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NOTÍCIA

Assessor de Teori que assinou petição de apoio a Lula pede demissão

Manoel Volkmer de Castilho trabalhava no gabinete do relator da Lava Jato. Abaixo-assinado de apoio ao ex-presidente reuniu mais de 350 assinaturas.

Data: Terça-feira, 02/08/2016 00:00
Fonte: Mariana Oliveira Da TV Globo, em Brasília
 
 
O ministro Teori Zavascki durante sessão no Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília (Foto: Nelson Jr./SCO/STF)
Relator da Lava Jato no STF, Teori Zavascki aceitou o pedido de demissão do assessor que assinou manifesto pró-Lula (Foto: Nelson Jr./SCO/STF)
 

O ministro Teori Zavascki, relator dos processos da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), informou nesta terça-feira (2) que seu assessor técnico Manoel Volkmer de Castilho – que assinou na véspera uma petição de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – pediu exoneração do cargo. Teori afirmou que aceitou o pedido de demissão do assessor.



Castilho, que é marido da vice-procuradora-geral da República, Ela Wiecko, assinou o abaixo-assinado que diz que Lula sofre "ataques preconceituosos e discriminatórios". No documento, juristas defendem o direito de o petista recorrer ao Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) contra a atuação do juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância.

 

Na última quinta (28), a defesa de Lula protocolou uma petição no comitê da ONU na qual denunciou uma suposta "falta de imparcialidade" e "abuso de poder" de Moro e dos procuradores da República que atuam na Operação Lava Jato.

 

LEIA A ÍNTEGRA DA PETIÇÃO DE LULA

No Supremo, o ex-presidente é alvo de um pedido da Procuradoria Geral da República para ser incluído no principal inquérito da Lava Jato, o que apura se existiu uma quadrilha para fraudar a Petrobras.



Em entrevista concedida nesta terça-feira, Teori Zavascki elogiou o assessor que pediu demissão. Segundo o magistrado, Castilho é uma "excelente profissional", mas, para evitar "constrangimento", o assessor pediu exoneração. Na avaliação do ministro, a permanência do funcionário em seu gabinete poderia gerar "leituras incompatíveis".



"Um excelente profissional, uma excelente pessoa. Foi juiz do Tribunal Regional Federal, juiz federal. Depois que se aposentou, trabalhou com a ministra Ellen [Gracie], trabalhou com o ministro Gilson Dipp no Conselho Nacional de Justiça, trabalhou comigo em um período anterior e, agora, voltou" disse Teori antes de ingressar na sessão da Segunda Turma do STF, que julga os processos e recursos da Lava Jato.

 

"[Castilho] é uma figura fora de série, um profissional de altíssimo nível. Eu compreendo as razões pelas quais ele assinou esse manifesto. Ele foi consultor-geral da União, mas, para evitar constrangimento, tomou a iniciativa de pedir exoneração do cargo e eu aceitei", complementou o ministro do Supremo.



Teori Zavascki ressaltou à imprensa que, em seu gabinete, Manoel Volkmer de Castilho não atuava na área criminal nem nos processos relacionados à Lava Jato.



"Exercia no meu gabinete um papel importantíssimo que era de coordenar uma área que não era criminal. Para todos os efeitos, o importante não é só ser, mas parecer", enfatizou.

 

'Cada macaco no seu galho'
Teori Zavascki não quis comentar o recurso apresentado por Lula, na semana passada, ao comitê da ONU. O magistrado ironizou o questionamento dos jornalistas sobre o assunto, afirmando que já tem "problemas para resolver".

 

O relator da Lava Jato disse que seria "impertinente" ele se manifestar sobre a iniciativa da defesa de Lula.



"Esse assunto não é comigo. Eu já tenho problemas para resolver. Vou resolver os meus problemas. [...] Eu não vou me manifestar sobre esse assunto porque realmente acho que é impertinente eu me manifestar. Eu vou continuar seguindo meu modelo de trabalho. Vou procurar resolver os problemas de maneira muito clara. [...] Agora, sobre outros assuntos, eu prefiro não me manifestar porque cada macaco no seu galho."