A fetado pelas investigações da operação Lava Jato, o Grupo Odebrecht, maior conglomerado privado do País, colocou à venda um pacote de empresas para levantar R$ 12 bilhões neste ano. A ideia é reforçar o caixa para dar tranquilidade financeira durante o período das investigações e preservar a boa relação com os credores, que vinham pressionando a Odebrecht a se capitalizar, se desfazendo de empresas ou buscando parceiros. “Com o aperto monetário, a contração de crédito e a Lava Jato, iniciamos esse programa de alienação de ativos”, disse o presidente da Odebrecht, Newton de Souza, em entrevista à Folha de S.Paulo.
O executivo assumiu o cargo em dezembro, com o afastamento definitivo de Marcelo Odebrecht, preso desde junho do ano passado. “Esse valor nos dará tranquilidade para atravessar o furacão.” Os ativos à venda, em um primeiro momento, são de empresas como a Odebrecht Ambiental, a participação de 28% que detém na Hidrelétrica de Santo Antônio, em Rondônia, uma mina de diamantes e uma reserva de petróleo, em Angola, além da Hidrelétrica de Chaglla e da rodovia Rutas de Lima, ambos no Peru. “O importante para nós é o programa de liquidez.
Dentro dessas conversas com interessados, há desde compartilhamento de controle, venda de participação ou até a venda do negócio”, afirmou Souza. A petroquímica Braskem, uma das jóias da coroa, não está à venda. O endividamento da companhia referente ao ano passado ainda não foi divulgado, mas o presidente do grupo antecipou que o faturamento atingiu R$ 132 bilhões, contra R$ 107 bilhões de 2014, e que as dívidas são de longo prazo. Naquele ano, a dívida líquida estava em R$ 63 bilhões, e o valor bruto, próximo a
R$ 90 bilhões.
A razão para o aumento das receitas é cambial. Parte do faturamento é obtida no Exterior, em dólar. Mesmo assim, o Grupo Odebrecht promoveu uma forte redução em sua folha desde o início do ano passado, quando empregava 190 mil funcionários. Atualmente são 120 mil. “Estamos extraindo os aprendizados de toda essa crise e estamos criando bases sólidas para a virada de página e a base de crescimento um novo ciclo”, disse Souza. “Com certeza vai dar para virar a página.”