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NOTÍCIA

Banco da Inglaterra revela segredo ao enviar e-mail por engano a jornalistas

Data: Sábado, 23/05/2015 00:00
Fonte: Por O Globo | Agência O Globo

CentroGrandeBLOOMBERG NEWS/28-01-2004GRAHAM BARCLAYTrabalhador passa na frente do Banco da InglaterraLONDRES - O segundo mandato do primeiro-ministro britânico, David Cameron, mal começou. Mas já contabilizou um primeiro embaraço - provocado pelo presidente do Banco da Inglaterra, Mark Carney. Ele virou alvo da ira de parlamentares trabalhistas e conservadores depois que a instituição se viu obrigada a admitir ontem que vinha, secretamente, investigando os impactos financeiros de uma possível saída do Reino Unido da zona do euro, o chamado "Brexit". E tudo por conta de um e-mail confidencial enviado por engano a jornalistas do diário "Guardian".

 

O e-mail continha detalhes de um estudo intitulado "Projeto Bookend", encomendado pelo banco para avaliar os cenários econômicos caso o Reino Unido deixe União Europeia num eventual referendo - que Cameron deseja promover em 2017. Segundo o "Guardian", o e-mail foi enviado pelo diretor de estabilidade financeira do banco, Sir Jon Cunliffe, a quatro executivos do alto escalão da instituição e, posteriormente, à imprensa.

 

Chamaram a atenção, sobretudo, os repetidos apelos para que os trabalhos de análise da força-tarefa ficassem em segredo e não tivessem caráter político. E a ordem era clara. De acordo com o "Guardian", se alguém perguntasse sobre o projeto, deveria receber como resposta que "a investigação nada tem a ver com o referendo e que os funcionários estão apenas examinando uma vasta gama de assuntos econômicos europeus".

 

Diante do mal-estar, o Banco da Inglaterra se viu obrigado a explicar.

 

"Não deveria ser surpresa que o banco está promovendo este tipo de trabalho sobre uma declarada política de governo. Há uma série de questões econômicas e financeiras que surgem no contexto da renegociação e do referendo nacional. É uma das responsabilidades do banco avaliar aquelas que se relacionam com seus objetivos", diz o comunicado.

 

O Banco insistiu, ainda, ter o direito de promover tais estudos secretamente. E fez uma analogia com os trabalhos feitos antes do referendo do ano passado sobre a independência da Escócia.

 

"Não é sensato para falar sobre este trabalho publicamente com antecedência. Mas, como com o trabalho feito antes do referendo escocês, vamos revelar os detalhes no momento oportuno", assegurou a instituição.

 

A revelação, porém, desperta dúvidas. E muitos britânicos já se questionam se é apropriado para o banco realizar tais estudos em segredo - sobretudo quando o presidente da instituição, sob fogo cruzado de políticos em dezembro passado, anunciou uma série de medidas para aumentar a transparência do Banco da Inglaterra.

 

Segundo o "Guardian", a expectativa, agora, é que os deputados - tanto governistas quanto opositores - questionem o banco. O Parlamento vai querer saber se, em algum momento, seria comunicado sobre essa movimentação. E se há, ainda, outros projetos correndo em segredo.