ARIPUANÃ, Sexta-feira, 29/03/2024 -

NOTÍCIA

Polícia detém extremistas judeus suspeitos do assassínio de jovem palestiniano

Data: Domingo, 06/07/2014 00:00
Fonte: RTP

A polícia israelita deteve hoje seis extremistas judeus por suspeita de envolvimento no assassínio do palestiniano Mohammed Abu Khdeir, de 17 anos, raptado e queimado vivo, em presumível vingança pela morte de três colonos judeus. Entretanto, um outro tribunal israelita libertou hoje Tariq Abu Khdeir, primo do jovem palestiniano assassinado, que sofreu espancamento por parte da polícia.

 

Os seis suspeitos do assassínio foram presentes a um tribunal de Petah Tikva, mas são originários de várias cidades - Jerusalém, Beit Shemesh, e Adam, e também de um colonato não reconhecido pelas autoridades nos arredores de Jerusalém. Segundo a polícia, trata-se na sua maioria de menores de idade, que tinham participado numa manifestação da extrema direita sob a palavra de ordem "Morte aos árabes!".Apelo de Netanyahu à "vingança"Mohammed Abu Khdeir tinha sido raptado na quarta feira, um dia antes do funeral dos três colonos cuja morte tem vindo a ser atribuída ao Hamas, apesar dos desmentidos que este movimento emitiu. O corpo de Mohammed apareceu, queimado em 90 por cento, algumas horas depois. A autópsia revelou a presença de cinza nos seus pulmões, donde os médicos legistas deduziram que ele respirava ainda quando o queimaram.



Os três colonos tinham sido raptados em 12 de junho e aparentemente foram mortos logo nesse momento. Os seus corpos foram encontrados na segunda feira passada, dando origem a uma violenta campanha mediática.



Neste contexto, o próprio primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, emitiu uma declaração na noite de segunda feira apelando à "vingança".



O deputado palestiniano-israelita Ahmed Tibi não deixou de lembrar a responsabilidade de Netanyahu e doutros líderes israelitas no crime em que foi queimado vivo o jovem Mohammed Abu Khdeir. Segundo citação de Al Jazeera, Tibi afirmou que as detenções dos seis suspeitos "são um passo positivo. Mas nós sabíamos desde o princípio que isto foi feito por assassinos judeus racistas, que foram influenciados pelos constantes incitamentos de ministros e de rabinos".



Tibi apelou também a que a ONU tome nas suas mãos a investigação do assassínio de Abu Khdeir e de pelo menos cinco outros palestinianos mortos pelo Exército ao longo dos 18 dias de busca dos corpos dos colonos desaparecidos.



A polícia israelita começara por atribuir o assassínio de Abu Khdeir a conflitos intrafamiliares, com origem puramente palestiniana, mas os violentos distúrbios que voltaram a agitar o país ao longo destes dias, deste o aparecimento do cadáver, submeteramas autoridades israelitas a uma forte pressão.


Jovem "americano" espancado pela políciaUm outro incidente que teve efeitos inesperados foi o espancamento pela polícia de um primo da vítima, o jovem Tariq Abu Khdeir, de 15 anos. Tariq foi detido na quinta feira numa das manifestações de protesto pelo assassínio do seu primo e apresentado em tribunal no domingo, completamente desfigurado. O pai do jovem, também citado no site da televisão qatariana, comentou ao vê-lo: "Eles [os polícias] tentaram matar o meu filho".



Um vídeo amador mostrava três militares embuçados a espancarem um jovem que alegadamente será o mesmo Tariq Abu Khdeir. O jovem terá sido detido durante sete horas, sem tratamento médico.



Mas a polícia ignorava que ele era também cidadão norte-americano. Segundo o pai do jovem, "logo que eu disse que ele tem um passaporte americano, eles começaram a mudar a história, para dizer que não sabiam que era um americano e apresentaram desculpas".



Também a mãe do jovem disse que "isto acontece aqui, diariamente, aos palestinianos. Mas nós temos ligações, porque ele é americano".



E, com efeito, o Departamento de Estado dos EUA pediu uma investigação cabal do assunto, dizendo-se "profundamente perturbado".