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Ministro diz que 'não há evidências' de doações da Odebrecht no Panamá

Presidente do país negou na quinta-feira que tenha recebido doações da Odebrecht, como denunciou seu ex-ministro-conselheiro horas antes de ser detido.

Data: Sexta-feira, 10/02/2017 00:00
Fonte: Por Agencia EFE
 
 

O ministro da Casa Civil do Panamá, Álvaro Alemán, afirmou nesta sexta-feira (10) que não existe evidência de que alguma pessoa ou empresa vinculada à construtora brasileira Odebrecht tenha contribuído em dinheiro com a campanha que levou ao poder o atual presidente do país, Juan Carlos Varela.

 

"Não temos evidências (...) não temos indícios de que alguma dessas pessoas" que contribuiu com a campanha de Varela "esteja vinculada à empresa Odebrecht", disse Alemán em uma entrevista à emissora local "TVN".

 

Varela negou na quinta-feira que tenha recebido doações da Odebrecht, como denunciou seu ex-ministro-conselheiro e sócio do polêmico escritório de advocacia Mossack Fonseca, Ramón Fonseca Mora, horas antes de ser detido por seu suposto envolvimento no escândalo de corrupção da "Lava Jato".

 

O presidente, que esclareceu que as doações de campanha "não são propinas", anunciou que publicará a lista de seus colaboradores autenticada pelo Tribunal Eleitoral, o que segundo Alemán ocorrerá ainda hoje.

 

Nessa lista aparecerão "todas as doações" que Varela recebeu durante a campanha pela presidência do Panamá, com o "nome do doador e o montante, porque isso é o que exige a lei", disse Alemán.

 

"Estamos dando um passo além ao torná-las públicas", acrescentou o ministro, após lembrar que a legislação panamenha não o obriga a isso, e reiterou o pedido de Varela para que os demais candidatos presidenciais também revelem os nomes de seus contribuintes.

 

Suborno na América Latina

 

A Odebrecht carrega uma dívida cada vez maior desde que seu envolvimento nos crimes apurados na operação Lava Jato veio à tona. Em dezembro, o grupo brasileiro reconheceu a prática de suborno na América Latina.

 

A Odebrecht admitiu o pagamento de US$ 29 milhões a funcionários peruanos em troca de contratos para obras no país entre os anos de 2005 e 2014, segundo documentos do Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DoJ).

 

No período, a construtora participou de mais de 40 projetos no Peru, que envolveram cerca de US$ 12 bilhões em gastos públicos durante os governos de presidentes: Alejandro Toledo, Alan García e Ollanta Humala.

 

No relatório de administração da Odebrecht de 2016-2016, a empresa cita entre seus principais negócios obras dos projetos de Irrigação Olmos e Chavimochic, da Central Hidrelétrica Chaglla, da Vía de Evitamiento de Cusco e do Porto Matarani. A empresa também administra concessões de rodovias no Peru.

 

Depois dos brasileiros, os peruanos compõem a maior parte do quadro de trabalhadores da empresa. Dos 128 mil funcionários da empresa no grupo, cerca de 10 mil são peruanos.

 

Propina em 12 países

 

Em acordo de leniência firmado com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, derivado das investigações da Lava Jato, a Odebrecht admitiu ter pago em propina US$ 788 milhões entre 2001 e 2016 e a Braskem, US$ 250 milhões entre 2006 e 2014, a funcionários do governo, representantes desses funcionários e partidos políticos do Brasil e de outros 11 países. Para o órgão dos EUA, é o "maior caso de suborno internacional na história".

 

A construtora brasileira pagou propina para garantir contratos em mais de 100 projetos em Angola, Argentina, Brasil, Colômbia, República Dominicana, Equador, Guatemala, México, Moçambique, Panamá, Peru e Venezuela, segundo o Departamento de Justiça dos EUA.