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NOTÍCIA

Etíope destrói recorde mundial dos 10.000m e leva 1º ouro do atletismo

Almaz Ayana crava 29m17s45. Tirunesh Dibaba volta aos Jogos com bronze

Data: Sexta-feira, 12/08/2016 00:00
Fonte: Por Amanda Kestelman, Gustavo Rotstein e Helena Rebello/ Globo Esporte
 
 

Foi apenas a segunda vez na vida que Almaz Ayana correu os 10.000m. O curioso é que, mesmo sendo praticamente uma estreante, a etíope entrou na prova como favorita. E não decepcionou. Longe disso. Na primeira disputa de medalhas no Estádio Olímpico do Rio, assumiu a liderança na metade a prova e simplesmente destroçou o recorde mundial da distância. Com a marca de 29m17s45, mais de 14 segundos mais baixa do que a anterior, a atleta de 24 anos tomou a coroa da compatriota Tirunesh Dibaba, que levou a medalha de bronze com o melhor tempo da vida (29m42s56). A prata ficou com a queniana Vivian Cheruyot (29m32s53).

 

Almaz Ayana, da Etiópia, vence 10.000 metros e bate recorde mundial (Foto: REUTERS)
Almaz Ayana posa em frente ao placar eletrônico com a nova marca: etíope destruiu recorde anterior (Foto: REUTERS)
 

A prova teve um nível tão forte que até a quarta colocada, a queniana Alice Aprot Nawowuna, que liderou a primeira metade do evento, fez um tempo mais baixo do que o recorde olímpico vigente até então, estabelecido por Tirunesh em Pequim 2008 (29m54s66). O recorde mundial anterior era ainda mais antigo. Havia sido estabelecido pela chinesa Junxia Wang em 1993: 29m31s7. Ao todo, das 35 atletas que cruzaram a linha de chegada, 18 quebraram recordes nacionais ou ao menos estabeleceram as melhores marcas da carreira.

 

Atual campeã mundial dos 5.000m, Ayana optou por tentar a dobradinha e acrescentou a prova de pista mais longa à agenda olímpica. Nas seletivas etíopes, estreou nos 10.000m e impressionou. Assumiu a liderança do ranking mundial em 2016 e colocou-se como principal candidata a medalha. Acostumada a uma prova de muito mais intensidade, apertou o passo assim que pisou na pista azul do Engenhão.

 

Nawowuna liderou toda a primeira metade, com Ayana sempre em segundo. Ao cumprir os 5.000m, a etíope disparou e começou a ultrapassar retardatárias. Em duas voltas já tinha quase 100m de vantagem para a adversária pelo ouro e conseguiu manter a margem sem ser ameaçada. Deu ainda mais voltas nas retardatárias e manteve o ímpeto quando o sino anunciou a volta final e a torcida gritou em apoio.

 

Almaz Ayana, da Etiópia, vence 10.000 metros e bate recorde mundial (Foto: AP)
Almaz Ayana, da Etiópia, vence os 10.000m e bate recorde mundial (Foto: AP)
 

Tirunesh, bicampeã olímpica da prova e que retorna às grandes competições após afastar-se por dois anos do esporte para ser mãe, teve um desempenho espetacular para uma veterana de 30 anos. Manteve-se no pelotão principal, em sétimo na maior parte do tempo. Só arrancou rumo ao pódio no fim. 

 

Única representante do Brasil na prova, Tatiele Carvalho correu no segundo pelotão por boa parte da prova, mas ficou para trás no último terço e cruzou a linha de chegada em 31º lugar, com o tempo de 32m38s21.

 

- Foi lucro para mim. Sabia que a prova seria muito forte. Mas minha medalha eu levo para casa, que foi representar o Brasil. Posso dizer para meus filhos e meus netos que vi esse feito histórico. É tempo de homem fazer. Ela conseguiu, está na melhor fase. Minha meta era ficar entre as 10, mas quando no quilômetro 5 eu tomei volta eu pensei que ou estava muito mal ou elas estavam muito bem. Eu passei muito forte e vi que elas estavam muito bem. Tomei as voltas, mas não saio triste. Saio super realizada por estar nos Jogos - disse a brasileira.

 

GEISA VAI À FINAL DO ARREMESSO DE PESO

A brasileira com mais motivos para comemorar na manhã desta sexta-feira foi Geisa Arcanjo. Com apenas a 38ª marca do mundo na temporada (17,92m), a brasileira alcançou sua melhor performance logo na primeira tentativa do arremesso do peso. Os 18,27m que cravou a deixaram na sétima posição. A disputa de medalha terá 12 atletas e será na sessão noturna desta sexta.

 

geisa arcanjo, arremesso do peso (Foto: FRANCK FIFE / AFP)
Geisa Arcanjo passa em sétimo lugar para a final feminina do arremesso do peso (Foto: FRANCK FIFE / AFP)
 

- Estou muito feliz de mais uma vez levar o meu país, que não tem tradição nessas provas, a uma final. Nunca sai de um estádio e fui tão aplaudida. Eu acredito que as pessoas muitas vezes não saibam a dimensão de estar numa final olímpica. Foi dar um tchau e ser aplaudida. De noite o público vai ser ainda mais caloroso, e isso incentiva. Dá ainda mais vontade de dar orgulho para eles - disse Geisa, que espera manter-se entre as oito melhores na decisão.

 

Kleberson Davide (Brasil) na estreia no atletismo; Olimpíada (Foto: REUTERS)
Kleberson termina em quarto lugar mas avança por tempo (Foto: REUTERS)
 

Favorita ao tricampeonato, a neozelandesa Valerie Adams passou em primeiro lugar geral com 19,74m, marca alcançada em uma única tentativa. A alemã Christina Schwanitz e a americana Michelle Carter foram as outras duas atletas a ultrapassarem a barreira dos 19m na sessão matinal.

 

Nos 800m masculino, Kleberson Davide avançou à semifinal. Na primeira das sete baterias, o brasileiro ficou em quarto lugar em com 1m46s14. Como foi uma prova forte, ele acabou entrando por tempo. Lutimar Paes não teve a mesma sorte. Fez apenas 1m48s38 e foi eliminado.

 

- Esperava um resultado melhor, correr abaixo de 1m46s. Me atrapalhei nos 500m, fiquei brigando por posição onde não era lugar de brigar – avaliou Kleberson, antes de ter a certeza sobre sua classificação.