Preso sob acusação de desviar R$ 62 milhões da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (AL-MT), o ex-deputado José Riva (PSD) divide cela com um professor de 64 anos, acusado de abusar de pelo menos oito alunos dele, no Centro de Custódia de Cuiabá, cujo prédio fica nas proximidades do Centro de Custódia de Cuiabá. O professor foi preso em 2012 e já foi condenado pela Justiça a mais de 13 anos de prisão por conjunção carnal com um adolescente de 14 anos.
José Riva foi preso pelo Grupo de Atuação e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) no último sábado (21), durante a 'Operação Imperador'. Ele só terá direito a receber visita da família na próxima quarta-feira (25). As visitas na unidade prisional ocorrem todas as quartas e domingos. No entanto, o advogado poderá manter contato com o cliente em qualquer horário. O cardápio oferecido é o mesmo das outras unidades prisionais.
O G1 entrou em contato com o advogado do ex-parlamentar nesta segunda-feira (23), mas ele não atendeu as ligações. No entanto, no domingo (22), Valber Melo alegou que ainda não tinha tomado conhecimento do teor da decisão da juíza Selma Rosane Santos Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado, Contra a Ordem Tributária e Econômica, e que, por isso, não tinha apresentado recurso para tentar tirá-lo da prisão.
Riva teve a prisão preventiva decretada pela Justiça para não atrapalhar as investigações do Ministério Público Estadual (MPE) acerca do suposto desvio de dinheiro da Casa de Leis, no período em que era presidente da instituição. Ele ocupou cadeira de deputado estadual por mais de 20 anos e alternou entre exercer as funções de presidente e de primeiro-secretário, sempre como ordenador de despesas.
O esquema supostamente liderado por ele ganhou repercussão. Uma reportagem sobre o caso foi exibida no Fantástico deste domingo (22) no quadro 'Cadê o dinheiro que estava aqui?'. O jornalista Eduardo Faustini, o Repórter Secreto do telejornal, mostrou uma série de irregularidades cometidas durante as gestões do ex-presidente da Assembleia, considerado o maior 'ficha suja' do país'. Ele responde a mais de 100 ações na Justiça pelos crimes de improbidade administrativa e corrupção.
Para o desvio de recursos da Assembleia, o ex-presidente contava com a participação de empresários e de servidores do órgão. Com o apoio dessa organização, licitações de 'faz de conta' eram realizadas, com direcionamento para que as empresas que faziam parte do esquema vencessem o certame para fornecer mercadorias e serviços. No entanto, nada era entregue e 80% do dinheiro destinado às empresas para o pagamento das falsas compras voltava para as mãos de José Riva, segundo denúncia do Ministério Público. As empresas ficariam com 20% do valor da licitação.
Abuso de adolescentes
O professor dava aula na Escola Estadual Barão de Melgaço, no bairro Dom Aquino, em Cuiabá. Após denúncia anônima, o caso começou a ser investigado pela Polícia Civil. A investigação apontou que os adolescentes, com idades entre 12 e 14 anos, eram abusados sexualmente na chácara do suspeito que fica no Distrito Sucuri, na capital.