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NOTÍCIA

Dilma inaugura centro de pesquisa no Tocantins e volta a citar 'golpe'

Presidente voltou a dizer que não cometeu crime de responsabilidade. Ela ainda assinou lei para criar de agência de desenvolvimento no Matopiba.

Data: Sábado, 07/05/2016 00:00
Fonte: Do G1 TO
 
 
 
 

A presidente Dilma Rousseff esteve em Palmas na manhã deste sábado (7) para a inauguração da sede a Embrapa Pesca e Aquicultura do Tocantins. Durante o evento foi assinado o projeto de lei que autoriza a criação da Agência de Desenvolvimento do Matopiba e anunciado o projeto de criação da Universidade Federal do Araguaia, em Araguaína. Em discurso, ela voltou a dizer que é vítima de 'golpe' e negou ter cometido crime de responsabilidade. 

 

A presidente chegou por volta das 11h no Aeroporto Brigadeiro Lysias Rodrigues e seguiu de carro pela avenida Theotônio Segurado até a região Norte da capital, onde fica o prédio da Embrapa.

 
 

Antes mesmo da chegada de Dilma representantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e Central Única dos Trabalhadores (CUT), que tiveram entrada permitida, protestaram contra o impeachment.

 

Com palavras de ordem os manifestantes gritavam: "não vai ter golpe". Também citam os nomes de deputados e senadores do Tocantins que votaram a favor do processo e os chamaram de golpistas. A vice-governadora do estado, Cláudia Lelis (PV), também foi hostilizada. Assim como o governador Marcelo Miranda (PMDB), que não estava presente.

 

Na sede da Embrapa, Dilma primeiro visitou um caminhão equipado com tecnologia para fazer todo o processamento de peixes. Depois participou da "chipagem" de um Pirarucu. Inclusive, acabou recebendo alguns respingos e se assustou após o peixe voltar à água e se debater. Durante os discursos, ela recebeu apoio de movimentos sociais e fez questão de receber um leque das mãos de uma criança.

 

Dilma participou da chipagem de peixe  (Foto: Patrício Reis/G1)
Dilma participou da chipagem de peixe (Foto: Patrício Reis/G1)
 

Impeachment
A quatro dias de o Senado analisar no plenário se instaura o processo de impeachment, Dilma voltou a dizer, em meio ao seu discurso no evento de inauguração da Embrapa Pesca e Aquicultura, que não cometeu crime de responsabilidade e que está sendo vítima de um "golpe". Ela também acusou mais uma vez seus adversários de estarem tentando realizar uma "eleição indireta" para assumir o poder.

 

"Mais que um golpe, é uma tentativa clara de fazer uma eleição indireta para colocar no governo quem não tem voto suficiente para lá chegar. Sabe por que não têm votos suficientes? Porque se eles chegarem para o provo brasileiro e falar assim: ‘Olha, não vai ter mais subsídios, então acabou o programa Minha Casa Minha Vida’, eles não vão falar assim. Eles vão reduzir, revisitar, reolhar, rever, o programa Minha Casa Minha vida. Mas isso vai significar menos dinheiro para fazer o programa Minha Casa Minha Vida", declarou a petista.

 

Diante de uma plateia de simpatizantes, a presidente também afirmou novamente, sem citar nomes, que seus eventuais sucessores pretendem rever os gastos do governo federal com Bolsa Família, focando o programa de transferência de renda em 5% da população, cerca de 10 milhões de pessoas.

 

"Ora, o Bolsa Família hoje abrange quase 47 milhões [de brasileiros]. Significa que o foco é tirar do Bolsa Família 36 milhões de pessoas. Isso porque eles sabem que o gasto do Bolsa Família é menos de 1% do PIB, é um dos menores gastos do país. E aí, querem fazer economia com o dinheiro dos mais pobres? Jamais se elegeriam, jamais! Então, o caminho mais fácil é o da eleição indireta, e é isso que está em curso no Brasil", enfatizou.

