O ministro da Casa Civil do Panamá, Álvaro Alemán, afirmou nesta sexta-feira (10) que não existe evidência de que alguma pessoa ou empresa vinculada à construtora brasileira Odebrecht tenha contribuído em dinheiro com a campanha que levou ao poder o atual presidente do país, Juan Carlos Varela.
"Não temos evidências (...) não temos indícios de que alguma dessas pessoas" que contribuiu com a campanha de Varela "esteja vinculada à empresa Odebrecht", disse Alemán em uma entrevista à emissora local "TVN".
Varela negou na quinta-feira que tenha recebido doações da Odebrecht, como denunciou seu ex-ministro-conselheiro e sócio do polêmico escritório de advocacia Mossack Fonseca, Ramón Fonseca Mora, horas antes de ser detido por seu suposto envolvimento no escândalo de corrupção da "Lava Jato".
O presidente, que esclareceu que as doações de campanha "não são propinas", anunciou que publicará a lista de seus colaboradores autenticada pelo Tribunal Eleitoral, o que segundo Alemán ocorrerá ainda hoje.
Nessa lista aparecerão "todas as doações" que Varela recebeu durante a campanha pela presidência do Panamá, com o "nome do doador e o montante, porque isso é o que exige a lei", disse Alemán.
"Estamos dando um passo além ao torná-las públicas", acrescentou o ministro, após lembrar que a legislação panamenha não o obriga a isso, e reiterou o pedido de Varela para que os demais candidatos presidenciais também revelem os nomes de seus contribuintes.
A Odebrecht carrega uma dívida cada vez maior desde que seu envolvimento nos crimes apurados na operação Lava Jato veio à tona. Em dezembro, o grupo brasileiro reconheceu a prática de suborno na América Latina.
A Odebrecht admitiu o pagamento de US$ 29 milhões a funcionários peruanos em troca de contratos para obras no país entre os anos de 2005 e 2014, segundo documentos do Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DoJ).
No período, a construtora participou de mais de 40 projetos no Peru, que envolveram cerca de US$ 12 bilhões em gastos públicos durante os governos de presidentes: Alejandro Toledo, Alan García e Ollanta Humala.
No relatório de administração da Odebrecht de 2016-2016, a empresa cita entre seus principais negócios obras dos projetos de Irrigação Olmos e Chavimochic, da Central Hidrelétrica Chaglla, da Vía de Evitamiento de Cusco e do Porto Matarani. A empresa também administra concessões de rodovias no Peru.
Depois dos brasileiros, os peruanos compõem a maior parte do quadro de trabalhadores da empresa. Dos 128 mil funcionários da empresa no grupo, cerca de 10 mil são peruanos.
Em acordo de leniência firmado com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, derivado das investigações da Lava Jato, a Odebrecht admitiu ter pago em propina US$ 788 milhões entre 2001 e 2016 e a Braskem, US$ 250 milhões entre 2006 e 2014, a funcionários do governo, representantes desses funcionários e partidos políticos do Brasil e de outros 11 países. Para o órgão dos EUA, é o "maior caso de suborno internacional na história".
A construtora brasileira pagou propina para garantir contratos em mais de 100 projetos em Angola, Argentina, Brasil, Colômbia, República Dominicana, Equador, Guatemala, México, Moçambique, Panamá, Peru e Venezuela, segundo o Departamento de Justiça dos EUA.