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“Aedes aegypti é o inimigo nº 1 da saúde pública no Brasil”, diz David Uip

Data: Terça-feira, 12/01/2016 00:00
Fonte: Por iG São Paulo - Maria João Abujamra

Em entrevista ao iG, secretário de Saúde do Estado de São Paulo esclarece dúvidas sobre doenças causadas pelo mosquito - dengue, zika vírus e chikungunya -, ressalta necessidade da sociedade se unir contra a dengue e esclarece se mulheres devem engravidar neste momento

 

David Uip, secretário de Saúde do Estado de São Paulo
             Fernando Neves/Futura Press
David Uip, secretário de Saúde do Estado de São Paulo
 

Com a experiência de quem já atuou em epidemias graves como as do HIV e da meningite, o infectologista David Uip, secretário de Saúde do Estado de São Paulo, não faz rodeios ao falar da gravidade das doenças relacionadas ao perigoso mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, do zika vírus e da febre chikungunya. 

 

“O mosquito foi se adaptando às condições, ficando mais competente e nós, menos. Se você lembrar que lá para a década de 30 e 40 o Aedes foi erradicado e que nos dias de hoje ele é o inimigo número um da saúde pública no Brasil, nós temos que fazer uma avaliação do que deu certo e o que deu errado”, afirma Uip, que é professor de Medicina e foi diretor dos hospitais paulistas de referência nacional Instituto de Infectologia Emílio Ribas e Instituto do Coração (InCor).

 

“Toda a vez que você vive uma doença que não tem nem vacina, nem remédio, você depende da participação da sociedade (David Uip)
 

Em entrevista à vice-presidente de Comunicação e Operações do iG, Maria João Abujamra, o infectologista apontou como fundamental  a união de toda a população no combate ao Aedes aegypti.

 

“Toda a vez que você vive uma doença que não tem nem vacina, nem remédio, você depende do impacto da sociedade, da participação da sociedade. É uma história de convencimento. As pessoas pensam que é um problema do Estado, que um é culpado ou responsável, mas é um problema de todos nós.”

 

A participação da sociedade se revela ainda mais fundamental diante de um dado apresentado pelo secretário. Segundo Uip, 80% dos focos do mosquito que transmite dengue, chikungunya e zika vírus estão dentro das casas das pessoas, em caixas d’água mal vedadas ou em piscinas, por exemplo.

 

Na entrevista que você pode ver abaixo, Uip fala mais sobre esses assuntos, além esclarecer dúvidas sobre a relação do zika vírus e a microcefalia, da maior fragilidade dos idosos à dengue e da perspectiva de uma vacina.

 

80% dos focos do Aedes Aegypti estão nas casas

O Aedes Aegypti é democrático, não escolhe classe social: se prolifera tanto na caixa d’água mal vedada quanto nas piscinas. Sociedade precisa ajudar no combate ao mosquito.


Dengue voltou com força total em 2015

Dengue possui quatro tipos diferentes. Toda vez que alguém tem um tipo a mais aumenta o percentual de gravidade da doença. Maioria dos casos não manifesta sintomas.


Idosos são mais expostos aos riscos da dengue

Maioria das mortes por dengue no Estado de São Paulo aconteceu com maiores de 70 anos, por causa de outras doenças associadas, como problemas cardíacos, pulmonares e diabetes.


Chikungunya causa muita dor articular

Esse vírus que chegou ao Brasil há dois anos causa muitas dores nas articulações e é um grande agravo estrutural para a Saúde Pública.


Gravidade do zika vírus foi subestimada no início

Inicialmente, zika vírus foi percebido como uma dengue mais 'suave'. Casos de microcefalia no Nordeste mostraram a alta periculosidade da doença.


Vacina para zika vírus pode demorar mais de 10 anos

Complexa no seu desenvolvimento, a vacina precisaria passar várias etapas antes de estar seguramente apta para o uso geral da população.


Plano de gravidez deve ser adiado?

Secretária de Saúde não vê indicações científicas para não recomendar que mulheres não engravidem neste momento, mas grávidas devem evitar preferencialmente regiões epidêmicas de zika vírus.