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Família confirma que jovem sofria de depressão, diz delegado

Mãe, padrasto e tio de Ariadne Wojcik foram ouvidos na sexta-feira

Data: Quarta-feira, 16/11/2016 12:54
Fonte: MÍDIA NEWS/ THAIZA ASSUNÇÃO
 

Reprodução/Ciopaer

 

Inquérito sobre morte de bacharel em Direito, Ariadne Wojcik será concluído em 30 dias

A mãe, o padrasto e o tio da bacharel em Direito Ariadne Wojcik, de 25 anos – encontrada morta no Mirante de Chapada dos Guimarães (65 km de Cuiabá) - confirmaram, em depoimento a Polícia Civil que a jovem sofria de depressão.

A informação foi dada pelo delegado que investiga o caso, Diego Alex Martimiano. Ele ouviu os familiares da jovem, na última sexta-feira (11).

Ao MidiaNews, o Martimiano disse, porém,  que não dará detalhes das declarações em respeito à família.

Ariadne foi encontrada morta na última quarta-feira (9), após fazer um post no Facebook denunciando o professor e procurador do Distrito Federal, Rafael Santos de Barros e Silva, por assédio durante um estágio no escritório de advocacia dele, em Brasília.

A principal suspeita da Polícia Civil é de que ela tenha cometido suicídio.

Estou aguardando também o resultado do exame de necropsia, bem como das perícias do computador e celular dela, para concluir as investigações

A primeira informação de que a jovem sofria de depressão foi repassada ao delegado por um psiquiatra de Brasília. Ele disse que Ariadne o procurou antes de se mudar para Cuiabá, mas recusou fazer tratamento com medicação.

Conforme o delegado, outras pessoas ainda serão ouvidas sobre a morte da jovem antes da conclusão do inquérito policial. Entre elas, o procurador Rafael Silva. Ele deve ser ouvido por carta precatória, ou seja, prestará depoimento em Brasília e o documento será enviado para a delegacia.

“Estou aguardando também o resultado do exame de necropsia, bem como das perícias do computador e celular dela. Estou sem resultado de nada, ainda”, informou Martimiano.

Conforme o delegado, a previsão é de que o inquérito seja encerrado em até 30 dias.

Suposto assédio

Já sobre o suposto assédio que a jovem teria sofrido, o delegado afirmou que já enviou todas as informações ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), que  vai avaliar se existem elementos ou não para possível abertura de um inquérito contra o procurador Rafael Silva.

Conforme Martiniano, o objetivo da Polícia Civil de Mato Grosso é concluir as investigações sobre a morte da jovem.

Segundo ele, qualquer informação sobre o suposto assédio será repassada a Brasília, já que o possível crime teria ocorrido lá.

O caso

Conforme a Polícia Civil, a bacharel em Direito - que havia sido nomeada para um cargo comissionado no Tribunal de Justiça de Mato Grosso - chegou ao mirante em um táxi.

A principal tese é de que ela tenha se jogado de um ponto mais alto do mirante e morrido na queda. 

Antes de desaparecer, a jovem denunciou o suposto assédio no Facebook. A publicação já foi deletada.

No post, ela contou que o suposto assédio começou quando ela estagiava no escritório de advocacia do professor em Brasília.

“Comecei no estágio novo super empolgada, eu achava aquele professor o máximo, extremamente inteligente, detalhista, perspicaz, minucioso, brilhante. Como poderia ser ruim? Até que as coisas começaram a ficar esquisitas, vários presentes injustificados, mensagens por WhatsApp totalmente fora do contexto do trabalho (P.ex: "sou seu fã", ou "você é demais") e fora de hora, muitas, muitas, muitas, perguntas de cunho pessoal. Na época eu desconfiava, mas pensava: acho que não, ele é professor da UnB, me deu 1 ano de aula, é procurador do DF, tem um currículo e uma reputação impecável, é casado, ele não faria isso”, escreveu.

“As coisas ficaram muito estranhas quando ele demonstrava que sabia todos os lugares onde eu ia, sabia o teor das minhas conversas por WhatsApp, com quem eu falava, sabia as páginas que eu acessava no meu computador pessoal”, relatou.

Na mensagem, Ariadne comentou que mesmo pedindo demissão - e conseguindo um emprego no Tribunal de Justiça de Mato Grosso, em Cuiabá, sua terra natal -, as perseguições teriam continuado.

“Eu achava que aqui, em Cuiabá, no emprego novo, na vida nova, eu estaria a salvo da perseguição dele, mas ele nunca desiste, nunca”, contou.

No fim, ela afirmou que estava “exausta” e que não tinha mais forças para se desvencilhar das "artimanhas" do agressor

“Que na próxima reencarnação eu possa fazer uso de todo aprendizado que tudo isso me trouxe, mesmo com tanta dor e sofrimento. Essa vida eu já não posso mais suportar, que Deus me perdoe e me entenda, mas ele já sabia, ele sempre sabe”, pontuou.