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NOTÍCIA

Auxiliar de Dunga participa de negociação de atletas

Ex-jogador Mauro Silva, convidado para trabalhar na seleção, também é empresário

Data: Sexta-feira, 01/08/2014 00:00
Fonte: Eugenio Goussinsky, do R7
Mauro Silva afirma que não será remunerado pelo trabalho na CBFReprodução/Facebook


Empresa informa que faz intermediação de direitos federativosReprodução/site oficial empresa Mauro Silva

O novo auxiliar-técnico da seleção brasileira de futebol, o ex-jogador Mauro Silva, é proprietário de uma empresa que, entre outros serviços, faz a intermediação de direitos federativos de esportistas. Ele mantém a empresa Mauro Silva Sport & Business Plan, situada no bairro da Vila Olímpia, em São Paulo.  


O ex-jogador, que foi titular e companheiro de Dunga na conquista do tetracampeonato mundial, em 1994, assume em um momento polêmico pelo qual a CBF passa, após a indicação de Gilmar Rinaldi, que também estava naquele elenco como terceiro goleiro, para o cargo de coordenador de seleções no último dia 17 de julho.  


Rinaldi garantiu que, antes de assumir o cargo,  se desligou das funções de empresário de jogadores, que vinha exercendo depois que encerrou a carreira dentro das quatro linhas. Perguntado pelo R7 sobre o acúmulo de funções, Mauro Silva não disse que se afastará da empresa enquanto trabalhar na seleção brasileira.  


— Por enquanto não tenho nada a dizer. Quando puder, vou falar sobre estes detalhes. Sempre atendi a todos sem problemas, gentilmente. Quando peço para não falar, gostaria de ser respeitado.   


O empresário Mauro Silva irá integrar a comissão técnica nos amistosos do Brasil contra Colômbia e Equador, nos próximos dias 5 e 9 de setembro, nos EUA. Quando o nome de Mauro Silva foi anunciado, no último dia 23, Rinaldi afirmou que Mauro será apenas um 'assistente pontual'.   


A comissão técnica, porém, tem como prioridade o projeto de consultar periodicamente ex-campeões mundiais para darem assessoria a Dunga em questões técnicas e táticas. Andrey Lopes, que atuou com Dunga quando ele foi técnico do Internacional, em 2013, será o seu auxiliar fixo, segundo Rinaldi.   


— Teremos alguns jogadores convidados para nos ajudar. E o Mauro Silva foi o primeiro convidado para esses nossos primeiros jogos. 

 

Na visão de especialistas, o fato de Mauro Silva trabalhar como auxiliar, participando inclusive de decisões sobre a convocação de atletas, gera um conflito de interesses, já que a empresa dele trabalha com negociação de jogadores. O doutor em Comunicação do Esporte, Anderson Gurgel, professor da Universidade Mackenzie, em São Paulo, tem esta opinião.  

— Do ponto de vista de transparência nas ações, não é uma atitude correta da CBF. Ainda que o Mauro Silva argumente que se trata de um trabalho voluntário e sem remuneração, isso não coaduna com uma gestão moderna, e sim com uma prática de se misturar as coisas. Por que o Mauro Silva? Porque é amigo do Dunga? 
 

Pós-Copa
Gurgel afirma que a CBF está buscando se desvencilhar a qualquer custo do fiasco na última Copa do Mundo, quando o Brasil foi derrotado nas semifinais pela Alemanha, naquele fatídico 7 x 1 e, depois, pela Holanda, na disputa pela terceira colocação. Mas, segundo ele, não toma atitudes práticas para reestruturar o futebol brasileiro de maneira efetiva.  


— O modelo continua o mesmo. É uma estratégia ardilosa da CBF. Chama novos nomes, como Dunga, em estilo personalista, para tirar o foco de cima da responsabilidade dos dirigentes. A ausência de uma gestão moderna prevalece. Os nomes mudam, mas não o jogo, que continua flertando com os mesmos problemas éticos.  


Para a imprensa, no último dia 24, Mauro Silva declarou em comunicado que seu trabalho é voluntário, sem remuneração. E que será restrito às duas próximas partidas da equipe de Dunga. Ele aceitou a função mesmo tendo feito anteriormente críticas à CBF, dizendo, entre outras coisas, que a entidade era "um brinquedo de meia dúzia".  


O próprio técnico Dunga foi acusado de ter trabalhado como empresário em 2004, quando indicou o italiano Antonio Caliendo para negociar a contratação do meia Éderson junto ao RS Futebol. O treinador da seleção nega, diz que apenas apresentou as partes, tendo recebido a quantia de pouco mais de R$ 407 mil pelo serviço.   


Uma outra fonte, ligada a uma importante federação de futebol no Brasil, não se mostra surpresa com o fato de a entidade estar chamando nomes vinculados a negociação de jogadores para trabalhar na comissão técnica da seleção brasileira.

   

— O gasto da CBF com a última Copa do Mundo foi gigantesco. Agora a entidade precisa se recapitalizar depois da Copa do Mundo e há sim a chance de que sejam feitas negociações neste sentido.

 

colaborou Gustavo Alves, do R7