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NOTÍCIA

Manifestantes prometem mais atos para pressionar pelo Minha Casa, Minha Vida

Ato, sem aviso prévio, faz parte de onda de manifestações previstas para 8 Estados e o Distrito Federal nesta quarta

Data: Quarta-feira, 23/09/2015 00:00
Fonte: Por David Shalom - iG São Paulo*
 
No Rio de Janeiro, manifestantes usaram a mesma estratégia de São Paulo e Brasília com um ato em frente ao escritório do Ministério da Fazenda
jose lucena/Futura Press - 23.9.15
No Rio de Janeiro, manifestantes usaram a mesma estratégia de São Paulo e Brasília com um ato em frente ao escritório do Ministério da Fazenda
 

​No primeiro protesto após o anúncio de mais cortes no programa Minha Casa, Minha Vida, o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) abandonou os grandes atos de rua e, sem divulgar horário e local de ponto de encontro – para evitar presença de policiais militares – invadiu um escritório do Ministério da Fazenda em São Paulo, na rua Prestes Maia, nesta quarta-feira (23). Cerca de 500 manifestantes participam do ato, que ocorre sem violência.

 

O grupo pressiona o governo Dilma Rousseff (PT) a derrubar o ajuste fiscal, apresentado na semana passada pelos ministros Joaquim Levy, da Fazenda, e Nelson Barbosa, do Planejamento. "Enquanto não saírem as casas do Minha Casa, Minha Vida, vamos ocupar as ruas quase todo dia. E vocês sabem que isso nao é só discurso", discursou Guilherme Boulos, líder do MTST.

 

Em Brasília, além do MTST, o protesto contou com a participação de grupos estudantis, sindicatos, representantes dos sem-terra e do funcionalismo público. Os manifestantes chegaram a ter acesso ao hall do prédio da Fazenda, mas foi retirado pela polícia militar e ficou do lado de fora. Funcionários da Fazenda usaram a entrada pelo anexo do prédio para driblar o grupo. Por enquanto a pasta não comenta oficialmente a invasão.

 

Integrantes do MTST invadem prédio da Fazenda em São Paulo em protesto contra o ajuste fiscal
David Shalom/iG São Paulo - 23.9.15
Integrantes do MTST invadem prédio da Fazenda em São Paulo em protesto contra o ajuste fiscal
 

Em São Paulo, seguranças e funcionários da Fazenda assistiam assustados à movimentação do grupo, que agendou atos semelhantes para 8 Estados e o Distrito Federal em protesto contra os cortes no orçamento federal que afetam diretamente os investimentos no Minha Casa, Minha Vida.

 

Engrossada por servidores federais, que gritam contra o congelamento dos reajustes salariais determinado por Dilma, a onda de manifestações busca ocupar todos os escritórios regionais dos ministérios da Fazenda e do Trabalho no País.

 

"Se agirem com violência, vai ter retorno", discutiam alguns dos sem-teto com segurancas do prédio da Fazenda no centro paulistano. Os sem-teto cantam palavras de ordem como "criar poder popular", "daqui não saio, daqui ninguém me tira", "pisa ligeiro, não atice o formigueiro". Os profissionais apenas observavam.

 

A organização estima que 7 mil a 8 mil pessoas participam do protesto em São Paulo – segundo um PM, no início havia cerca de 800 pessoas.

 

"Não está tenso, não. Não tenho como criticá-los. Estão defendendo o pão deles", diz um segurança da Fazenda. 

 

Manifestantes dentro do prédio do Ministério da Fazenda: ação deve ocorrer em 9 cidades
David Shalom/iG São Paulo - 23.9.15
Manifestantes dentro do prédio do Ministério da Fazenda: ação deve ocorrer em 9 cidades
 

Surpresa

Iniciada com concentração tímida em frente ao acesso à estação da Luz, na rua Cásper Líbero, a manifestação desde o inicio se mostrou diferente das anteriores realizadas pelo MTST, normalmemte marcadas por discursos de abertura em que são divulgadas as causas do movimento e o itinerário dos atos.

 

Desta vez, a concentração foi silenciosa. Em vez de um caminhão de som, o grupo optou por um pequeno carro. Às 9h50, Guilherme Boulos desceu do veiculo e começou a correr.

 

"Vamos, gente! Corram!", orientou.

 

O grupo, então, cruzou quatro quarteirões até chegar à rua Prestes Maia, ao lado da Avenida Tiradentes. Em menos de dois minutos, os sem-teto estavam no escritório da Fazenda. Coordenadores pediam pressa e seguravam catracas para que todos entrassem.

 

"Companheiros, ficaremos aqui até sermos atendidos pelo governo", anunciou Boulos pouco após a invasão do prédio. "Porque não adianta o governo anunciar o Minha Casa, Minha Vida 3 e não ter dinheiro para construir casas."

 

O grupo fez ataques diretos a Dilma Rousseff, evitados em manifestações anteriores, como a de 20 de agosto, feita em defesa da presidente e que contou com o apoio do PT

 

"Dilma, a gente tá na rua só por culpa sua", cantam os integrantres, diante dos seguranças da Fazenda. "Não tínhamos a menor ideia de que isso iria acontecer", diz um deles ao iG.

 

Ocupações "todas as semanas"

Segundo Boulos, o MTST pretende ocupar escritórios da Fazenda em nove cidades. Às 10h20, o movimento divulgou que unidades no Rio de Janeiro, em Boa Vista e em Goiânia – além de São Paulo e Brasília – haviam sido invadidas.

 

"Não tínhamos como divulgar o protesto, porque senão, o [Batalhão de] Choque [da Polícia Militar, normalmente usado em protestos em São Paulo] viria em peso e não entraríamos", disse Boulos à reportagem. "Hoje é um gesto de pressão. Se o governo não entender, o MTST vai fazer gestos semelhantes todas as semanas, vai para as ruas, vai ocupar ministérios."

 

O líder do MTST afirma que o objetivo é "demarcar claramente" a posição contrária do movimento ao ajuste fiscal.

 

"Não aceitamos que faltem recursos para o Minha Casa, Minha Vida. Essas pessoas aqui estão sem-teto, esperam por isso há anos. Se é para fazer ajuste fiscal, que ele atinja os do andar de cima – empresários, banqueiros. Não admitimos que o povo pague esta conta."

 

Veja vídeo da manifestação feito pelo MTST

* Com informações da Agência Brasil