ARIPUANÃ, Quinta-feira, 18/04/2024 -

NOTÍCIA

Blairo: “Estrago na imagem do País ainda não foi dimensionado”

Ministro da Agricultura voltou a criticar operação da PF e diz que mercado exterior ficou difícil

Data: Domingo, 23/07/2017 00:00
Fonte: MÍDIA NEWS/ DOUGLAS TRIELLI
 

Alair Ribeiro/MidiaNews

 

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi: novas críticas à Operação Carne Fraca

 

 

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP), afirmou que a Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal em março, fez um “estrago” na imagem do País que ainda não foi possível ser superada.

 

O ministro disse que o trabalho feito ao longo dos últimos 30 anos foi “abalado” por conta da investigação.

 

A operação da PF investigava um esquema de venda de carnes com irregularidades possibilitada pela corrupção de fiscais federais. Uma segunda fase chegou a ser deflagrada em maio.

 

“O mercado de proteínas animais vive, neste momento, um dos períodos mais críticos já enfrentados nos últimos anos. O Brasil vinha, há uns 30 anos, tentando conquistar o mercado exterior. Isso foi abalado quando, no início do ano, ocorreu a Operação Carne Fraca”, disse.

 

A imagem do Brasil ficou ruim nesse processo. E não está sendo fácil contornarmos isso

 

“Aquilo foi um assunto que todos comemoraram porque foi resolvido rápido. Os mercados voltaram, hoje temos apenas um mercado que ainda não voltou. Mas o estrago que essa operação fez na imagem do Brasil é uma coisa que ainda não conseguimos dimensionar o tamanho”, afirmou.

 

Segundo Blairo, desde a operação, a venda de carne ao mercado exterior se complicou. Ele disse que a fiscalização, que anteriormente já era alta, dobrou.

 

“A partir do momento que nós mesmos, brasileiros, dissemos que estávamos comendo carne com papelão, carne com ácido que poderia ser cancerígeno, foi de uma infelicidade muito grande. A imagem do Brasil ficou ruim nesse processo. E não está sendo fácil contornarmos isso”, disse.

 

“Todos os países passaram a fazer uma fiscalização muito maior dos nossos produtos. Quando você verifica 100% de um determinado produto, na sua qualidade, postura e posicionamento enquanto mercadoria, vai acabar encontrando uma ou outra coisa e dificultando a venda”, afirmou.

 

Liberação de mercado

 

O ministro tem intensificado a conversa com os principais compradores da carne brasileira.

 

Na última semana, ele viajou para Washington, nos Estados Unidos, para discutir a retomada de exportações de carne fresca para o País.

 

No fim de junho, os americanos determinaram a suspensão de todas as importações de carne fresca do Brasil, devido a preocupações sobre a segurança dos produtos.

 

Foram 17 anos de negociações para que o Brasil conseguisse exportar carne fresca para os Estados Unidos, o que se concretizou em setembro do ano passado.

 

No total, 15 plantas frigoríficas exportavam carne in natura para os norte-americanos e acumularam, de janeiro a maio, US$ 49 milhões com esse comércio.

 

A operação

 

A 1ª fase da operação foi deflagrada no dia 17 de março e cumpriu 309 mandados judiciais em seis Estados e no Distrito Federal. A ação apurou o envolvimento de fiscais do Mapa em um esquema de liberação de licenças e fiscalização irregular de frigoríficos.

 

Em abril, o juiz federal Marcos Josegrei da Silva decidiu receber as cinco denúncias apresentadas pelo Ministério Público Federal (MPF), referentes à primeira fase da operação.

 

Das 60 pessoas denunciadas, o magistrado resolveu acolher denúncias contra 59. Com isso, elas passaram a ser consideradas rés nas ações penais que respondem junto à Justiça.

 

Já a segunda fase foi deflagrada em 31 de maio. Foram cumpridos três mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão preventiva, que é por tempo indeterminado, em Goiás. O principal alvo desta fase foi Francisco Carlos de Assis, ex-superintendente regional do Mapa no Estado alvo.

 

Em Mato Grosso, como consequência da operação, a JBS/Friboi - uma das empresas investigadas – chegou a dar férias a alguns funcionários.