 
As quadrilhas atuam cada vez mais como empresas, dentro de uma organização interna e financeira. A meta é atingir a origem. “A medida que a Polícia identifica algum patrimônio que foi adquirido e que tem suspeita que possa ter sido adquirido através do tráfico de droga, agente tem pedido medidas de arresto. Isso ainda não alcançamos, mas é nosso objetivo principal neste ano alcançar a lavagem de dinheiro, o crime de lavagem de dinheiro, identificando as empresas que estão ligadas ao tráfico de drogas” – acentua.

Cleibe de Paula observa que atual no tráfico de drogas existem vários fatores que influenciam, e tem cada vez mais participação ativa das mulheres. Além de ser uma atividade rendosa, muitas vezes não só da mulher, mas também, da família, de forma que as pessoas têm o tráfico de drogas, se não uma atividade única, mas como um auxílio na renda doméstica. “É algo a mais que as pessoas conseguem para o sustento da família” – enfantiza. 

A delegada observou que a Polícia Civil conta com uma delegacia de fronteira que ainda não foi efetivada, mas implicitamente está localizada aqui em um dos setores da DRE, de forma que atua com um delegado, especificamente de fronteira. “A maioria dos nossos trabalhos de interceptação telefônica é voltado para a região da fronteira, objetivando alcançar essa organização criminosa que atua na região fronteiriça” – revelou, ao destacar a ajuda que são recebidas também com as denúncias, que atingem principalmente a atividade de “boca de fumo”, um dos principais problemas da Polícia. 

A maioria das pessoas presas em bocas de fumo são vendedores e também usários de drogas. Uma das dificuldades é dar encaminhamento a elas.  Muitos ficam, no máximo, de dois a três meses presos e voltam à rua. “É colocada em liberdade e volta na mesma prática criminosa. É aí que está a nossa maior dificuldade de realmente fechar as bocas de fumo. Quando conseguimos fechar, o que se percebe é que há uma grande migração, pois eles só mudam de endereço e o tráfico continua, porque a pessoa só tem aquilo como atividade laborativa” ela frisou.