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NOTÍCIA

Protesto de motoristas fecha por 2 h todos os terminais de ônibus de SP

Categoria exigia reajuste salarial e manteve bloqueio das 10h às 12h. Dia começou com um protesto de morotistas de micro-ônibus no Centro.

Data: Terça-feira, 12/05/2015 00:00
Fonte: Márcio Pinho e Tatiana Santiago Do G1, em São Paulo
 
 
 

 

Todos os 29 terminais de ônibus da cidade de São Paulo e mais quatro terminais que operam em estações do Metrô fecharam na manhã desta terça-feira (12) por conta de paralisação dos motoristas e cobradores. Eles reivindicavam reajuste salarial. A São Paulo Transporte (SPTrans) destacou que as negociações deveriam prosseguir sem afetar a população. São Paulo tem 14.768 ônibus que percorrem 1.388 linhas, segundo a SPTrans para atender 3,8 milhões de passageiros todos os dias.

 

O protesto nos terminais durou duas horas, das 10h às 12h desta terça. Após o meio-dia, os ônibus começavam a ser manobrados para deixar os terminais, mas com a grande concentração de veículos parados, a situação deve demorar para se normalizar.

 

Os problemas para os passageiros começaram logo no início da manhã com uma manifestação de motoristas de micro-ônibus que fazem o transporte entre cidades da Grande São Paulo reuniu cerca de 60 veículos parados na Rua Boa Vista, Centro de São Paulo. O ato não tinha relação com o protesto dos motoristas e cobradores de ônibus.

 

Às 6h45, os micro-ônibus ocupavam duas das três faixas, em frente à Secretaria Estadual dos Transportes Metropolitanos, na altura do número 175. Apenas uma faixa e a ciclovia ficaram liberadas, mas havia carros e pessoas passando pela via de bicicletas.

 

Paralisação de motoristas e cobradores de ônibus, na manhã desta terça-feira (12), no Terminal Dom Pedro II, em São Paulo (Foto: Paulo Lopes/Futura Press/Estadão Conteúdo)
Paralisação de motoristas e cobradores de ônibus, na manhã desta terça-feira (12), no Terminal Dom Pedro II, em São Paulo (Foto: Paulo Lopes/Futura Press/Estadão Conteúdo)
 

Por volta de 9h55, os motoristas bloquearam a saída do Terminal Parque Dom Pedro II e deram início ao protesto nos terminais de ônibus. Passageiros foram avisados pelo sistema de som do terminal de que a paralisação deixaria as linhas fora de operação entre 10h e 12h. O mesmo anuncio também foi divulgado na estação Pinheiros da CPTM. Logo a paralisação atingiu todos os terminais de ônibus operados pela SP Trans.

 

O presidente do Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano, Valdevan Noventa, disse que a manifestação desta terça “é um alerta para todos”. Ele afirmou que a manifestação por reajuste salarial ocorre após três tentativas frustradas de negociação entre o sindicato e o setor patronal.

 

Segundo ele, foi oferecido reajuste de 7,21%, PLR de R$ 600, e tíquete refeição de R$ 17,69. A categoria reivindica aumento da inflação mais 7%, PLR de R$ 2 mil e vale refeição de R$ 22.

 

Em nota, a SP Trans destacou a necessidade de as conversas sobre salário seguissem e a operação do sistema não sofresse descontinuidade. "É fundamental que as duas partes negociem e cheguem a um acordo para que a população não seja prejudicada", diz nota.

 

Auxiliar de depósito Cláudio José dos Santos aguarda ônibus durante ato (Foto: Tatiana Santiago/G1)
Auxiliar de depósito Cláudio José dos Santos
aguarda ônibus durante ato (Foto: Tatiana
Santiago/G1)
 

Sem condução
Muitos passageiros procuraram outras formas de transportes. Alguns, no entando, resolveram esperar nos terminais de ônibus, apesar da filas. O auxiliar de depósito Claudio José dos Santos, que teve o pé amputado após ser atropelado, estava indo ao hospital trocar o curativo quando ficou parado no Terminal Parque Dom Pedro. Morador de Pirituba, na Zona Norte, ele saiu às 6h de casa e pegou 2 ônibus para chegar ao terminal. "Agora vou esperar, tenho dificuldade de locomoção. Se soubesse antes do protesto tinha saído de casa mais cedo".

 

A dona de casa Maria Madalena, de 67 anos, também apresentava dificuldades de locomoção, e saiu de um hospital na Zona Sul e seguia para sua casa em Itaquera quando foi obrigada a ficar parada no Terminal Parque Dom Pedro II. "Tô com dificuldade de respirar, não posso andar muito", lamentou ela, que vai esperar por duas horas o retorno da circulação dos ônibus.

 

A dona de casa Raiana Ribeiro, de 19 anos, pretendia acompanhar sua mãe em consulta em um hospital de Santo Amaro, mas foi surpreendida pela paralisação no terminal. "Agora vou ter que esperar aqui. Não tem o que fazer", disse a passageira.

 

Dona de casa Raiana Ribeiro afetada pela manifestação (Foto: Tatiana Santiago/G1)
Dona de casa Raiana Ribeiro afetada pela manifestação (Foto: Tatiana Santiago/G1)
 

No Terminal Santo Amaro, na Zona Sul, a auxiliar de limpeza Sebastiana da Silva só queria ir para casa. "Saí as 6h do trabalho e vim tirar o RG da minha filha no Poupatempo Santo Amaro. Estou precisando ir para casa dormir e não consigo".

 

"Acho muito errado [a paralisação]. A gente depende disso", afirmou a aposentada Maria Menina Francisca Oliveira, de 72 anos. Ela se queixava de ter perdido consulta com oncologista na Universidade de Santo Amaro, que oferece atendimento pelo SUS. Ela saiu de casa em Guarulhos, às 8h e cruzou a Grande São Paulo até chegar em Santo Amaro por volta das 10h15. Perdi a consulta e não tem como voltar."

 

Protesto melhora o trânsito
A paralisação dos motoristas e cobradores acabou provocando uma melhora no trânsito de São Paulo na metade da manhã. O trânsito melhorou 40% após o início do protesto. Por volta de 11h, a Capital somaba 36 km de filas, lentidão abaixo da média para o horário, que varia entre 49 km e 79 km de filas. às 10h30 havia 62 km de filas. Uma hora depois, a lenditão tinha caído quase que pela metade, para 36 km.

 

Terminal fica lotado de ônibus durante paralisação de duas horas programada pelos motoristas em protesto contra proposta de aumento feita pelo sindicato patronal em São Paulo (Foto: Reprodução/TV Globo)
Terminal fica lotado de ônibus durante paralisação de duas horas programada pelos motoristas em protesto contra proposta de aumento feita pelo sindicato patronal em São Paulo (Foto: Reprodução/TV Globo)