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NOTÍCIA

Empresa de Eike pagou propina a Cunha, diz jornal

Ex-vice-presidente da Caixa, Fábio Cleto relatou acerto para liberar recursos de fundo do FGTS

Data: Quarta-feira, 29/06/2016 00:00
Fonte: DO R7

A empresa LLX, do empresário Eike Batista, pagou propina ao presidente da Câmara afastado, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e ao ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal Fábio Cleto em troca de dinheiro do fundo de investimento do FGTS — o FI-FGTS.

 

A informação está em delação premiada do próprio Cleto, já chancelada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), e divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo nesta quarta-feira (29). A delação premiada de Cleto está sob sigilo.

 

 

O ex-vice da Caixa fazia parte do conselho do FI-FGTS e tinha voto para a liberação de dinheiro para empresas. Cleto era afilhado político de Cunha na vice-presidência da Caixa e só decidiu pela delação premiada após ser alvo de mandado de busca e apreensão, em dezembro de 2015, na Lava Jato.

 

 

O pagamento da propina teve como contrapartida a compra de debêntures (um título de dívida emitido por uma empresa privada) da LLX, responsável pela logística do grupo de Eike, no valor de R$ 750 milhões.

 

Vale lembrar que Eike já foi considerado o homem mais rico do Brasil. Tanto Cunha como Eike negam as irregularidades, informa o jornal.

 

Os títulos de dívida (debêntures) da LLX foram comprados pelo fundo de investimentos do FGTS em 2012, que, em troca, liberou a grana para o grupo de Eike construir um porto.

 

O ex-vice da Caixa disse não ter tratado diretamente com Eike sobre o repasse, mas fontes próximas a ele ouvidas pelo jornal indicaram que ele recebeu R$ 240 mil da LLX.

 

Cunha também recebeu propina, segundo Cleto, mas ele não soube informar a quantia por não ter participado da operação. O operador de Eduardo Cunha era o corretor de valores Lúcio Bolonha Funaro, aliado do presidente da Câmara afastado.

 

O próprio Cunha, segundo Cleto, cobrava os repasses. O ex-vice da Caixa disse aos investigadores que apenas se reunia com integrantes das empresas para tratar das questões técnicas do projeto e a liberação da grana do fundo de investimento do FGTS. No entanto, disse, não conversava com os empresários sobre os pagamentos de propina. 

 

O ex-dirigente da Caixa Econômica Federal informou ainda que os repasses de propina eram feitos via contas em outros países, como no Uruguai por exemplo.

 

Via assessoria de imprensa, Cunha disse que "desconhece a delação" de Cleto e foi categórico: "Desminto a afirmação e o desafio a provar".

 

Já a defesa de Eike disse ao jornal que o empresário "repele categoricamente" as acusações e que não há indícios de ligaçoes do empresário com repasses de propina.

 

Também sob nota, Funaro disse não ter "conhecimento da delação nem dos fatos narrados na mesma". Afirmou ainda que "está à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos".