ARIPUANÃ, Quinta-feira, 28/03/2024 -

NOTÍCIA

Nadaf confessa que lucrou R$ 500 mil no esquema da Seven

Ele disse que grupo precisa pagar dívidas do ex-governador Silval Barbosa

Data: Quinta-feira, 29/09/2016 00:00
Fonte: MÍDIA NEWS/ LUCAS RODRIGUES E THAÍZA ASSUNÇÃO
 

Marcus Mesquita/MidiaNews

 

O ex-secretário de Estado Pedro Nadaf: mais uma confissão


O ex-secretário de Estado de Indústria, Comércio, Minas, Energia e Casa Civil, Pedro Nadaf, confessou ter participado de mais um esquema ocorrido na gestão do ex-governador Silval Barbosa (PMDB).

 

Desta vez, em interrogatório ocorrido no Fórum da Capital nesta quarta-feira (28), ele admitiu que participou das tratativas que teriam desviado R$ 7 milhões dos cofres do Estado, por meio da compra de uma área de terra na região do Manso, de forma superfaturada, do médico Filinto Corrêa da Costa.

 

A área, segundo as investigações, já pertencia ao Estado e foi adquirida em duplicidade e o dinheiro foi repartido entre os membros do grupo.

 

"A denúncia é verdadeira, pelos fatos que eu tenho conhecimento. Porque nem todos os fatos do processo eu tenho conhecimento, apesar da imputação a minha pessoa".

 

"Como eu já coloquei em outros processos, nós tinhamos a necessidade de arcar com as despesas do grupo politico do governador Silval Barbosa e foi nos sugerido a desapropriação dessa área. O procurador Chico Lima, que era lotado na Casa Civil, nos trouxe essa sugestão", disse.

 

Nadaf confessou que lucrou R$ 500 mil nas tratativas e se comprometeu a devolver o valor aos cofres públicos.

 

Eu fiquei com R$ 500 mil e o Afonso também, R$ 150 mil foi para o Buffet Leila Maluf. Uma parte para o grupo do jornalista Milas, parece que tem uma destinação para o Marcel também. O resto eu não sei porque foi o Chico Lima quem negociou toda a situação

 

A audiência é conduzida pela juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital.

 

Nadaf já havia confessado, em ocasiões anteriores, sua participação no esquema investigado nas primeiras fases da Operação Sodoma: a exigência de propina de empresários em troca da concessão de incentivos fiscais e contratos com o Estado.

 

Confira como foi a audiência:

 

Nadaf confessa (atualizado às 17h12)

 

No início do interrogatório, Pedro Nadaf confessou que a denúncia do Ministério Público Estadual (MPE) é procedente e que integrou a organização criminosa.

 

"A denúncia é verdadeira, pelos fatos que eu tenho conhecimento. Porque nem todos os fatos do processo eu tenho conhecimento, apesar da imputação a minha pessoa. Como eu já coloquei em outros processos, nós tinhamos a necessidade de arcar com as despesas do grupo politico do governador Silval Barbosa, e nos foi sugerido a desapropriação dessa area. O procurador Chico Lima, que era lotado na Casa Civil, nos trouxe essa sugestão".

                     
"Ele (Chico Lima) disse que tinha uma área, que o processo era legal, e o Estado tinha a necessidade para desapropriação da área para a complementação do parque. E disse que faltava o remanescente dessa área, que era legal essa desapropriação".

 

Dívida de campanha (atualizado às 17h18)

 

A juíza Selma Arruda perguntou se Nadaf sabia qual era a relação do procurador aposentado Chico Lima com o médico Filinto Corrêa.

 

"Eu não sabia na época, mas depois tive conhecimento que era cunhado dele".   

 

O ex-secretário disse que conversou sobre a questão da área de terra com o ex-governador, na época.                     

 

"O Silval deu o sinal verde e pediu para que eu chamasse o Afonso [Dalberto, ex-Intermat] para fazer a desapropriação".  

 

Selma Arruda questionou qual era o grupo político que teria engendrado o esquema e qual a finalidade dos desvios.      

 

"Era o grupo que ele [Silval] liderava dentro do governo: eu, o Marcel [de Cursi], o Arnaldo [Alves], Chico Lima. E o Afonso veio nessa questão da desapropriação".                        

 

"Era uma dívida particular política do Silval".   

 

Reunião com membros (atualizado às 17h29)

 

Nadaf disse que conversou com Afonso Dalberto e, posteriormente, com Silval Barbosa, que determinou a desapropriação.                        

 

"O Afonso colocou que não havia recurso para fazer tal desapropriação. Então eu levei a demanda para o governador. Foi feita uma reunião com Silval, Arnaldo, eu, e o Afonso, aonde o governador disse ao Afonso que ia ser desapropriado essa área. E que eu e o Marcel levantaríamos esse recurso de R$ 7 milhões, o Francisco Lima legalizaria a situação, o Intermat desapropriaria, e o Arnaldo faria a abertura do orçamento".

 

Segundo o ex-secretário, o valor da dívida de Silval Barbosa era de R$ 1,5 milhão. "De propina limpa foram R$ 3,5 milhões".     

 

Selma Arruda perguntou como o dinheiro da propina foi dividido.                  
                  
"Eu fiquei com R$ 500 mil e o Afonso também, R$ 150 mil foi para o Buffet Leila Maluf. Uma parte para o grupo do jornalista Milas, parece que tem uma destinação para o Marcel também. O resto eu não sei porque foi o Chico Lima quem negociou toda a situação".

 

Nadaf diz para a magistrada que irá devolver aos cofres públicos o dinheiro de propina que recebeu nesse processo.   

 

Ex-secretário nega ter pago Dalberto (atualizada às 17h41)

 

O promotor de Justiça Marcos Bulhões indagou se Nadaf teve conhecimento sobre o trâmite do processo na Sema. Ele respondeu que não.

 

Bulhões também questionou se o ex-secretário Arnaldo Alves tinha conhecimento do esquema. "Tinha, como também sabia a destinação"                        

 

Selma Arruda pergunta se Nadaf sabia da participação do ex-secretário adjunto Wilson Taques e do servidor Claudio Takayuki. Ele responde que não.

 

Sobre o ex-secretário adjunto de Administração, José Jesus Cordeiro, Nadaf disse que só soube da participação dele "depois da operação".

 

A defesa de Afonso Dalberto pergunta a Nadaf como ele sabia que o ex-presidente do Intermat recebeu a propina de R$ 500 mil. "Por meio das declarações dele", disse Nadaf.

 

Os advogados insistiram e questionaram se Nadaf sabia quem havia entregado a propina para Afonso. "Talvez o Chico Lima", declarou Nadaf.

 

O depoimento foi encerrado.