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NOTÍCIA

Novo ministro da Fazenda quer cortar gastos e pode aumentar impostos

A prioridade da nova gestão do governo é cortar gastos, mas se houver necessidade, segundo Meirelles, pode ter aumento temporário de impostos.

Data: Domingo, 15/05/2016 00:00
Fonte: G1.globo.com/jornal-globo/ William Waack/ Janaína Lepri
 
 
 
 

Com toda essa crise política e a economia parando, o que vai acontecer com o bolso de cada brasileiro agora que um novo governo assumiu no lugar da presidente afastada?

 

METAS

O ministro da Fazenda indicou algumas respostas no primeiro dia no cargo. Para começar, ele falou de objetivos factíveis que, em outras palavras, é aquilo que dá para fazer:

 

"As metas têm que ser anunciadas com realismo. O fato concreto é que este governo começa hoje. Então hoje estamos tendo acesso de fato aos dados formais, precisos do setor público brasileiro e também alguns fatores da economia. É importante que as medidas sejam anunciadas no momento certo depois de maturadas e que tenham um potencial de fato de aprovação pelo Congresso Nacional", declara Henrique Meirelles, ministro da Fazenda.

 

REFORMAS

Mesmo que os resultados de uma reforma da previdência venham só lá na frente, no longo prazo, o novo governo acha que esses resultados ajudam a dar confiança imediatamente.

 

"Mais importante até do que alguém saber o valor em moeda de hoje do que será o seu benefício daqui a alguns anos ou com que idade ele se aposentará, mais importante do que isso é ele ter a segurança de que ele vai receber a aposentadoria. E, para isso, é necessário garantir a solvência do sistema de previdência brasileiro. A reforma trabalhista a mesma coisa e certamente passa pela questão trabalhista. De novo, vamos negociar, entrar no detalhe e anunciar isso com segurança", diz Meirelles.

 

IMPOSTOS

O governo pretende cortar gastos primeiro e cortar gastos depois.

 

"Para que a economia volte a crescer de forma sustentavel e em níveis mais elevados é importante que nós tenhamos como meta uma diminuição do nivel de tributação da sociedade brasileira. Dito isto, a prioridade hoje é o equilíbrio fiscal, isto é, a estabilização do crescimento da dívida pública. Então não há dúvida de que, caso seja necessário um tributo, ele será aplicado mas certamente temporário", afirma Henrique Meirelles.

 

REAÇÃO DO MERCADO

As delcarações de Meirelles foram ao encontro das expectativas dos agentes de mercado. São só os primeiros passos da nova equipe econômica, mas o mercado está de olho em cada um deles. Os sinais de qual será o rumo a partir de agora já eram esperados, o que é bom, já que os economistas querem mesmo previsibilidade.

 

"Todo esse problema que existe hoje também foi criado porque aos poucos, os investidores, os agentes, quem acompanha o setor público, foi perdendo confiança na questão até de você saber qual o tamanho do problema que você tem", aponta Celso Toledo, economista da consultoria LCA.

 

Saber o tamanho do problema quer dizer analisar bem a situação das contas públicas. Essa deve ser a tarefa dos próximos dias e então deve vir o próximo passo: o ajuste fiscal.

 

Bater nessa tecla não é exatamente uma novidade. O ex-ministro Joaquim Levy insistia muito na necessidade do ajuste, mas avançou pouco. Para os economistas, o que muda, agora, é o ambiente político, que pode ajudar o novo governo a aprovar medidas mais amargas.

 

"Acho que a principal diferença deste governo pro anterior nao é necessariamente o diagnóstico, mas, sim, sua capacidade poitica de avançar uma agenda fiscal no Congresso e, portanto, mudar a estrutura de gastos do governo", afirma Ricardo Padovani, economista do banco Votorantim.

 

Nenhuma medida foi anunciada ainda, mas já se sabe que as que virão serão ligadas a previdência, com a fixação de uma idade mínima para a aposentadoria, e a um possível aumento de impostos, ainda que temporário.

 

"A forma mais rápida para você entrar em um abismo muito pior do que esse que a gente está é você negar a necessidade do ajuste fiscal. Agora, o debate tem que ser amplo, democrático, transparente para justamente você não fazer com que o ônus desse ajuste recaia desproporcionalmente sobre um grupo ou sobre outro", pontua Celso Toledo.