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NOTÍCIA

Polícia Civil interceptou telefones de ex-amante de secretário de MT e amiga dela em duas operações

Escutas foram feitas em 2015, em processos que tramitaram na 7ª Vara Criminal. Em ofício, juíza diz que em um dos casos, MP e Justiça podem ter sido 'induzidos ao erro'.

Data: Terça-feira, 30/05/2017 00:00
Fonte: G1 MT

Indícios de interceptações telefônicas irregulares no âmbito do setor de inteligência da Polícia Civil de Mato Grosso estão sendo apurados. Em documento encaminhado à Corregedoria Geral de Justiça (CGJ) na última quinta-feira (25), a juíza Selma Rosane dos Santos, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, diz ter localizado em dois processos os telefones de uma mulher, que, segundo a própria polícia, é ex-amante do ex-secretário de estado, Paulo Taques, e de uma amiga dela, que estava lotada na Casa Civil do estado, na gestão dele.

 

O telefone da ex-amante já havia sido grampeado no esquema de escutas clandestinas que vigorou no núcleo da Polícia Militar, tendo como alvos políticos, jornalistas, advogados e até um desembargador do Tribunal de Justiça, e que veio à tona nos últimos dias. Por meio de nota, as Corregedorias da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) e da Polícia Civil informaram nesta terça-feira (30) que instauraram procedimentos para apurar se houve irregularidades na interceptações.

 
 
Juíza Selma Arruda, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, diz que não proferiu decisões de interceptações solicitadas pela PM nos últimos anos (Foto: Lislaine dos Anjos/G1)

Juíza Selma Arruda, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, diz que não proferiu decisões de interceptações solicitadas pela PM nos últimos anos

(Foto: Lislaine dos Anjos/G1)

 

Indícios de interceptações telefônicas irregulares no âmbito do setor de inteligência da Polícia Civil de Mato Grosso estão sendo apurados. Em documento encaminhado à Corregedoria Geral de Justiça (CGJ) na última quinta-feira (25), a juíza Selma Rosane dos Santos, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, diz ter localizado em dois processos os telefones de uma mulher, que, segundo a própria polícia, é ex-amante do ex-secretário de estado, Paulo Taques, e de uma amiga dela, que estava lotada na Casa Civil do estado, na gestão dele.

 

O telefone da ex-amante já havia sido grampeado no esquema de escutas clandestinas que vigorou no núcleo da Polícia Militar, tendo como alvos políticos, jornalistas, advogados e até um desembargador do Tribunal de Justiça, e que veio à tona nos últimos dias. Por meio de nota, as Corregedorias da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) e da Polícia Civil informaram nesta terça-feira (30) que instauraram procedimentos para apurar se houve irregularidades na interceptações.

 

No ofício encaminhado à CGJ, a juíza Selma Arruda afirma que não proferiu nenhuma decisão, nos últimos anos, referente a interceptações telefônicas solicitadas pelo Núcleo de Inteligência da Polícia Militar. Porém, segundo ela, após a divulgação na mídia de alguns dos telefones que teriam sido grampeados clandestinamente, ela realizou buscas nos processos em que proferiu decisões de grampos e descobriu que dois constavam em ações que tramitaram na 7ª Vara.

 

Os telefones da ex-amante do secretário e da colega dela foram grampeados em duas operações distintas da Polícia Civil. A primeira dela, chamada de "Operação Forti", era comandada pela Diretoria de Inteligência da Polícia Civil, que apurava a prática de crime de organização criminosa por suspeitos ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC) e ao Comando Vermelho de Mato Grosso.

 

De acordo com a Sesp, essa operação ocorreu de 2 de fevereiro a 26 de maio de 2015. No ofício, a magistrada afirma que, ao solicitar a prorrogação dos grampos, a delegada Alana Cardoso, que na ocasião chefiava a investigação, incluiu nas representações os telefones da ex-amante - que no pedido aparece como "vulgo Dama Lora" - e da então funcionária da Casa Civil, identificada como "vulgo Amiguinha".

 

No relatório seguinte, porém, os analistas das interceptações telefônicas teriam solicitado a exclusão dos telefones e, conforme a magistrada, os áudios das duas supostas investigadas não foram enviados ao Juízo porque o relatório aponta que não houve conversas no período. O processo está em segredo de justiça, mas o andamento aponta que ele foi arquivado, posteriormente.