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NOTÍCIA

Parada gay de Brasília reúne 15 mil pessoas no Eixo Monumental

Número é estimado pela Polícia Militar; grupo seguiu até a Torre de TV. Concentração começou após casamento coletivo em frente ao Congresso.

Data: Domingo, 28/06/2015 00:00
Fonte: Luciana Amaral*Do G1 DF
 
 
 
 

 

A 18ª Parada do Orgulho Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis (LGBT) de Brasília reuniu 15 mil pessoas no Eixo Monumental na tarde deste domingo (28), segundo a Polícia Militar. A concentração começou após a realização de um casamento coletivo entre pessoas do mesmo sexo em frente ao Congresso Nacional por volta das 14h30 e seguiu rumo à Torre de TV às 17h. OG1 não conseguiu contato com a organização do evento.

 

Todas as seis faixas do Eixo sentido Torre foram interditadas pela PM para a passagem do público. Até a última atualização desta reportagem, não havia registros de tumultos no evento.

 

A parada contou com dois trios elétricos, um inclusive com gogo boys.O repertório musical foi variado e incluiu desde o pop internacional até o funk carioca.

 

A publicitária Maria Luisa Praxedes foi à parada pela primeira vez. "É libertador estar aqui sem ninguém me julgar. Está todo mundo na mesma. Achei legal o casamento ser em frente ao Congresso, do poder também. É uma quebra de paradigma."

 

A publicitária Maria Luisa Praxedes levou uma bandeira da cultura LGBT (Foto: Luciana Amaral/G1)
A publicitária Maria Luisa Praxedes levou uma
bandeira da cultura LGBT à parada
(Foto: Luciana Amaral/G1)
 

Para o estudante Alan Patrick, a festa estava 'perfeita'. "Não tem como não gostar de nada." Ele ainda comentou que a legalização do casamento gay em todos os Estados Unidos e a mobilização ocorrida em torno do assunto serve para as pessoas repensarem o preconceito.

 

"É uma boa iniciativa para o Brasil repensar isso, já que foi uma medida de um país de primeiro mundo. Não é porque eu quero ser gay, as pessoas nascem gay."

 

Casamento coletivo
Um casamento coletivo abriu a parada gay em frente ao Congresso Nacional. Ao todo, nove casais do sexo feminino e um do masculino selaram as uniões no primeiro evento do tipo para pessoas do mesmo sexo realizado na capital. A PM estima que mil pessoas acompanharam o casamento.

 

Os participantes da cerimônia foram casais de baixa renda que procuraram a organização da parada. Ela contou também com o apoio da Embaixada da Bélgica, que promoveu uma recepção aos casais na sexta-feira (26).

 

"Gosto muito do lugar aqui, é um casamento muito simbólico em frente ao Congresso, em um ambiente, em geral, positivo. É muito forte para todas as comunidades do mundo", disse o embaixador belga, Jozef Smets, casado com Cristophe Degraeuwe há 13 anos.

 

'Grande passo'
Ana Flávia Teixeira e Mariléia da Rocha estão juntas há sete anos e chegaram a fazer um casamento simbólico em uma cachoeira de Pirenópolis, em Goiás, durante uma viagem. Para o casal, agora unido no papel, o casamento representa uma nova fase. "Ainda temos muitas coisas para conquistar, mas vamos continuar lutando, vamos continuar avançando", falou Ana Flávia.

 

Casal do sexo feminino se prepara para entrar na cerimônia de casamento em frente ao Congresso Nacional, em Brasília (Foto: Isabella Formiga/G1)
Casal do sexo feminino se prepara para entrar na
cerimônia de casamento em frente ao Congresso
Nacional, em Brasília (Foto: Isabella Formiga/G1)
 

Para Mariléia, poder se casar em frente ao Congresso é um marco histórico. "Nossas conquistas são realmente passo a passo. Nenhuma revolução, nenhuma guerra, nenhuma paz é conquistada de uma hora para outra. Tudo são passos e hoje, estar casando em frente ao Congresso, é um grande passo."

 

"Nós temos problemas como todo casal, como todo casal hétero. Na verdade o que a gente pensa e quer é a construção familiar. As pessoas pensam que casal homossexual é promíscuo, é promiscuidade, e a gente está aqui para provar que não, não somos promíscuas, queremos ter famílias, queremos construir, questões que todos os casais querem, independente da sexualidade. O que a gente faz entre quadro paredes só nós interessa, não interessa a mais ninguém", disse Mariléia.

 

A drag queen Baby de Brasília também considerou a iniciativa um "avanço". "É fantástico. O casamento é fantástico porque, pela primeira vez, a gente tem um ato coletivo de união. É muito representativo na capital porque a gente nunca teve esse ato, e por isso ele simboliza avanços que a gente não tem", diz.

 

Único casal do sexo masculino que participou de cerimônia coletiva neste domingo  (Foto: Isabella Formiga/G1)
Único casal do sexo masculino que participou de cerimônia coletiva neste domingo (Foto: Isabella Formiga/G1)
 

O único casal do sexo masculino a participar da cerimônia foi também o que mais se emocionou. "Receba essa aliança como símbolo do meu amor e da minha fidelidade, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, até que a morte nos separe", disse ao companheiro o estudante Raphael Kelvin, momentos antes de trocar alianças e selar o matrimônio com um beijo.

 

*colaborou Isabella Formiga, do G1 DF