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NOTÍCIA

'Vaccari tem papel semelhante ao de Youssef, ou seja, um operador', diz PF

Vaccari foi preso nesta quarta-feira (15) e ficará detido na PF em Curitiba. Esta foi a 12ª fase da Lava Jato, que investiga corrupção na Petrobras.

Data: Quarta-feira, 15/04/2015 00:00
Fonte: Adriana Justi e Bibiana Dionísio Do G1 PR
 
 
Polícia Federal concedeu coletiva sobre a 12ª fase da Lava Jato (Foto: Reprodução/RPC)
Polícia Federal concedeu coletiva sobre a 12ª fase da
Lava Jato (Foto: Reprodução/RPC)
 

A Polícia Federal (PF)  afirmou nesta quarta-feria (15) que o tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT), João Vaccari Neto, preso pela Operação Lava Jato nesta manhã, tem praticado crimes envolvendo desvio de dinheiro da Petrobras possivelmente desde 2004.



Os agentes definiram as ações criminosas de Vaccari têm tom de desafio às instituições.

 

“Em relação à Petrobras, Vaccari tem papel semelhante ao de Youssef, ou seja, um operador”, disse o procurador do Ministério Público Federal (MPF), Carlos Fernando dos Santos Lima.



Vaccari foi preso pela 12ª fase da Operação Lava Jato – que começou em março de 2014. De acordo com a PF, Vaccari saia para se exercitar no momento em que foi preso. Ele não resistiu à prisão.



Além da prisão de Vaccari, a esposa dele Giselda Rousie de Lima teve um mandado de condução coercitiva e foi ouvida em casa. Para a polícia, a fala dela não acrescentou nada à investigação. "O depoimento não foi proveitoso", segundo a PF.

 

Há ainda um mandado de prisão temporária contra a cunhada de Vaccari, Marice Correa de Lima. Entretanto, ela não foi localizada. Além de um mandado de busca e apreensão.

 

A Polícia Federal disse ainda que a família de Vaccari tem diversas operações financeiras suspeitas de valores significativos. Foram, ainda conforme a polícia, realizados depósitos no total de R$ 300 mil em três anos.



“Não há indicativo de crime, apenas suspeita de que estes valores tenham origem ilícita”, afirmou o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima. Além disso, operações de compra e venda de um apartamento por parte da cunhada do tesoureiro também são investigadas.



Segundo a polícia, Marice de Lima adquiriu um apartamento por R$ 200 mil e o vendeu para a empresa OAS por R$ 400 mil. Este mesmo imóvel, conforme as investigações, foi vendido pela empreiteira por um valor menor. “Aparentemente é uma operação típica de lavagem de dinheiro”, pontuou o procurador.

 

"Está claro o total desrespeito de Vaccari Neto com relação à Justiça e às leis brasileiras", disse o delegado da Polícia Federal Igor Romário de Paula. O delegado acrescentou ainda que existe material contundente para provar as  irregularidades do tesoureiro.



Além disso, confome o delegado, Vaccari foi citado por pelo menos cinco suspeitos que firmaram acordo de delação premiada para repassar informações sobre o esquema existente na Petrobras.

 

Ainda de acordo com o delegado, nem mesmo o processo contra Vacarri envolvendo a Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop) o intimidou. O Ministério Público de São Paulo denunciou o tesoureiro do PT por suspeita de desvio de dinheiro da Bancoop para campanha eleitoral em 2010.

 

Ação da Petrobras
Ao analisar o papel de Vaccari no esquema bilionário de corrupção, desvio e lavagem de dinheiro – desvendado pela operação Lava Jato – a Polícia Federal e o Ministério Público Federal consideram que o tesoureiro tem função similar a do doleiro Alberto Youssef.



Vaccari foi denunciado pelo MPF por ser suspeito de participar de reuniões com o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque para tratar de pagamentos de propina, que era paga por meio de doações oficiais de empreiteiras ao PT.



Dessa maneira, os valores chegavam como doação lícita, mas eram oriundas de propina. O MPF aponta que foram 24 doações em 18 meses, no valor de R$ 4,260 milhões. Contudo, tanto a Polícia Federal, quanto o MPF dizem não ser possível afirmar quanto foi de fato foi doado e quanto foi arrecada de forma ilícita.

 

A Lava Jato
A Operação Lava Jato foi deflagrada pela PF em março e 2014 e investiga um esquema  bilionário de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. A última fase da operação foi deflagrada na última sexta-feira (10) e prendeu sete pessoas. Entre elas três ex-deputados federais: André Vargas, Luiz Argôlo (SDD-BA) e Pedro Corrêa (PP-PE).

 
OPERAÇÃO LAVA JATO
PF investiga lavagem de dinheiro.
 

Na terça-feira (14), A Justiça Federal determinou que parte dos presos da 11ª fase fosse solta. Os suspeitos foram detidos em regime temporário.

 

São eles: Ivan Vernon Gomes Torres Júnior, ex-funcionário do ex-deputado Pedro Corrêa (PP-PE), Elia Santos da Hora, secretária do ex-deputado federal Luiz Argôlo, e Leon Vargas, irmão do ex-deputado federal André Vargas. Outro preso que estava em regime temporário, o publicitário Ricardo Hoffmann teve a prisão convertida em preventiva, a pedido do Ministério Público Federal (MPF).

 

Denúncias
O ex-gerente da estatal Pedro Barusco, que também é investigado pela Justiça, afirmou em delação premiada que Vaccari recebeu cerca de R$ 200 milhões em nome do PT no esquema investigado pela Lava Jato. As apurações da PF apontam que as propinas eram pagas por empreiteiras que firmavam contratos com a petroleira.

 

O tesoureiro também aparece em depoimentos de outro delator da Lava Jato, o doleiro Alberto Youssef, apontado como um dos operadores da propina. Ele disse que chegou a enviar um funcionário para a frente da sede do PT em São Paulo com R$ 400 mil para serem entregues a Vaccari.

 

CPI
Na semana passada, Vaccari deu depoimento à CPI da Petrobras, na Câmara. Em uma sessão longa, negou que tivesse participação no esquema.

 

O depoimento de Vaccari na CPI também ficou marcado por um protesto em que um funcionário da Câmara soltou roedores na sala, causando tumulto.