 

Presidente Dilma Rousseff  esteve em Palmas para inauguração da Embrapa (Foto: Patrício Reis/ Divulgação)
Dilma Rousseff esteve em Palmas para inauguração
da Embrapa (Foto: Patrício Reis/ Divulgação)
 

Decretos suplementares
A presidente da República também usou o evento de inauguração da nova unidade da Embrapa para voltar a questionar a acusação de que teria cometido crime de responsabilidade ao editar, em 2015, seis decretos que abriram créditos suplementares de R$ 2,5 bilhões, autorizando a ampliação de despesas de vários órgãos públicos.

 

Esses decretos embasam o pedido de impeachment apresentado ao Congresso pelos juristas Miguel Reale Júnior, Hélio Bicudo e Janaina Paschoal. A denúncia diz que os gastos foram autorizados sem levar em conta a meta de superávit primário (economia feita anualmente para pagar juros da dívida pública) que, segundo os juristas, o governo sabia que não poderia ser cumprida.

 

Ao discursar, Dilma ressaltou mais uma vez que, na opinião dela, o pedido de impeachment "não tem base legal". Novamente, ela afirmou que todos os governos que a antecederam fizeram a mesma coisa.

 

Dilma destacou que, em 2001, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso publicou 101 decretos suplementares. Deste total, observou a petista, 30 foram iguais aos que ela editou no ano passado e que agora estão sendo usados para acusá-la de ter cometido crime de responsabilidade.

 

"Desses 101 [decretos suplementares], 30 são iguais aos que eu fiz. Jamais foi invocado contra ele [FHC] nenhum problema, e não foi invocado porque não tinha problema, como hoje não tem problema. O mesmo aconteceu com o presidente Lula. O mesmo acontece hoje com os governos estaduais pelo país afora."

 

Dilma fez coração para os representantes de movimentos sociais (Foto: Patrício Reis/G1)
Dilma fez coração para os representantes de movimentos sociais (Foto: Patrício Reis/G1)
 

Kátia Abreu
Ao iniciar seu discurso no evento organizado na capital do Tocantins, Dilma fez uma "saudação especial" à ministra da Agricultura, Kátia Abreu, que estava sentada no mesmo palanque que Dilma, ao lado de outras autoridades. A presidente elogiou a "lealdade" da auxiliar, que permaneceu no governo mesmo depois da debandada do PMDB da base governista.

 

"Vou dirigir a Kátia Abreu uma saudação especial, porque é muito importante que o Brasil tenha exemplos. Certas pessoas dão exemplo com muita força. Quero reconhecer primeiro a lealdade, o elevado sentido ético, a dignidade e sobretudo a força dessa mulher que orgulha nós mulheres e que dá um exemplo de comportamento, com valores morais e éticos pra todo o Brasil", declarou a petista.

 

Mais cedo, ao discursar na solenidade, Kátia Abreu havia criticado duramente, sem mencionar nomes, os ministros que deixaram abandoram Dilma para apoiar o vice-presidente Michel Temer. Na opinião da titular da Agricultura, que é filiada ao PMDB de Temer, esses ministros traíram e enfiaram uma "faca nas costas" da presidente da República.

 

"A ingratidão e a deslealdade não fazem parte do meu vocabulário político. Até anteontem, os ministros que lhe viraram as costas na última hora, lhe traindo e enfiando a faca nas suas costas, estão indo para o outro lado", disse a ministra da Agricultura, que, ao finalizar o discurso, foi calorosamente abraçada por Dilma.

 

Embrapa
De acordo com a Embrapa, a unidade teve mais de R$ 50 milhões de investimento e desenvolverá trabalhos em duas frentes. Em uma delas, as temáticas de pesca e aquicultura tem pesquisas em âmbito nacional.

 

Já em nível regional, na área do chamado Matopiba (que abrange partes dos estados do Maranhão, do Tocantins, do Piauí e da Bahia), são trabalhados sistemas integrados e sustentáveis de produção agropecuária.

 

Durante o evento foi assinado o do Projeto Embrapa – BNDES Aquicultura, com investimentos de R$ 57 milhões. O projeto tem como objetivo desenvolver ações estruturantes e inovação para o fortalecimento das cadeias produtivas da aquicultura no Brasil. Durante a ocasião também foi apresentado o Plano Diretor do Matopiba.

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Senadora Kátia Abreu discurssou durante evento  (Foto: Patrício Reis/ Divulgação)
Senadora Kátia Abreu discurssou durante evento (Foto: Patrício Reis/ Divulgação)