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NOTÍCIA

Valdir Moysés é cotado para assumir CGU

Sucateamento do órgão e falta de influência política fizeram o ministro Jorge Hage desistir do cargo

Data: Segunda-feira, 08/12/2014 00:00
Fonte: Por: Josie Jeronimo (istoÉ)

 

Em meio ao turbilhão de denúncias envolvendo a maior estatal do país, a presidente Dilma Rousseff começará seu segundo mandato com um novo ministro chefe da Controladoria-Geral da União (CGU). O órgão responsável por fiscalizar a aplicação de recursos públicos sairá das mãos de Jorge Hage e deve ser entregue ao assessor especial da Presidência Valdir Moysés Simão. O nome do governador não reeleito do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, também foi sondado, mas a opção por um profissional de perfil mais técnico e recém saído dos quadros da Presidência agradou mais os funcionários da CGU e o Planalto.



Na manhã de hoje (8), Hage confirmou as especulações que há dois meses tomavam conta dos corredores do órgão. Vai deixar a controladoria, posto que assumiu em junho de 2006. “Apresentei à presidente Dilma Rousseff a minha carta pedindo que ela me dispense do próximo mandato. A minha pretensão é não ter minha a nomeação renovada. Estou pedindo demissão. Já cumpri meu dever, dei minha contribuição. São 12 anos na Controladoria, nove deles como ministro”, afirmou em evento de registro ao Dia Internacional Contra a Corrupção.



Hage deixará a CGU em uma fase delicada. Pela primeira vez o órgão negocia acordos de leniência com empresas acusadas de lesar cofres públicos em esquemas de corrupção. Caberá ao sucessor dar sequência aos tratados previstos na Lei Anticorrupção, que entrou em vigor no início deste ano. Além das dificuldades institucionais das negociações de leniência, o substituto de Hage herdará uma CGU sucateada. O presidente da Unacon (Sindicato Nacional dos Analistas e Técnicos de Finanças e Controle), Rudinei Marques, afirma que a controladoria reduziu o número de fiscalizações por falta de servidores e lembra que a corregedoria da CGU foi despejada no ano passado por não ter verba para pagar o condomínio. O novo ministro será pressionado a nomear funcionários e realizar novos concursos, para o bom funcionamento do órgão. “A saída do ministro Hage era esperada por um quadro funcional há dois meses. Ele vinha com grande dificuldade de trânsito político. As declarações dele, sobre a Operação Lava Jato, já causavam constrangimento no Planalto. O portal da CGU fez 10 anos e o governo ignorou. O que acontece é que o cobertor é curto. A fiscalização de um município exige seis auditores. Para a Petrobras eram destacados dois ou três auditores. Eram dificuldades hercúleas. A CGU não tem equipe, não tem investimento. O ministro estava visivelmente insatisfeito”, afirma Marques.



O escândalo da Petrobras só acelerou o desgaste de Hage com o Planalto. Antes, ele teve desentendimento com a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, por fiscalizações em obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Em represália, a ministra recusou atendê-lo quando ele solicitou audiência para pedir nomeações de novos servidores para a CGU.