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Dilma recebe apoio de Nobel da Paz de 1980 contra impeachment

Presidente se reuniu nesta quinta com Adolfo Pérez Esquivel no Planalto. Impeachment está em andamento no Senado; governo diz que não há base.

Data: Quinta-feira, 28/04/2016 00:00
Fonte: Filipe Matoso Do G1, em Brasília
 
 
 
 
A presidente Dilma Rousseff recebeu, no Palácio do Planalto, o prêmio Nobel da Paz de 1980, Adolfo Esquivel (Foto: José Cruz / Agência Brasil)
Dilma Rousseff recebeu, no Palácio do Planalto, o prêmio Nobel da Paz de 1980, Adolfo Esquivel (Foto: José Cruz / Agência Brasil)
 

A presidente Dilma Rousseff se reuniu na manhã desta quinta-feira (28) com o argentino Adolfo Pérez Esquivel, vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 1980. Ao chegar ao Palácio do Planalto, Esquivel não quis conceder entrevista à imprensa, mas adiantou que o encontro serviria para ele manifestar apoio a Dilma contra o processo de impeachment.

 

Arquiteto, escultor e militantes de direitos humanos, o argentino foi autorizado a fazer o discurso pelo senador Paulo Paim (PT-RS), que presidia a sessão de debates do Senado no início da tarde desta quinta. Esquivel ganhou o Nobel da Paz por conta de seu trabalho como coordenador, na década de 1970, da fundação do Servicio Paz y Justicia en América Latina (Serpaj-AL) na cidade colombiana de Medelin. À época, a fundação difundiu o combate aos regimes militares da América do Sul por meio da "não-violência ativa".

 

Se o plenário do Senado decidir acompanhar um eventual posicionamento da comissão especial pelo impeachment, a presidente Dilma deverá ser afastada por até 180 dias e, neste período, o vice Michel Temer assumirá a Presidência da República.

 

Após o encontro, que durou cerca de 40 minutos no Planalto, Esquivel afirmou que a reunião serviu para ele levar “solidariedade e apoio” à presidente Dilma em razão do atual cenário político do país. Para ele, é “muito claro” que está em curso no Brasil um “golpe de Estado, encoberto sobre o que podemos chamar de golpe branco”.

 

Esquivel comparou ainda o impeachment que Dilma enfrenta no Congresso aos processos de destituição dos ex-presidentes do Paraguai Fernando Lugo, em 2012, e de Honduras Manuel Zelaya, em 2005.

 

“Dissemos à presidenta que viemos dar solidariedade e apoio a ela e para que não se interrompa o processo constitucional no Brasil porque isso seria, não só para o povo brasileiro, mas para toda a América Latina, um retrocesso muito grave”, afirmou o vencedor do Nobel da Paz.

 

O pedido de afastamento da presidente está sob análise na comissão especial no Senado. O relator, Antonio Anastasia (PSDB-MG), tem de apresentar um parecer sugerindo a continuidade ou não do processo de impeachment de Dilma. Caberá, então, ao colegiado decidir se aprova ou rejeita o relatório e, ao plenário do Senado, optar se acompanha ou não a decisão da comissão especial.

 

Eventos de apoio à presidente
Nas últimas semanas, Dilma organizou diversos atos com grupos contrários ao processo de imepachment. A presidente recebeu no Palácio do Planalto, por exemplo, juristas, movimentos sociais, artistas, intelectuais, mulheres e estudantes que não veem base legal para o impeachment.

 

Em todos esses atos, a presidente enfatizou a tese de “golpe” e se disse vítima de “farsa” e “traição” cometidas pelos “chefe e vice-chefe do golpe”, em uma referência a Eduardo Cunha e o vice-presidente Michel Temer.

 

Além de eventos no Planalto, Dilma também aproveitou discursos em outros atos, como a Conferência Nacional de Direitos Humanos, nesta quarta, para se defender. Desde o ano passado, o governo tem argumentado que Cunha só acolheu o pedido de impeachment porque o PT decidiu votar a favor da abertura de um processo contra o peemedebista no Conselho de Ética da Câmara.