O bloco parlamentar formado por PT e PDT deverá formalizar apenas na sexta-feira as indicações para a comissão do impeachment no Senado, que deverá ser presidida pelo senador peemedebista Raimundo Lira (PB) e pode ter como relator o tucano Antonio Anastasia (MG), embora essa indicação enfrente resistência do PT.

 

O PMDB, por ter uma bancada maior do que qualquer bloco partidário na Casa, tem direito a escolher entre a presidência e a relatoria da comissão e o líder da legenda no Senado, Eunício Oliveira (CE), anunciou a indicação de Lira para a presidência do colegiado.

 

“A escolha do senador Raimundo Lira preenche, no meu entender como líder, todas as qualidades de seriedade e de tranquilidade”, disse.

 

“Esse é um processo muito sério de afastamento ou não de um presidente da República, e deve ser tratado com seriedade e acho que o senador Raimundo Lira se encaixa.”

 

Eunício também indicou os peemedebistas Rose de Freitas (ES), Simone Tebet (MS), José Maranhão (PB) e Waldemir Moka (MS) para representarem o partido na comissão.

 

O presidente interino do partido, senador Romero Jucá (RR), defendia que a sigla abrisse mão da relatoria, de forma a evitar qualquer acusação de parcialidade, justamente por ser a legenda do vice-presidente Michel Temer, que assumirá a Presidência da República se o Senado aprovar a admissibilidade do pedido de impeachment, o que resultaria no afastamento de Dilma.

 

Já a sugestão do PSDB, que pertence ao segundo maior bloco do Senado, provocou reações quase que imediatas de governistas.

 

O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) disse que seu partido “não concorda” com a indicação de Anastasia. Para Lindbergh, enquanto Lira “não ocupa o centro da disputa política”, o mesmo não ocorre com Anastasia, que “tem voto conhecido no caso” .

 

A indicação do tucano também foi criticada pela senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), que deve representar o PT na comissão ao lado de Lindbergh e do líder do governo no Congresso, José Pimentel (PT-CE).

 

A senadora disse que os petistas pretendem discutir o assunto na segunda-feria, quando deve ser instalada a comissão.

 

"O presidente a gente acha que é um bom nome, um nome que tem equilíbrio, é do PMDB, o senador Raimundo Lira, já foi presidente da Comissão de Assuntos Econômicos", avaliou a senadora em vídeo publicado nas redes sociais ao lado de Lindbergh.

 

"Mas nós não estamos concordando com o relator que vem aí, que é o senador Anastasia. Não é uma questão pessoal, mas ele é do PSDB, o PSDB é um partido militante para o impeachment. Então nós avaliamos que temos que fazer essa discussão na segunda-feira."

 

O PDT, que forma bloco parlamentar com o PT no Senado, ainda não apontou qual nome indicará para completar as quatro vagas que o bloco tem na comissão.

 

O PSDB, que forma bloco com o DEM e o PV, havia anunciado na véspera que, além de Anastasia, os senadores Aloysio Nunes (PSDB-SP), Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) e Ronaldo Caiado (DEM-GO) vão compor a comissão.

 

Anastasia é bem próximo do presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), de quem foi vice-governador de Minas Gerais de 2007 a 2010 e a quem sucedeu no comando do Estado.

 

O indicado para a relatoria na comissão do impeachment integrou a coordenação da campanha presidencial de Aécio em 2014 e já defendeu abertamente a legalidade do processo de impeachment.

 

Já Cunha Lima (PB) defendeu o nome de Anastasia, dizendo que o senador é equilibrado, discreto e "não tem sede de holofote".

 

Indicados por suas bancadas, os nomes de Lira e Anastasia ainda precisam ser chancelados durante a instalação da comissão, que será eleita na segunda.

 

Após a instalação, a comissão terá 10 dias úteis para produzir um parecer sobre a admissibilidade do processo. Dilma é acusada de crime de responsabilidade pelas chamadas pedaladas fiscais e por ter editado decretos orçamentários sem autorização do Congresso.

 

A presidente nega qualquer ilegalidade e tem afirmado que o pedido de impeachment é uma tentativa de golpe.

 

Também foram indicados para a comissão especial do impeachment os senadores Wellington Fagundes (PR-MT) e Zezé Perrella (PTB-MG), pelo bloco formado por PTB, PR, PSC, PRB e PTC; Romário (PSB-RJ), Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), pelo bloco de PSB, PPS, PCdoB e Rede; e Ana Amélia (PP-RS), José Medeiros (PSD-MT) e Gladson Cameli (PP-AC), pelo bloco de PP e PSD.