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NOTÍCIA

Reino Unido voltará às urnas no dia 8 de junho

Data: Quarta-feira, 19/04/2017 00:00
Fonte: AFP - Agence France-Presse

O Reino Unido celebrará eleições legislativas em 8 de junho, depois que o Parlamento britânico aprovou nesta quarta-feira a antecipação solicitada pela primeira-ministra Theresa May, que pretende reforçar sua posição para as negociações de 'divórcio' com a União Europeia (UE).

 

May precisava do apoio de pelo menos dois terços dos 650 deputados e conseguiu superar a meta com folga: 522 aprovaram a antecipação das eleições, originalmente previstas para 2020. Apenas 13 votaram contra a proposta.

 

Faltam apenas sete semanas para a votação e a campanha será curta, um alívio para os eleitores, que retornarão às urnas após três eleições muito importantes em menos de três anos: o referendo de independência da Escócia de setembro de 2014, as eleições gerais de maio de 2015 e o referendo sobre a UE de junho de 2016.

 

"Pedirei aos britânicos um mandato para completar o Brexit e fazer dele um sucesso", disse May no Parlamento.

 

A saída da União Europeia "não tem volta atrás", advertiu a primeira-ministra, que justificou o pedido para antecipar as eleições com a afirmação de que os inimigos do Brexit "tentam frustrar o processo".

 

A oposição concentrou suas críticas na mudança de opinião de May, que até semana passada negara de modo reiterado a possibilidade de antecipar as eleições, que para ela provocariam instabilidade. E agora afirma que não participará em debates durante a campanha.

 

- Pesquisas apontam grande vitória de May -

 

O Partido Conservador de May tem uma leve maioria absoluta na Câmara dos Comuns (330 dos 650 deputados) e as pesquisas apontam a possibilidade de aumentar este número consideravelmente. Na Câmara dos Lordes, no entanto, está em minoria e assim permanecerá depois de 8 de junho, porque os membros destas Casa são vitalícios e não são eleitos.

 

A antecipação recebeu o apoio de Jeremy Corbyn, líder do Partido Trabalhista, o principal da oposição. Mas a impopularidade de Corbyn pode resultar em uma catástrofe eleitoral histórica para os trabalhistas.

 

"Damos as boas-vindas às eleições porque darão a oportunidade ao povo britânico de escolher um governo trabalhista que cuide de seus interesses", disse Corbyn.

 

Sem um trabalhismo forte, os defensores da independência da Escócia e sua demanda por um novo referendo de secessão representam a grande ameaça interna a May.

 

A chefe do Governo regional escocês, Nicola Sturgeon, do Partido Nacional Escocês (SNP), advertiu no Parlamento britânico que sua vitória na região do norte - que distribui 59 cadeira - é essencial.

 

"Que ninguém se engane, se o SNP vencer estas eleições na Escócia e os conservadores não, desmoronaria a tentativa de Theresa May de bloquear nosso mandato para dar a Escócia uma votação sobre seu futuro", disse à imprensa.

 

De acordo com as pesquisas, os conservadores têm 20 pontos de vantagem sobre os trabalhistas e May quer aproveitar as eleições para ampliar sua maioria.

 

Segundo uma pesquisa publicada pelo jornal The Times, os conservadores poderiam ampliar sua vantagem a mais de 100 deputados.

 

Apesar do Parlamento ter apoiado a primeira-ministra em março, no início do processo de divórcio com a UE, May afirmou temer que os parlamentares pró-europeus fragilizem a posição de Londres nas negociações com Bruxelas, que começarão em junho.

 

"Há claramente o potencial de que se vote contra a lei que implemente a saída da UE e contra o acordo final com Bruxelas", explicou em uma entrevista ao jornal The Sun.

 

- "Esmagar os saboteadores" -

 

Paradoxalmente, a antecipação do pleito despertou as esperanças entre os pró-europeus, que consideram as eleições uma revalidação do referendo de 26 de junho de 2016.

 

Assim, o Partido Liberal-Democrata anunciou que vai concentrar a campanha na promessa de suavizar a saída da UE, enquanto o ex-primeiro-ministro trabalhista Tony Blair pediu que os eleitores deixem as filiações políticas de lado e votem nos candidatos pró-europeus.

 

"Se você quer evitar uma ruptura dura desastrosa com a UE. Se deseja que o Reino Unido continue no mercado único (...) esta é a sua oportunidade", disse o líder 'lib-dem' Tim Farron.

 

O jornal The Guardian afirma que com as eleições antecipadas May deseja mostrar que o Brexit é irreversível. Se conquistar a ampla maioria que espera, "varrerá as últimas esperanças de inverter a decisão 'aberrante' de junho passado".

 

No outro extremo, o Daily Mail, antieuropeu, considera certa a vitória com folga dos conservadores, ao mesmo tempo que pediu em sua primeira página para "esmagar os saboteadores" que são contrários ao Brexit.