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NOTÍCIA

Mestranda estuda efeitos do cerrado em anfíbios e répteis

Data: Terça-feira, 10/03/2015 00:00
Fonte: Da Assessoria


 

A aluna do Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas, do Instituto de Biociências (IB) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Mara Souza de Albuquerque e Silva, fará a defesa pública da dissertação de mestrado em Ecologia e Conservação da Biodiversidade, na próxima segunda-feira (16), às 15h, no auditório Vangil Pinto da Silva, CCBS III. Orientada pela professora doutora Christine Strüssmann, a mestranda defenderá a dissertação "Efeitos da amostragem e de variáveis locais e de paisagem sobre anfíbios e répteis em uma área de cerrado".


A banca será composta pelos professores doutores Jerry Magno Ferreira Penha, Paula Hanna Valdujo, Marcos André de Carvalho (suplente) e Christine Strüssmann (orientadora).


Resumo - Esta dissertação está estruturada em dois capítulos. No primeiro capítulo, a mestranda aborda os inventários e monitoramentos faunísticos que são exigidos por lei para o licenciamento de empreendimentos que causam impactos significativos ao meio ambiente. No entanto, dois importantes questionamentos são recorrentes durante a decisão de como desenvolver esses inventários: quais métodos de amostragem e que grupos taxonômicos são mais apropriados para avaliar os potenciais impactos de determinado empreendimento. A herpetofauna é um dos principais grupos comumente escolhidos como indicadores de impactos ambientais. Por meio de um sistema de amostragem padronizado – Rapeld – e pontos adicionais, Mara Silva apresentou uma lista de espécies de anfíbios Anura e répteis Squamata presentes em uma área de cerrado, no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso, Centro-Oeste do Brasil. Adicionalmente, fez comparações sobre a eficiência relativa dos métodos de amostragem utilizados, considerações sobre a variação temporal, locais de amostragem e discutiu o emprego do Rapeld para amostragens da herpetofauna em estudos de impactos ambientais.


Foram registrados ao total de 579 indivíduos, distribuídos em 57 espécies: 20 anuros e 37 répteis – 18 lagartos, 18 serpentes e uma de anfisbênios. Nas parcelas do módulo Rapeld, foram registradas 34 espécies (59% do total) e foram mais eficientes nos registros de répteis, especialmente lagartos. As procuras noturnas realizadas nas parcelas do módulo Rapeld foram pouco eficientes no registro de todos os grupos e representaram cerca de um terço dos registros mediante armadilhas.


Nas procuras noturnas realizadas nos pontos adicionais, foram registradas 16 espécies (29% do total), e foram mais eficientes para o registro de anfíbios. A terceira campanha, marcada pelo início do período chuvoso, foi a que apresentou maiores valores para todo o estudo para todos os grupos amostrados. A paisagem onde as parcelas sistematicamente distribuídas estão inseridas teve grande influência na amostragem. Como o Cerrado apresenta um mosaico de fitofisionomias e a maioria das espécies de anfíbios e lagartos é considerada habitat-especialista, a eficiência do Rapeld para a amostragem de um grupo específico varia com o tipo de ambiente no qual ele é implementado.  Embora estudos de impacto ambiental sejam importantes fontes para ampliação do conhecimento sobre a herpetofauna no cerrado, o tempo e os recursos para esses estudos são muitas vezes limitados. A escolha dos grupos estrategicamente mais adequados devem ser feitas com base nos padrões ou processos ecológicos que melhor respondem aos impactos causados pela implementação dos empreendimentos.


No segundo capítulo, investiga a influência de variáveis ambientais escala local – porcentagem de cobertura do dossel, volume médio de serapilheira e textura do solo – e de paisagem – diversidade de unidades de paisagem – na riqueza, abundância e composição de espécies de lagartos de hábitos terrestres em uma área de cerrado. Lagartos têm sido considerados bons modelos para estudos de padrões de distribuição de espécies em diferentes escalas, por serem pequenos, pouco móveis e fortemente influenciados pelas condições ambientais e espaciais. Lagartos do cerrado são, em sua maior parte, hábitat-especialistas, com diferenças de abundância previsíveis ao longo do mosaico de fitofisionomias, havendo maior riqueza e endemismo nas áreas abertas do que nas florestadas. Desta forma, os lagartos do cerrado tornam-se bons modelos para investigar o padrão de distribuição de espécies e como elas respondem a variáveis ambientais em diferentes escalas, no entanto, pouco tem sido explorado. Em 12 parcelas sistematicamente distribuídas por um sistema de amostragem padronizado, espécies de lagartos foram registradas por meio de armadilhas de interceptação e queda. As variáveis locais foram mensuradas em campo e as de paisagem, extraídas por imagem de satélite. Foram capturados 170 indivíduos, distribuídos em 13 espécies e seis famílias. As variáveis locais e de paisagem não apresentaram influência significativa na riqueza e abundância das espécies de lagartos. Contudo, a composição faunística variou com diferentes porcentagens de cobertura de dossel e diversidade de paisagem. Foi demonstrada a presença de espécies de lagartos que exploram o ambiente de diferentes formas, o que sugere maior especialização de hábitat.


O cerrado sensu stricto, que apresenta porcentagens intermediárias de cobertura do dossel, foi utilizado como hábitat principal pela maioria das espécies. Constitui a matriz da área de estudo, com extensão contínua e com grandes proporções em todos os pontos amostrais. A dominância dessa unidade de paisagem parece ter exercido maior influência para a ocorrência das espécies que a heterogeneidade da paisagem. No entanto, mesmo as baixas proporções das outras unidades de paisagem – matas de galeria e vereda – permitiram maior diversidade local de paisagem e foram essenciais para influenciar a composição de espécies de lagartos na área de estudo, permitindo a presença de formas com hábitos peculiares e exclusivas desses ambientes.


Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (65) 3615 8878.