Um dos objetivos é descolar de Marina - que bateria Dilma por 48% a 41% no segundo turno, segundo o Datafolha - o rótulo de representante da nova política que a candidata do PSB tem reclamado para si.
"Para nós, a nova política é a Dilma, por tudo que ela tem feito, pela defesa dela na reforma política, ouvindo o povo através de uma Constituinte, através de um Plebiscito [ambos propostos após as manifestações de junho de 2013, mas que não foram efetivados], o que é diferente de uma proposta que a gente considera regressiva do ponto de vista político", disse Falcão.
A mudança de tom na campanha do PT tem sido cobrada por parte das alas mais à esquerda do partido, que acusaram Dilma Rousseff de dialogar pouco com os movimentos sociais, não entender a voz das ruas de e de fazer uma campanha "fria", incapaz de mobilizar o eleitorado.
Segundo pesquisa Datafolha feita entre 1 e 3 de setembro, Marina Silva venceria Dilma por 48% a 41% no segundo turno. No primeiro, a petista tem 35% e a pessebista, 34%.
Privatização
Outro objetivo é conseguir colar a Marina imagens que historicamente o PT colou nos candidatos do PSDB, como a de que a candidata do PSB favoreceria a privatização e daria mais poder ao mercado financeiro no comando da economia.
A proposta de reduzir o papel dos bancos públicos na oferta de crédito, como propõe Marina, poderia facilitar a venda das instituições, argumentou Falcão.
"Enfraquecer a Caixa e o Banco do Brasil pode mais tarde abrir campo para a privatização dessas instituições", disse o presidente do PT, incluindo a Petrobras na lista de estatais ameaçadas por um eventual governo Marina.
A proposta de autonomia formal ao Banco Central, também defendida pela candidata do PSB, tiraria o controle popular sobre a política econômica, argumentou Falcão.
"No nosso entendimento, [a autonomia formal do BC] significa você suprimir das pessoas que são eleitas pelo povo (...) a formulação da política econômica, das intenções do desenvolvimento para alguém que não é eleito, que vai ter mandato definido e que provavelmente será um represetante do sistema bancário-financeiro", disse Falcão.
Já as propostas de reforma política de Marina - como a implementação de um mandato de cinco anos para presidente e a coincidência das eleições que hoje acontecem a cada dois anos - foram apresentadas como prejudiciais à democracia.
"É um projeto antipopular, antinacional, é um projeto ortodoxo do ponto de vista da economia, conservador do ponto de vista dos direitos individuais, regressivo do ponto de vista da reforma política e prejudicial aos trabalhadores quando fala explicitamente que não viabilizar a terceirização das atividades-fim emperra o desenvolvimento das indústrias."
Falcão aproveitou ainda a declaração de apoio à Marina feita pelo Clube Militar - associação de oficiais da reserva, e que defende o golpe de 1964 como um movimento democrático - para alfinetar a adversária de Dilma.
"São pessoas que não gostam muito da democracia e alguns até tem o pé na ditadura, nas torturas, em tudo o que aconteceu de violento no regime militar. Espero que não sejam esses, não é? Mas é um direito é é um setor que tem influência em algumas corporações aí. Não sei se a candidata dialogou com eles, se vai dialogar."