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NOTÍCIA

Aliados garantem vida fácil a Cunha

Homens fortes colocados estrategicamente em postos-chaves defendem e auxiliam seu trabalho

Data: Domingo, 17/05/2015 00:00
Fonte: O Tempo
 
 
 
 
APARTE
Peso. Cunha mostra força desde a eleição para o comando da Casa, quando foi eleito em primeiro turno
 

BRASÍLIA. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), tem fiéis escudeiros na Câmara, dentro e fora de seu partido. São parlamentares que atuam em várias linhas de frente, seja defendendo Cunha das acusações na operação Lava Jato ou viabilizando aprovação de projetos de interesse do presidente, como a proposta de diminuição de ministérios e a da redução da idade penal. Os “Homens de Cunha” estão em postos-chaves, como presidências da CPI da Petrobras, Hugo Motta (PMDB-PB); da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Arthur Lira (PP-AL); e da Comissão Especial da Maioridade Penal, André Moura (PSC-SE).

 

 

Líder sindical e envolvido em algumas das cenas mais inusitadas na Câmara nesta legislatura – a soltura de ratos na CPI da Petrobras e o voo de dólares falsos durante a votação do ajuste fiscal – o deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o Paulinho da Força, é pau para toda obra a serviço de Cunha. Atuou com vigor na aprovação do projeto da terceirização, como queria Cunha, e faz a defesa do presidente na CPI.

 

Na última terça-feira, Paulinho foi o único a ter permissão de entrar na Presidência do Senado, no encontro a portas fechadas do presidente Renan Calheiros com Cunha. O parlamentar diz que conversa todos os dias com Cunha. Naquele dia mesmo, os dois haviam se encontrado na residência oficial da Câmara, por volta do meio-dia. À tarde, Paulinho e a Força organizaram um barulhento protesto no Salão Verde, após ter conseguido autorização da presidência para colocar seus manifestantes para dentro do plenário, nas galerias.

 

“Converso com ele todos os dias. Se não está aqui, vou à residência”, diz Paulinho.

 

No partido, Cunha conseguiu eleger Leonardo Picciani (RJ) para líder do PMDB na Câmara. Mas a disputa criou fissuras com importantes aliados, como Danilo Forte (PMDB-CE) e Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), que perdeu a disputa para líder por um voto para Picciani. Vieira se reaproximou de Cunha e eles se juntaram no papel de confrontar o Palácio do Planalto. Assegura que os laços com o presidente permanecem fortes.

 

“Se eu ligo e ele não pode atender, ele me liga imediatamente ou manda mensagem. Mas nunca deixa de atender”, conta Lúcio Vieira.

 

Na CPI da Petrobras – Cunha é investigado pelo STF nesse inquérito – o presidente escalou seu time de apoiadores. Celso Pansera (PMDB-RJ) é desse grupo. Defensor de Cunha, diz acreditar na sua inocência:

 

“Conheço Eduardo Cunha pessoalmente desde 2013, quando me filiei ao partido. Trabalhei para sua eleição a presidente da Câmara. Estou na CPI mas ele nunca me fez qualquer pedido. Minha sensação é de que ele não tem qualquer envolvimento no caso”, diz.

 

O líder Leonardo Picciani segue à risca o script de Cunha, a ponto de repetir suas expressões cotidianas. Suas orientações à bancada são discutidas com o presidente da Câmara, que tem dito que o partido vive seus melhores momentos.

 

Mais um aliado, Hugo Motta (PMDB-PB) preside a CPI da Petrobras e, com frequência, irrita os petistas na condução dos trabalhos, como gosta Cunha. Já foi acusado pelo PT de fazer vazamentos seletivos de informações que chegam à comissão, o que sempre nega.

 

Também aliado de primeira hora, o deputado André Fufuca (PEN-MA) fez parte da comissão que chegou a ir ao Hospital Sirio-Libanês, em São Paulo, em março, para checar se de fato o então ministro da Educação, Cid Gomes – algoz de Cunha – estava com problemas de saúde. Graças a isso, ganhou a relatoria da CPI das Órteses e Próteses, missão que sempre dá visibilidade no Congresso.

 

André Moura (PSC-SE) talvez seja o mais polivalente da tropa de choque. Ele trabalhou arduamente pela admissibilidade da proposta de redução da idade penal, defendida por Cunha, e conquistou a presidência da comissão que vai discuti-la. Na CCJ, relatou a PEC de autoria do próprio Cunha que prevê a redução dos ministérios de 38 para 20.

 

Desagravo
Apoio
. Na CPI da Petrobras, André Moura foi um dos mais enfáticos defensores de Cunha, quando este prestou depoimento. “As acusações são muito frágeis”, disparou.