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NOTÍCIA

Polícia e Ministério Público fazem buscas na casa de filho de Whelan

Raymond Whelan ainda está foragido após pedido de prisão preventiva. Ele é acusado de facilitação para cambismo e corrupção ativa.

Data: Sábado, 12/07/2014 00:00
Fonte: Do G1 Rio

 

A Polícia Civil do Rio e o Ministério Público fizeram buscas nesta sexta-feira (12) na casa do filho do empresário Raymond Whelan, foragido após ter sua prisão pedida preventivamente pelo MP do Rio. Whelan é acusado de ser um facilitador de um esquema ilegal de venda de ingressos para a Copa do Mundo. As informações são da GloboNews.



Na casa do filho de Whelan, na Barra da Tijuca, o MP encontrou tíquetes de hospitalidade, dinheiro e ingressos para a Copa que já haviam sido utilizados. A casa estava vazia no momento da chegada do Ministério Público. Raymond Whelan é acusado de facilitação para o cambismo de ingressos e também de corrupção ativa.


A Polícia Civil do Rio também abriu um inquérito para apurar a conduta do advogado de CEO da Match Services, Raymond Whelan, suspeito de ter ajudado seu cliente a fugir do Copacabana Palace. Imagens das câmeras de segurança mostram Fernando Fernandes orientando o executivo, acusado de ligação com a máfia de ingressos da Copa, na saída do hotel nesta quinta-feira (10), minutos antes de policiais chegarem para cumprir mandado de prisão preventiva.

 

Em nota, o advogado disse que Whelan "não tinha conhecimento da ordem de prisão quando saiu do Copacabana Palace, que ele não está fugindo do Rio de Janeiro, nem do território nacional, e que o executivo tem liminar vigente e está aguardando as decisões judiciais às quais virá a se submeter". Fernandes disse ainda que, ao saber do inquérito contra ele, comunicou o fato à Comissão Nacional de Defesa do Direito de Defesa, do qual é membro e à presidência e à Comissão de Prerrogativa da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro, "pedindo assistência".


O texto diz ainda que, esta tarde, Fernando Fernandes foi ao gabinete da desembargadora Rosita Maria de Oliveira Netto, da 6ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, relatora do processo contra seu cliente, e pediu à garantia de cumprimento da liminar que libertou o executivo da prisão esta semana e o colocou à disposição para se apresentar à Justiça do Rio. Um recurso impetrado pelo advogado de Whelan contra a prisão preventiva decretada contra o inglês foi negado pela Justiça.



Foragido
Whelan é acusado de envolvimento na máfia da venda ilegal de ingressos para a Copa. Ele comanda a Match, que detém os direitos da Fifa sobre a venda de entradas para o evento. Nesta sexta, a empresa divulgou uma nota e afirmou acreditar que o termo “foragido” não seja apropriado ao CEO da empresa Raymond Whelan. O executivo teve a prisão preventiva decretada nesta quinta (10) pela Justiça, mas deixou o Copacabana Palace, onde estava hospedado, momentos antes de a polícia chegar.


“Entendemos que qualquer acusado no Brasil tenha o direito fundamental de resistir a uma coação que ele acredita ser arbitrária e ilegal”, dizia a nota, que nega a fuga.

  
Desvio de ingressos Fifa esquema arte cronograma (Foto: Editoria de Arte / G1)


O chefe da Polícia Civil, Fernando Veloso, afirmou que pessoas que estão ajudando o inglês Raymond Whelan, considerado foragido, também podem estar cometendo crimes.


Dos 11 denunciados por integrar a quadrilha, o executivo inglês era um dos dois que estava em liberdade graças a um habeas corpus concedido terça-feira (8). O outro era o taxista Marcelo Pavão da Costa Carvalho, que se entregou à polícia e foi levado nesta sexta para o presídio de Bangu, onde estão os outros nove presos.



“Sr. Whelan não foi convocado para retornar à 18ª DP em 8 de julho, nem foi solicitado a permanecer no hotel Copacabana Palace na pendência de mais investigações após sua soltura inicial”, afirmava outro trecho da nota.



Recurso
No recurso negado pela Justiça, a defesa do executivo alegava que a prisão preventiva conflitava com o habeas corpus que havia sido concedido em prol dele depois que uma prisão temporária foi decretada. A GloboNews teve acesso ao documento e mostrou que a Justiça teria alegado garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal, efetiva aplicação da lei penal e a suspeita de comportamento virtuoso e compatível com a pretendida liberdade para negar o habeas corpus.


As buscas por Whelan foram iniciadas depois que a Justiça aceitou a denúncia feita pelo Ministério Público e decretou a prisão preventiva de 11 acusados. De acordo com o Tribunal de Justiça do Rio, os 11 acusados vão responder pelos crimes de cambismo, organização criminosa, desvio de ingresso e corrupção ativa. Dos 12 indiciados pela polícia, apenas o advogado José Massih não teve a prisão preventiva decretada nem foi denunciado pelo MP, por estar colaborando com as investigações. Massih foi solto nesta sexta.


O esquema
Deflagrada no dia 1º de julho, a operação da 18ª DP prendeu 12 pessoas. No dia 1º, 11 suspeitos foram detidos no Rio e em São Paulo. Na segunda (7), Whelan foi preso por suspeita de ser o facilitador da obtenção dos ingressos.


Com a listagem de celulares da Fifa em mãos, um dos agentes policiais digitou no aparelho celular apreendido do argelino Lamíne Fofana o prefixo 96201, que precede os telefones da entidade. Apareceu, então, o nome "Ray Brazil", para o qual havia 900 registros entre telefonemas e mensagens. Ao todo, a operação está lendo e escutando 50 mil registros telefônicos, dos quais mais de 50% já foram apurados.


Segundo as investigações, três empresas de turismo localizadas em Copacabana, interditadas pela polícia, faziam contato com agências de turismo que traziam turistas ao país e vendiam ingressos acima do preço.


Eram ingressos VIPs, fornecidos como cortesia a patrocinadores, a Organizações Não Governamentais (ONGs) e também destinados à comissão técnica da Seleção Brasileira – desde bilhetes de camarotes até entradas de assentos superiores. Uma entrada para a final da Copa no Maracanã chegava a custar R$ 35 mil e a quadrilha faturava mais de R$ 1 milhão por jogo.


Segundo a polícia, Fofana também conseguia entradas vendidas pelos agentes oficiais da categoria "hospitalidade", pacotes de luxo, controlados pela Match Hospitality. Até carro forte foi usado para abastecer a quadrilha que vendia entradas para todos os jogos da abertura à final do torneio.


Segundo o delegado Fábio Barucke, responsável pelo caso, os presos já atuaram em pelo menos quatro mundiais e estimativas apontam que a quadrilha poderia movimentar cerca de R$ 200 milhões por Copa do Mundo.


Presos
Além de Fofana, estão presos o policial militar reformado Oséas do Nascimento; Alexandre Marino Vieira; Antônio Henrique de Paula Jorge, um dos contatos de Fofana no Brasil (antes de ser preso, Henrique tentou retirar de um banco R$ 177 mil em dinheiro vivo); Marcelo Pavão da Costa Carvalho; Sérgio Antônio de Lima, que teria tentado subornar um dos agentes; Ernane Alves da Rocha Júnior; Júlio Soares da Costa filho; Fernanda Carrione Paulucci e  Alexandre da Silva Borges