Os seis suspeitos do assassínio foram presentes a um tribunal de Petah Tikva, mas são originários de várias cidades - Jerusalém, Beit Shemesh, e Adam, e também de um colonato não reconhecido pelas autoridades nos arredores de Jerusalém. Segundo a polícia, trata-se na sua maioria de menores de idade, que tinham participado numa manifestação da extrema direita sob a palavra de ordem "Morte aos árabes!".Apelo de Netanyahu à "vingança"Mohammed Abu Khdeir tinha sido raptado na quarta feira, um dia antes do funeral dos três colonos cuja morte tem vindo a ser atribuída ao Hamas, apesar dos desmentidos que este movimento emitiu. O corpo de Mohammed apareceu, queimado em 90 por cento, algumas horas depois. A autópsia revelou a presença de cinza nos seus pulmões, donde os médicos legistas deduziram que ele respirava ainda quando o queimaram.
Os três colonos tinham sido raptados em 12 de junho e aparentemente foram mortos logo nesse momento. Os seus corpos foram encontrados na segunda feira passada, dando origem a uma violenta campanha mediática.
Neste contexto, o próprio primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, emitiu uma declaração na noite de segunda feira apelando à "vingança".
O deputado palestiniano-israelita Ahmed Tibi não deixou de lembrar a responsabilidade de Netanyahu e doutros líderes israelitas no crime em que foi queimado vivo o jovem Mohammed Abu Khdeir. Segundo citação de Al Jazeera, Tibi afirmou que as detenções dos seis suspeitos "são um passo positivo. Mas nós sabíamos desde o princípio que isto foi feito por assassinos judeus racistas, que foram influenciados pelos constantes incitamentos de ministros e de rabinos".
Tibi apelou também a que a ONU tome nas suas mãos a investigação do assassínio de Abu Khdeir e de pelo menos cinco outros palestinianos mortos pelo Exército ao longo dos 18 dias de busca dos corpos dos colonos desaparecidos.
A polícia israelita começara por atribuir o assassínio de Abu Khdeir a conflitos intrafamiliares, com origem puramente palestiniana, mas os violentos distúrbios que voltaram a agitar o país ao longo destes dias, deste o aparecimento do cadáver, submeteramas autoridades israelitas a uma forte pressão.
Jovem "americano" espancado pela políciaUm outro incidente que teve efeitos inesperados foi o espancamento pela polícia de um primo da vítima, o jovem Tariq Abu Khdeir, de 15 anos. Tariq foi detido na quinta feira numa das manifestações de protesto pelo assassínio do seu primo e apresentado em tribunal no domingo, completamente desfigurado. O pai do jovem, também citado no site da televisão qatariana, comentou ao vê-lo: "Eles [os polícias] tentaram matar o meu filho".
Um vídeo amador mostrava três militares embuçados a espancarem um jovem que alegadamente será o mesmo Tariq Abu Khdeir. O jovem terá sido detido durante sete horas, sem tratamento médico.
Mas a polícia ignorava que ele era também cidadão norte-americano. Segundo o pai do jovem, "logo que eu disse que ele tem um passaporte americano, eles começaram a mudar a história, para dizer que não sabiam que era um americano e apresentaram desculpas".
Também a mãe do jovem disse que "isto acontece aqui, diariamente, aos palestinianos. Mas nós temos ligações, porque ele é americano".
E, com efeito, o Departamento de Estado dos EUA pediu uma investigação cabal do assunto, dizendo-se "profundamente perturbado".