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Possibilidade de aumento do IR sofre críticas; Planalto nega proposta

‘O Brasil não aguenta mais pagar impostos’, disse o presidente da Câmara. Segundo Fecomércio, ‘não há mais capacidade de se elevar impostos’.

Data: Quarta-feira, 09/08/2017 00:00
Fonte: G1.globo.com/jornal-nacional
 
 

Empresários, economistas, parlamentares e sindicalistas criticaram imediatamente a possibilidade de haver mais aumento de impostos para cobrir o déficit do governo.

 

Ao participar de um evento junto com o presidente Michel Temer na manhã desta terça-feira (8) em São Paulo, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, discursou contra o aumento de impostos.

 

“Acho que nós precisamos, no Brasil - e é o que eu tenho tentado fazer, fazia como deputado, mas como presidente da Câmara certamente a possibilidade de ser ouvido é muito maior - da clareza de que o Brasil não aguenta mais pagar impostos”, disse Rodrigo Maia.

 

Mais tarde, em Brasília, depois da confirmação de que o governo estuda um aumento do Imposto de Renda, Rodrigo Maia disse que a eventual proposta não seria aprovada. “Se tiver que passar pela Câmara, não passa", afirmou.

 

A possibilidade de aumento no Imposto de Renda foi criticada até por quem apoia o governo.

 

“Olha, até agora tudo ainda está no patamar da especulação, nada definitivo. E eu acho que aumentar imposto deve ser a última das soluções, quando não restar nenhuma outra”, disse o deputado Efraim Filho (DEM-PB).

 

A oposição diz que o governo estuda um jeito de fazer com que a classe média pague pelo rombo nas contas públicas.

 

“Nós não podemos querer privatizar os setores públicos do governo e estatizar o cidadão. Nós estamos estatizando todo cidadão com essa proposta de reajuste do Imposto de Renda que é prevista. Isso é para suavizar os escândalos e o déficit que vai ser maior que vem por aí”, afirmou o deputado Júlio Delgado (PSB-MG).

 

O Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal também criticou a possibilidade de uma nova alíquota para o Imposto de Renda. Diz a nota: “Já sabemos no colo de quem vai explodir a bomba: no do assalariado."

 

A Confederação Nacional da Indústria diz que o governo precisar é reduzir gastos.

 

“Senão nós não vamos achar uma equação que possa possibilitar o Brasil sair desse círculo que estamos vivendo, onde você aumenta a recessão, diminui a atividade econômica, diminui os salários, aumenta o desemprego, quer dizer, é uma agenda muito negativa”, disse o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.

 

Em São Paulo, como em outras capitais do país, a repercussão dos comentários sobre aumento de imposto nas entidades que representam empresários e trabalhadores também foi bastante negativa.

 

“A faixa que se visa é justamente aquela que geram investimentos, aquilo que o Brasil mais necessita nesse momento para sair da crise. E, portanto, nenhuma solução pode focar no aumento de impostos porque simplesmente não há mais capacidade de se elevar impostos no país”, disse Altamiro Carvalho, assessor econômico da Fecomércio-SP.

 

“Ao invés de atualizar e diminuir inclusive a cota do Imposto de Renda para o trabalhador, não só ocorre isso como querem aumentar em 35%. É tirar direito dos trabalhadores, é tirar dinheiro do bolso do trabalhador”, afirmou o presidente da União Geral dos Trabalhadores, Ricardo Patah.

 

Em nota, a CUT afirmou que as medidas de Michel Temer têm caráter de desespero de um governo incompetente e sem rumo.

 

OAB declarou que o governo não tem constrangimento em liberar emendas com o intuito de escapar de denúncias de corrupção, mas é lento em devolver à sociedade os benefícios relativos a uma das cargas tributárias mais altas do mundo.

 

Para Roberto Padovani, economista do banco Votorantim, o governo ficou sem opções e terá mesmo que aumentar impostos.

 

“Aumentar imposto não é uma boa história para o Brasil, ainda mais que temos uma carga tributária elevada, um sistema tributário complexo, mas no momento não há outra alternativa. O governo já conseguiu o máximo que poderia no corte de despesas e portanto ele tem que se focar agora em aumento de receitas”, disse.

 

O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, que se encontrou com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que eles não falaram especificamente sobre o Imposto de Renda, mas que Meirelles disse que não haverá aumento de imposto.    

 

“Está muito claro que a sociedade não aceita e não vai aceitar qualquer aumento de impostos. Qualquer aumento de imposto é aumento de imposto. Ele me garantiu que não terá aumento de impostos. Imposto de Renda é imposto também”, disse.

 

Planalto nega proposta de aumento do IR

Em Brasília, eram 19h07 quando a Presidência da República divulgou uma nota para anunciar que não vai encaminhar proposta de elevação de Imposto de Renda ao Congresso.

 

Segundo a nota, o presidente Michel Temer fez menção genérica a estudos da área econômica, que são permanentemente preparados, e que esses estudos têm como prioridade reduzir despesas e cortar gastos, na tentativa obstinada, segundo o governo, de evitar o aumento da carga tributária.