A revista Isto É publicou reportagem - confira aqui - na segunda (7) na qual informa que o chefe da Casa Civil de Mato Grosso, Pedro Nadaf, teria assinado um contrato de venda de uma fazenda em Barra do Ribeiro Triste, na região de Nobres e que os R$ 20 milhões obtidos com a transação teriam sido usados para abastecer o esquema de lavagem de dinheiro e crimes financeiros desmantelado no Estado pela Polícia Federal, por meio da Operação Ararath. As constatações seriam da própria PF.
Segundo a publicação, a venda do imóvel ocorreu em 2011. À época, Nadaf era secretário de Indústria e Comércio da gestão Silval Barbosa (PMDB) e ocupava simultaneamente a presidência da Fecomércio-MT. A entidade que representou o Sesc Nacional na transação, uma vez que esta fora autorizada pelo então presidente nacional Antônio José Domingues de Oliveira Santos.
Ainda de acordo com o periódico, o Sesc Nacional comprou do empresário Rodolfo Aurélio Campos a fazenda de 5 mil hectares e pagou pelo imóvel R$ 20 milhões, pelo menos dez vezes mais que o valor de mercado. “Avaliação feita pela Edificar Empreendimentos Imobiliários, importante corretora local, aponta que a propriedade valeria hoje R$ 2,5 milhões. Há três anos, não custaria mais que R$ 2 milhões”, diz trecho da reportagem da Isto É.
Nadaf está no Executivo desde 2003, quando ainda era comandado por Blairo Maggi (PR), atualmente senador. O secretário já passou pelas pastas de Turismo, Indústria e Comércio e, atualmente, é o titular da Casa Civil. No ano passado, quando o então presidente do Detran, Gian Castrillon, foi exonerado do cargo após sofrer mandado de busca e apreensão resultado da 1ª fase da Ararath, acumulou o cargo interinamente.
Filiado ao PR, Nadaf não costuma demonstrar habilidade política e já entrou em rota de colisão com deputados estaduais ao fazer a interlocução entre Executivo e Assembleia. No entanto, costuma dizer aos mais próximos que "faz parte da cozinha" dos governadores Silval e Blairo.
Outro lado
A revista ouviu o ex-presidente do Sesc Nacional que sustentou que a compra observou as regras da entidade e que duas avaliações corroboraram o valor desembolsado. Uma de R$ 31,8 milhões e outra de R$ 28,4 milhões. “Essa propriedade valia o dobro. Nós conseguimos uma ótima negociação”, diz ele a Isto É.
O periódico ainda ressalta que os recursos do Sesc, frutos da contribuição dos trabalhadores do comércio, devem ser aplicados em atividades de qualificação profissional, lazer e bem-estar. A fazenda é hoje usada como refúgio ecológico, segundo informou Antônio José Santos, que, depois de 34 anos à frente do Sesc e do Senac, foi afastado na última terça (1º) por determinação do STJ. O motivo foi uma condenação do TCU relativa a prestações de contas de 2001.
Já Pedro Nadaf afirmou que a reportagem não condiz com a realidade dos fatos, pois fala sobre superfaturamento, quando na verdade foi uma transação totalmente dentro da legalidade. Segundo o secretário, no processo de aquisição da área, o Departamento Nacional do Sesc contou com avaliações oficiais, sendo que levou em conta toda a área, infraestrutura do local e as benfeitorias.
Nadaf também alega que desconhece a procedência da empresa que fez a avaliação para subsidiar as informações da Revista Isto É. Em sua opinião, a Edificar Empreendimentos Imobiliários colocou um preço totalmente fora de mercado em seu levantamento. Além disso, o titular da Casa Civil ainda informou que para adquirir qualquer propriedade, o Sesc Nacional necessita obrigatoriamente de avaliações oficiais e passa por um Conselho de Administração com mais de 50 membros, além de órgãos de controles, interno e externos. Ele ainda afirma que assinou o contrato representando Antônio de Oliveira Santos, após um parecer conclusivo.
Por fim, Nadaf também garante desconhecer que é investigado pela Operação Ararath como é citado na revista nacional. Segundo ele, existe a possibilidade da matéria publicada na Isto É ser fruto de uma ação orquestrada para prejudicá-lo na diretoria executiva da Confederação Nacional do Comércio porque hoje ele ocupa cargo de relevância na estrutura da instituição e seu nome está entre os possíveis futuros presidentes, conforme matérias veiculadas nacionalmente.
Confira, abaixo, trecho do contrato sob suspeita: