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NOTÍCIA

Com retorno de Nilmar, Inter reforça tradição de repatriar ídolos do clube

No atual elenco, o técnico Abel Braga e o meia Alex são outros exemplos

Data: Quarta-feira, 17/09/2014 00:00
Fonte: Globo Esporte

Já virou tradição. Volta e meia o Inter recorre a algum ídolo ou a jogadores que se destacaram com a camisa do clube em outros momentos para reforçar o elenco. Dar novo gás, agregar qualidade e, por consequência, injetar ânimo na torcida colorada. Foi o que aconteceu mais precisamente nesta terça-feira, com o anúncio do retorno de Nilmar, em uma negociação que já se arrastava há mais de um mês e criava expectativas. Aos 30 anos, o ídolo, que faz sua terceira passagem pelo Beira-Rio, onde foi revelado para o futebol, deixou sua marca, entre outros episódios, pelo gol marcado na decisão da Sul-Americana, contra o Estudiantes, em 2008.


Nilmar volta ao Inter após passagem pela Europa e pelo Catar (Foto: Editoria de Arte/GloboEsporte.com)Nilmar volta ao Inter após passagem pela Europa e pelo Catar (Foto: Editoria de Arte/GloboEsporte.com)

 

No seu retorno, Nilmar reencontrará ídolos de outras idas e vindas, como o meia Alex, em sua segunda passagem pelo Inter, e o técnico Abel Braga, que pela sexta vez comanda a equipe. O atacante assinou contrato de três anos.


- O jogador sempre deixou muito claro seu desejo de retornar, é um profissional que tem mercado no mundo inteiro. Deu um passo à altura da sua grandeza - comentou o vice de futebol colorado, Marcelo Medeiros, em entrevista à Rádio Guaíba.


Por mais que o objetivo seja ganhar qualidade dentro de campo, os jogadores repatriados, principalmente os que têm um carinho especial dos torcedores, por terem marcado, de alguma maneira, seus nomes na história do clube, mexem com o ambiente. Também é algo que o Inter espera.


nilmar inter (Foto: Divulgação)
Nilmar assina contrato com o Inter (Foto: Divulgação)

A volta de Nilmar se dá justamente em um momento que o Inter busca a retomada de vitórias após as eliminações da Copa do Brasil e da Sul-Americana, e de acumular quatro derrotas consecutivas no Brasileirão. Na última rodada, já venceu o Botafogo, dentro de casa. O próximo confronto é diante do Sport, em Recife, nesta quarta-feira. Ainda sem Nilmar, que precisa ser regularizado e treinar com o grupo para fazer sua estreia.


- Além de dar uma injeção de ânimo aos colegas, ele dá ânimo ao torcedor, é uma atração a mais. Tenho certeza que o torcedor colorado está bastante satisfeito para o retorno do atleta que tem toda essa identidade - ressaltou Medeiros.


- O importante é que o Nilmar é identificado com o Inter e com a torcida. Ele vai nos ajudar muito. Ele ficou muito contente com o final feliz - acrescentou o presidente Giovanni Luigi, presidente colorado, também à Rádio Guaíba.


História que se repete

abel alex inter 2006 (Foto: Divulgação)
Abel e Alex em treino do Inter em 2006 (Foto: Divulgação)

Foi no Inter que Nilmar conseguiu projeção nacional, entre 2002 e 2004. Promovido com 18 anos por Muricy Ramalho, em 2003, acabou vendido em 2004 para o Lyon, da França. Em 2007, foi repatriado. No ano seguinte, foi o herói da Sul-Americana, ao marcar na decisão contra o Estudiantes. Em 2009, foi negociado com o Villarreal. No total, disputou 150 partidas e marcou 64 gols pelo Inter. 


Abel Braga e Alex, já citados, também são considerados ídolos. Fazem parte das maiores conquistas do clube, Libertadores e Mundial. Nos seus retornos - o técnico seis vezes - as contratações ganharam destaque e foram saudadas pela torcida. 


Quando se fala de técnicos, especificamente, a lista de repatriados se completa com Falcão, Dunga e Fernandão. Três ídolos que deixaram suas marcas como jogadores, e voltaram ao clube para comandar o time após "aposentar as chuteiras". 


fernandão inter corinthians pacaembu (Foto: Alexandre Lops/Divulgação Inter)Fernandão também foi técnico do Inter (Foto: Alexandre Lops/Divulgação Inter)

 

Morto em junho deste ano em acidente de helicóptero, Fernandão deixou muitas lembranças. Chegou ao Beira-Rio em 2004, estreou com gol em Gre-Nal, o de número mil do clássico. Foi campeão da América e do Mundo. Deixou o Inter com 190 jogos e 77 gols para ir ao Al-Gharafa, do Catar, depois passou por Goiás e São Paulo, antes de voltar ao Colorado. Em julho de 2011, iniciou seu trabalho no cargo de diretor executivo. Um ano mais tarde, tornou-se técnico. Porém, o time encontrou dificuldades no Brasileirão e o ídolo deixou o comando perto do fim de 2012. 


falcão internacional treino (Foto: Lucas Uebel / Vipcomm)
Após jogar pelo clube, Falcão voltou como treinador (Foto: Lucas Uebel / Vipcomm)

Revelado pelo Inter em 1983, Dunga deixou o clube em 84 após conquistar títulos gaúchos. Retornou como jogador, em 1999, quando fez o gol que livrou o Inter do rebaixamento no Brasileiro na última rodada. Mais tarde assumiu como técnico da seleção brasileira. Voltou ao Inter em 2012 como treinador, e saiu em 2013, com a conquista de mais um Gauchão.


Também oriundo da base do Inter, Paulo Roberto Falcão fez parte do meio-campo que dominou o futebol brasileiro na década de 1970. Levou o clube ao octacampeonato gaúcho e conquistou três campeonatos brasileiros. Foi negociado com a Roma em 80. De volta ao Brasil, atuou no São Paulo. Isso sem contar as participações pela Seleção, onde também foi técnico, em uma rápida passagem. Em abril de 2011 assumiu o comando técnico do Colorado, conquistou o Gauchão, mas foi demitido após um início ruim no Brasileirão. 


Voltando aos que foram repatriados como jogadores, Tinga é outro nome a ser lembrado. Autor do o gol do título da Libertadores em 2006, saiu logo após a conquista para defender o Borussia Dortmund. Não participou da conquista mundial, mas marcou seu nome na história colorada e ganhou o carinho dos torcedores. Voltou ao clube em 2010, mesmo com propostas de outros clubes. À época, disse que "ouviu o coração" ao fazer a escolha. 


- Volto mais colorado ainda. Se eu pudesse ser duas vezes colorado, seria. Com todo o respeito aos outros, sou colorado mesmo. Não é para fazer média. Falo isso de coração - afirmou o jogador na ocasião.


Christian Inter (Foto: Alexandre Lopes/Divulgação Inter)
Christian comemora gol com Iarley e Índio pelo Inter (Foto: Alexandre Lopes/Divulgação Inter)

E por que não lembrar de "Jesus Christian"? O atacante iniciou a carreira no Inter. Na primeira passagem não teve muito destaque. Foi para Portugal e retornou ao Beira-Rio em 1996 para fazer sucesso. Anotou 23 gols no Brasileirão e tornou-se o maior artilheiro colorado em uma única edição da competição, e foi campeão gaúcho. Saiu do país mais uma vez, voltou, atuou pelo maior rival, o Grêmio, e em 2007 mais uma vez vestiu a camisa vermelha. Nesta passagem, porém, não teve destaque. 


Pelos tantos nomes, também há os que não tiveram seus retornos concretizados. Casos de Rafael Sóbis, Taison e Fred. Se nem todos entram para a galeria de ídolos, tiveram momentos de destaque e foram lembrados pela direção recentemente. Esforços foram feitos para repatriá-los, mas sem sucesso.


E para voltar um pouco no tempo, o ídolo Claudiomiro também saiu e voltou ao clube. Revelado na base colorada, entrou para a história ao marcar o primeiro gol do Beira-Rio em 6 de abril de 1969, sobre o Benfica, de Portugal. Permaneceu no Inter até 74 e conquistou títulos gaúchos. Atuou em outros clubes, como Botafogo e Flamengo, para retornar ao Colorado em 1979. Em razão de problemas com o peso, porém, teve menos chances. Foi neste mesmo ano que encerrou a carreira, com apenas 29 anos.


Em 2013, Claudiomiro foi convidado pelo Inter para plantar uma muda de grama no novo campo do Beira-Rio. Foi uma retribuição de carinho a um dos ídolos eternos do clube. 


Luigi e Claudiomiro plantam grama no Beira-Rio (Foto: Tomás Hammes / GLOBOESPORTE.COM)Luigi e Claudiomiro plantam grama no Beira-Rio (Foto: Tomás Hammes / GloboEsporte.com)