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NOTÍCIA

Moradores chamaram a polícia antes da morte de universitário em Santos

Testemunhas afirmam que vários roubos acontecem na porta da Unisanta. 'Perdemos um amigo da forma mais violenta possível', disse amiga.

Data: Quarta-feira, 04/02/2015 00:00
Fonte: Rodrigo Martins Do G1 Santos

 

Matheus Demétrio Soares foi baleado e morreu em Santos, SP (Foto: Matheus Demétrio Soares / Arquivo Pessoal)Matheus Demétrio Soares foi baleado e morreu em Santos, SP (Foto: Matheus Soares / Arquivo Pessoal)

Minutos antes da morte do estudante Matheus Demétrio Soares, de 19 anos, moradores da Rua Oswaldo Cruz, no bairro Boqueirão, em Santos, no litoral de São Paulo, chegaram a acionar a polícia. Pessoas que residem perto da Universidade Santa Cecília confirmaram ao G1 que uma viatura da Polícia Militar foi acionada por volta das 22h20, poucos minutos antes do assassinato do jovem. A Polícia Militar confirma os chamados e diz que as reclamações dos moradores são frequentes. O velório do estudante acontecerá na Igreja Presbiteriana, a partir das 10h. O enterro ainda não tem horário definido.


Matheus foi baleado na frente da Unisanta (Foto: Arquivo Pessoal)
Matheus foi baleado na frente da Unisanta
(Foto: Arquivo Pessoal)

De acordo com um morador, que preferiu não se identificar, ele mesmo acionou a polícia por causa de alguns focos de confusão. Ele conta que as brigas são rotineiras na região e que, durante as aglomerações, várias pessoas aproveitam para roubar e intimidar os estudantes que saem da universidade ou que param para beber nos bares da região.


No dia 19 de fevereiro do ano passado, o G1esteve na porta da Unisanta e flagrou a atuação de traficantes exatamente no mesmo lugar onde o estudante foi assassinado. Porções de maconha e lança-perfume eram vendidas a céu aberto na esquina da rua Oswaldo Cruz com a rua Lobo Viana.


A possibilidade do estudante ter reagido a um 'arrastão' também foi levantada por moradores, mas o delegado Luiz Ricardo Lara, da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), prefere se manter cauteloso. “Nós ouvimos alguns relatos de roubos, mas parecem situações isoladas. Não é possível afirmar que houve esse tipo de incidente. Porém, as investigações continuam para esclarecer o crime”, diz.


Delegado Lara falou sobre morte de estudante em Santos (Foto: Rodrigo Martins/G1)
Delegado Lara falou sobre investigações sobre a
morte de estudante (Foto: Rodrigo Martins/G1)

O delegado aponta que as imagens das câmeras de monitoramento podem ajudar a elucidar o caso. “Estamos dividindo a equipe para que faça um trabalho de campo, em busca de imagens que possam complementar as investigações. Essa procura será feita em estabelecimentos comerciais e residências. Além disso, a polícia dependerá do auxílio das centenas de pessoas que ali estavam e presenciaram o crime, que poderão trazer novos elementos para escalerecer as investigações em curso. Isso tudo irá ajudar no inquérito policial”, comenta.



Segundo amigos do jovem, que era estudante do 2º ano de Sistemas da Informação, o suspeito de efetuar o disparo que o matou usava um boné e tinha aproximadamente 20 anos. Matheus estaria de costas quando o autor atirou, sem chances de reação. A tentativa de latrocínio – roubo seguido de morte – está descartada.



No entanto, Lara espera a identifcação do suspeito, para que as investigações sejam levadas para um outro estágio. “Vamos tentar identificar o autor e passar para uma segunda etapa, que é descobrir a motivação. O jovem estava de costas, conversando com amigos em frente a um bar, quando o suspeito chegou, falou alguma coisa e efetuou o disparo”, conclui.


Repercussão
Durante toda a madrugada e manhã, amigos de Matheus utilizaram as redes sociais para prestar homenagens ao jovem. "Perdemos um amigo da forma mais violenta possível. Como uma pessoa tem a capacidade de tirar a vida da outra na frente de todo mundo?", questionou a também universitária Thamires Souza.


Já Thayna Quedinho, amiga de Matheus, falou sobre as reuniões que deixam as ruas ao lado da Unisanta lotadas. "Sensação de importência. Toda sexta-feira era o mesmo 'fuzuê'. Enquanto alguns queriam apenas se divertir, tomar uma cerveja e conversar, a grande maioria queria apenas se aproveitar dos outros roubando, brigando e arranjando confusão. Descanse em paz, meu querido", disse.


Corpo de jovem estudante momentos após o crime (Foto: Rodrigo Martins/ G1)Corpo de jovem estudante momentos após o crime (Foto: Rodrigo Martins/ G1)