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Ságuas acredita em "compra de votos" por Temer com emendas; Leitão rebate tese

Data: Quarta-feira, 05/07/2017 00:00
Fonte: Jacques Gosch/ RDnews
Foto: Reprodução
 
 

Integrante da oposição, o deputado federal Ságuas Moraes (PT) acredita nos rumores de que o governo federal está intensificando a liberação de emendas parlamentares para evitar que a Câmara dos Deputados autorize o Supremo Tribunal Federal (STF) a julgar se vai processar criminalmente o presidente da República, Michel Temer (PMDB). No entanto, evita fazer afirmações neste sentido.

 

“A verdade é que a base governista está dividida e os deputados federais que sobraram estão insatisfeitos. Por isso, são fortes os rumores que o Planalto está oferecendo R$ 10 milhões em emendas parlamentares para cada deputado que votar contra a autorização para o Supremo processar o presidente Temer. Não tenho como afirmar, mas se isso estiver acontecendo, a compra de votos está descarada”, declarou Ságuas.

 

Já o deputado federal Nilson Leitão (PSDB), que por enquanto segue na base de Temer, duvida que os rumores sejam verdadeiros. Afirma que o ministro da secretaria de Governo da Presidência da República, Antonio Imbassahy (PSDB-BA), responsável pela liberação de emendas, jamais utilizaria expedientes não republicanos.

 

“Não acredito que isso esteja acontecendo. Quem libera emendas é o ministro Imbassahy, que não tem esse tipo de prática. Sou próximo dele e nunca recebi esse tipo de proposta. A pressão pelo voto contra ou a favor do presidente Temer existe, mas é política”, pontua Leitão.

 

Ocorre que a liberação de emendas parlamentares é um dos mecanismos mais tradicionais que os governos utilizam para garantir a fidelidade da base aliada. Denunciado por corrupção passiva pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, após a delação da JBS, Temer precisa garantir que o apoio à autorização para o STF julgar se recebe a acusação criminal contra ele não chegue aos 342 votos necessários.

 

O Palácio do Planalto quer ver rejeitada a autorização do STF para apreciar a denúncia oferecida por Janot contra Temer em no máximo duas semanas. Isso porque não quer correr o risco de que novos fatos possam vir a desfavorecê-lo.

 

O governo aumentou os repasses de emendas em junho em relação aos meses anteriores. A maioria dos parlamentares de Mato Grosso foi contemplada. Para chegar a esses dados, os números foram comparados com os divulgados no início de junho, quando Valtenir estava entre os que mais recebiam emendas no país, veja valores só daquele mês no quadro abaixo. Até o ministro da Agricultura Blairo Maggi, que está licenciado do Senado, foi contemplado e é o que mais teve emendas liberadas. 

 

Mário Okamura

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Valor de emendas liberadas para os parlamentares de Mato Grosso só no mês de junho. Blairo está licenciado

 

Desde o início do ano, as emendas liberadas são para Valtenir Pereira (PSB) - R$ 17,1 milhões; Nilson Leitão (PSDB) – R$ 11,9 milhões; Carlos Bezerra (PMDB) – R$ 10,6 milhões; Fábio Garcia (PSB) – R$ 9,4 milhões; Adilton Sachett (PSB) – R$ 8 milhões; Ezequiel Fonseca (PP) – R$ 7,4 milhões; Ságuas Moraes (PT) – R$ 7,2 milhões; Victório Galli (PSC) – R$ 4,7 milhões. E no Senado são para Blairo Maggi (PP) – R$ 10,4 milhões; Wellington Fagundes (PR) – R$ 9,2 milhões; e José Medeiros (PSD) – R$ 7,9 milhões. O senador Cidinho Santos (PR) não apareceu na lista.

 

Erro da Reuters

O assunto veio à tona após reportagem da Reuters, contudo, o conteúdo estava errado e foi corrigido na noite de ontem. A informação era de que o governo federal havia liberado R$ 959 milhões em emendas nos primeiros cinco meses do ano e, em junho, teria subido para R$ 4,2 bilhões, contudo este último dado está errado, pois o repasse foi de R$ 529 milhões, mas o valor médio ainda é maior que o dos meses anteriores. O levantamento foi feito no sistema de gastos orçamentários do governo federal, o Siafi.