A decisão da Polícia Civil de indiciar 19 pessoas pelo desabamento do viaduto Batalha dos Guararapes, em Belo Horizonte, incluindo o ex-secretário de Obras, funcionários da prefeitura e engenheiros das duas construtoras, provocou uma troca de acusações entre as empreiteiras.
O delegado Hugo e Silva apontou que erros de cálculo do projeto da Consol, que não foram verificados pela Cowan, provocaram a tragédia.
— Houve uma sucessão de erros de cálculos, erros algébricos que redundaram em um dimensionamento errado do aço (...). Era previsível que um erro grave num projeto daquela magnitude poderia ocasionar o desabamento. A Sudecap, a Consol e a Cowan tinham o dever e podiam ter agido. As normas técnicas são claras de que eles deveriam ter feito a revisão do memorial de cálculo de todos os projetos.
Resposta dos indiciados
Em nota, o presidente da Consol afirmou que há um ano alerta para erros da Cowan na execução dos cálculos.
"Todo o nosso trabalho de análise da obra, depois do acidente, confirmou nossa assertiva do dia 23/07/2014 de que ocorreram grandes mudanças no projeto e ocorreram problemas executivos graves".,
A Cowan rebateu e afirmou confiar na inocência de seus empregados.
"A perícia do Instituto de Criminalística afirma, de forma categórica, que o viaduto caiu por erro de cálculo do projeto do bloco do Pilar P3, elaborado pela Consol (...) Além disso o próprio Diretor do Instituto de Criminalística afirmou que a Cowan executou 'rigorosamente como previsto” o projeto da Consol'".
O ex-secretário de Obras, Lauro Nogueira, não quis se pronunciar. A Prefeitura de BH informou que "emitirá pronunciamento oficial sobre o assunto assim que tomar conhecimento do inteiro teor do relatório".
O relatório de 1.200 páginas, que demorou 10 meses para ficar pronto, será entregue à Justiça nesta quarta-feira (6). Todos os indiciados vão responder por dois homicídios com dolo eventual (quando se assume o risco de matar), 23 tentativas de homicídio com dolo eventual e crime de desabamento, que colocou a sociedade em risco.
Foram responsabilizados o secretário municipal de Obras na época, José Lauro Gomes Terror, três representantes da Consol, que fez o projeto do viaduto, oito da empreiteira Cowan, que construiu a estrutura, além de 8 funcionários da PBH. A polícia confirmou que houve cálculo errado de aço e concreto usados nos pilares do viaduto.