Print do vídeo de Waldir Adriano no Youtube.

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Manaus, AM -- Prédios de órgãos ambientais pegando fogo, viaturas tombadas e em chamas, casas e carros de servidores do Ibama atacados. O caos fechou a semana no município de Humaitá (AM), a 675 quilômetros de Manaus, com a reação de garimpeiros e parte dos moradores à Operação Ouro Fino, contra o garimpo ilegal no Rio Madeira.

 

O ataque ocorreu quando as equipes estavam em campo. Houve protestos nas ruas da cidade, contra a operação. Os prédios do Ibama e Instituto Nacional de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e viaturas dos dois órgãos foram incendiados. Houve tentativa de destruir também o prédio do Incra, onde funciona o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam).

 

Um servidor e um vigia permaneciam no prédio do Ibama no momento no momento do ataque e conseguiram sair sem ferimentos. Ninguém ficou ferido, mas servidores dos órgãos ambientais precisaram buscar abrigo em unidades das Forças Armadas.

 

Fotos e vídeos com os prédios e viaturas em chamas foram divulgados pelo jornalista Altino Machado em seus perfis nas redes sociais. Os vídeos mostram também  pessoas comemorando o ataque. De acordo com a publicação dele, os servidores dos órgãos ambientais estavam pedindo ajuda da Polícia Federal. Outro vídeo, veiculado pelo You Tube, mostra o protesto nas ruas da cidade.

 

Humaitá fica no Sul do Amazonas, uma região onde se acumulam agressões ao Meio Ambiente, que vão desde o desmatamento à extração ilegal de ouro. Esta semana, Ibama, ICMBio, Marinha, Exército e Força Nacional iniciaram a Operação Ouro Fino, para combater o garimpo no Rio Madeira, uma atividade que se espalha desde Porto Velho (RO) até Novo Aripuanã (AM), centenas de quilômetros rio abaixo.

 

Para o superintendente do Ibama no Amazonas, José Leland Juvêncio Barroso, milícias organizadas estão por trás do ataque. “É uma região de fronteira agrícola, onde o Ibama tem intensificado a fiscalização”, afirma Leland. “Veio gente de fora e financiou isso, para desestabilizar o estado”, sustenta.

 

De acordo com ele, 45 balsas já haviam sido apreendidas quando ocorreu o ataque. Elas estavam sendo desmontadas para evitar que voltassem a ser usadas pelos garimpeiros.

 

A coordenadora regional do ICMBio no Amazonas, Keuris Kelly Souza da Silva, havia deixado Humaitá pouco antes dos ataques. “Nós só estamos fazendo nosso trabalho”, afirmou por telefone. “É uma atividade (garimpo) ilegal, que sempre foi ilegal e continua ilegal, mas tem gente importante iludindo os garimpeiros, dizendo que vai ser regularizada”, afirmou por telefone.