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NOTÍCIA

Maior presídio do país tem favela e área chamada “minha cela, minha vida”

Data: Sábado, 11/06/2016 00:00
Fonte: Por Leandro Almeida Almeida/ MÍDIA BAHIA

PRESOS - MCMV

 

Uma visita feita por dois juizes e outros dois advogados da Corte Interamericana de Direitos Humanos ao Complexo do Curado, que abriga mais de 7 mil detentos em uma área com capacidade para 1.800 pessoas, constatou que a unidade penitenciária tem uma favela dentro do pátio, com setores VIPs conhecidos como “Minha cela, minha vida”.

 

De acordo com a reportagem da jornalista Fabíola Ortiz para o site BBC Brasil, a área exclusiva da cadeia é destinada aos presos mais próximos do comando do narcotráfico local, o que os possibilita o pagamento pelo “aluguel” da cela especial. A vaga VIP custa R$ 120 por semana, para “viver” em uma área que consiste em favelas construídas dentro dos pátios das três unidades prisionais.

 

O Complexo do Curado é o maior presídio do Brasil e fica a 7 km do centro do Recife, capital pernambucana. O local possui apenas 300 agentes penitenciários para controlar os três setores. A unidade coleciona denúncias de violação de direitos humanos e, de acordo com especialistas, coloca em risco milhares de pessoas que moram nas proximidades.

 

pesquisador da ONG Justiça Global, Guilherme Pontes, que acompanhou a visita dos juízes da Corte, em 8 de junho, diz que “O Curado é um presídio muito particular, as situações são extremas ali. A parte apelidada de ‘Minha cela, minha vida’ seria a área VIP. São barracos de celas autoconstruídos de madeira e alvenaria, uma espécie de favelinha dentro do complexo prisional com becos, barracos de dois andares. Estar lá foi, de fato, impressionante, muito inusitado”, contou à reportagem da BBC.

 

Já a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco informou, em nota, à BBC Brasil que, na visita, foram mostrados planos de urgência e emergência realizados nas três unidades relacionados à saúde, segurança e garantia dos direitos humanos.

 

Além de todos os problemas, os presos do Curado armazenam centenas de armas dentro dos pavilhões. Em 2016, mais de mil facões foram recolhidos. E a estimativa é que hoje eles tenham em poder cerca de 30 armas de fogo.