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NOTÍCIA

Machado diz que desviou mais de R$70 milhões pra cúpula do PMDB

O ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado diz em delação premiada que entregou mais de R$70 milhões de propina para a cúpula do PMDB.

Data: Domingo, 05/06/2016 00:00
Fonte: G1.globo.com/jornal-nacional

 

 
 

 

O ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, voltou a provocar turbulência no mundo político. Em delação premiada, disse que distribuiu mais de R$70 milhões em propinas em contratos da estatal para a cúpula do PMDB.

 

Sérgio Machado foi presidente da Transpetro por 12 anos. Entrou em 2003, no governo Lula, e saiu no ano passado, no governo Dilma - quando a operação Lava Jato já tinha começado.
Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal homologou a delação premiada de Machado.
Nos depoimentos ele deu detalhes da distribuição de propina pra políticos do PMDB.

 

As informações foram divulgadas pelo jornal O Globo e confirmadas pela TV Globo.

 

Machado disse que repassou para o senador Renan Calheiros R$30 milhões. Pro senador Romero Jucá, aproximadamente 20 milhões. E pro ex-presidente José Sarney também cerca de R$20 milhões. Contou ainda que abasteceu as contas dos senadores Edson Lobão e Jáder Barbalho.

 

O ex-presidente da Transpetro falou que arrecadava e repassava a propina porque achava que esta era a missão dele. Garantir retorno financeiro ao grupo político responsável pela sustentação dele à frente da empresa.

 

O padrinho político de Machado foi Renan Calheiros.

 

Nos depoimentos, Sergio Machado contou que o dinheiro passava por várias pessoas até chegar aos políticos, que em algumas ocasiões era entregue diretamente aos interessados. E que os repasses eram para campanhas eleitorais e para pagar despesas pessoais. Disse também que ajudava a administrar dinheiro em contas bancárias secretas fora do Brasil.

 

O dinheiro era desviado de contratos firmados entre a Transpetro e grandes empresas.

 

Um esquema que, segundo próprio Machado, existiu durante os 12 anos em que ele comandou a empresa - que é a maior transportadora de combustíveis do país.

 

A delação traz também horas de conversas gravadas por Machado. Na semana passada a TV Globo mostrou áudios dele com os senadores Renan Calheiros, Romero Jucá e o ex-presidente José Sarney, discutindo meios pra barrar a operação Lava Jato. Depois da divulgação das conversas, Romero Jucá foi exonerado do Ministério do Planejamento, 12 dias depois de ter assumido a pasta.

 

Com base nessas acusações de Machado, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pode pedir a abertura de inquéritos ou incluir provas em investigações já abertas.

 

O presidente do Senado, Renan Calheiros, negou ter recebido os recursos e também negou ter feito indicações para a Petrobras e para o setor elétrico. Renan declarou que sempre teve com Sérgio Machado uma relação respeitosa e de estado.

 

Os senadores Romero Jucá, Edison Lobão e o ex-presidente José Sarney são representados pelo mesmo advogado. Ele disse que não teve acesso e que não pode comentar uma delação, que é secreta para os citados, mas pública para parte da imprensa. Para a defesa, está divulgação parcial e dirigida tem como objetivo fazer um pré-julgamento.

 

O senador Jader Barbalho declarou que não fala e nem tem qualquer tipo de relação com Sérgio Machado há quinze anos. Barbalho negou ter recebido favor de Machado e declarou que está à disposição da justiça para verificação da sua conta bancária.

 

A defesa de Sérgio Machado informou que não vai se manifestar porque a delação premiada está sob sigilo.