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NOTÍCIA

Depois de dois anos, "Chacina da Bolívia" segue ainda obscura

Data: Domingo, 17/04/2011 00:00
Fonte:

Sinézio Alcântara
de Cáceres



Depois de dois anos do encontro da ossada dos brasileiros executados na Bolívia, em fevereiro de 2009, crime que ficou conhecido como a “Chacina da Bolívia” a Polícia Federal, em Cáceres, ainda não divulgou o resultado da perícia e tampouco oficializou a identificação dos corpos. O delegado responsável pelo inquérito diz que as investigações estão em uma fase decisiva. Porém, afirma que não pode dar detalhes sobre o caso porque o processo corre em segredo de justiça.

Um dos casos policiais de maior repercussão no Estado ocorreu no dia 11 de abril na periferia da província de San Matias. Seis brasileiros, entre eles cinco homens e uma mulher, acusados de pequenos furtos e de trabalharem para traficantes de drogas no país, foram executados com vários tiros. O crime só foi descoberto porque um brasileiro - também marcado para morrer -, conseguiu escapar, sair do país e fazer a denúncia a policiais do Grupo Especial de Fronteira (Gefron) que em seguida a encaminhou à Polícia Federal.

As investigações tiveram início e os corpos foram encontrados, após três dias de buscas. Uma área extensa foi escavada a procura de uma vala, onde o informante disse ter sido enterradas as vítimas. Os corpos foram encontrados próximos a uma fazenda de propriedade de um boliviano, localizada a três quilômetros do aeroporto de San Mathias. A princípio a Polícia Federal do Brasil atuou como colaboradora, junto a Polícia Boliviana. Após a exumação dos corpos a PF assumiu todo trabalho.

Embora a Polícia Federal ainda não tenha oficializado a identificados dos corpos, informações extraoficiais são de que sejam dos brasileiros Domingos Ferreira de Oliveira, Oscar Palomino Gil, Adão Teixeira, conhecido como “Bife”, Samuel Braga, o “Ji Paraná” e a mulher dele Silvana Oliveira Wischery e um homem apelidado por “Colombiano”.

Em novembro de 2009 a Polícia Federal, em Cáceres, recebeu a ossada e deu início as perícias. À época convidou, através de imprensa, as famílias que tinham pessoas desaparecidas na região da fronteira. Pelo menos, seis pessoas, entre elas uma mulher, compareceram para coleta de material genético que poderiam ser usados na identificação dos corpos. Além de salivas para confrontar com o material dos mortos, os supostos parentes dos desaparecidos deixaram fotografias que seriam usadas nas investigações.

Das seis, os peritos aproveitaram o material de apenas duas, descartando as demais, porque as versões apresentadas pelas famílias, segundo eles, não condiziam com o fato ocorrido na Bolívia. “Algumas são de pessoas desaparecidas há um ano em outras regiões do país. Essas foram descartadas”, afirmou um dos peritos descartando a hipótese de que as famílias estivessem com medo de comparecer a polícia expor e tornarem alvos das mandantes do crime. “Creio que esse não seria o motivo. As famílias são as mais interessadas na elucidação dos fatos”, explicou.

A dona de casa Maria Elídia de Campos Leite, por exemplo, foi uma das pessoas que procuraram a delegacia, mas não foi enquadrada como possível parente de uma das seis vítimas. Seu filho Celso, de 30 anos, estava desaparecido há um ano. Ele trabalhava com um caminhão baú para uma transportadora de Mirassol D´Oeste (110 km de Cáceres) e foi visto pela última vez quando viajou em um carro de passeio, um Gol, dizendo que iria para Minas Gerais. Mesmo assim, a mãe achava que ele poderia ter ido para a Bolívia e pediu para a Polícia Federal investigar.