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Após 11 anos, delegado desvenda crime

Data: Sábado, 08/01/2011 00:00
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Fonte:diariodecuiaba

Morte de mulher, encontrada com tiro na cabeça em casa e investigada como suicídio, foi provocada por 3 pessoas, segundo delegado que reabriu caso 
 
Quase 11 anos depois, a polícia parece ter elucidado uma das mortes que mais chamaram a atenção da sociedade cuiabana. Na manhã do dia 7 de março de 2000, entre 6h e 7 horas, uma terça-feira de Carnaval, a servidora pública federal Maria Cecília Corrêa da Silva Santos, 41 anos, foi encontrada morta em sua cama com um tiro na cabeça.

Maria Cecília, que era casada com o coronel da Polícia Militar Lindberg dos Santos, com quem tinha dois filhos, teria se suicidado, conforme registro da época. Investigado como suicídio, o inquérito chegou a receber indicação policial de arquivamento, obtendo parecer favorável do Ministério Público Estadual.

Ontem, entretanto, o delegado Márcio Pieroni, titular da Delegacia de Homicídios (DHPP), revelou a informação mais surpreendente do caso. Maria Cecília, conforme ele, foi assassinada, um crime que envolveu três pessoas, incluindo o filho adolescente dela.

Conforme relatou o delegado, estariam envolvidos nesse assassinato Luiz Carlos Bessa, 32 anos, o primo dele, Waldiney Bessa Silva, de 28 anos, e o filho da vítima, L.C.S., que na data do crime estava a quatro dias de atingir a maioridade.

Luiz Carlos e Waldiney, este último conhecido pelas alcunhas de Dica ou Pinguim, trabalhavam com a família do militar. Seriam, disse o delegado, serviçais tanto na imobiliária que funcionava na parte superior da casa quanto no domicílio de Maria Cecília.

A conclusão do delegado é de que a vítima foi morta quando estava reencostada na cabeceira da cama, por alguém que atirou em pé. No entendimento de Pieroni, não há como aceitar que alguém que é destro, como Maria Cecília era, tenha atirado na própria cabeça e deixado a arma entre as pernas tocando na mão esquerda. E, ainda, que depois de atirar, essa pessoa viesse a morrer com o punho da mão direita travado.

Durante dois meses, contou Pieroni, investigou ininterruptamente o caso. As investigações, disse, incluiu a reconstituição da morte, sob o assessoramento de peritos criminais, e a sequência de fotos da perícia do crime.

Além dessa conclusão, Márcio Pieroni disse que os depoimentos prestados pelos acusados apresentam uma série de mentiras e contradições. Luis e Dica chegaram a falar de um bilhete supostamente deixado pela vítima endereçado ao marido.

Na ocasião, Luis Carlos teria até repetido a frase “se você quiser, a chave está em cima da mesa do escritório”, o recado dela para informar Lindberg como entrar em casa. Ouvidos novamente por Pieroni, eles sequer se lembram da existência do bilhete.

Waldiney, o Dica, que havia dito, segundo Pieroni, que mais ou menos um mês antes de morrer Maria Cecília disparou um tiro para o alto para assustar o marido, quando este chegara madrugada em casa, também não confirmou essa informação.

Já sobre o filho da vítima, o titular da DHPP está convicto de que o rapaz mentiu ao dizer que não ouviu o tiro ou qualquer movimentação na casa. “Ele dormia no quarto ao lado do da mãe”, completou Pieroni.

Também, disse o delegado, L.S. teria mentido ao dizer que não foi a mãe quem abriu o cadeado do portão para que ele entrasse em casa na madrugada, vindo de uma festa de Carnaval. “Há testemunha que a viu abrindo o portão”, completou.

Horas d testemunha que viu ela abrindo o portrugada, vindo de uma festa de Carnaval.çgou em casa madrugada. anos, e o filho da v epois, o adolescente teria aberto o portão duas vezes para receber Luis e Waldiney, que também retornavam de festa carnavalesca.

Márcio Pieroni disse que não descobriu quem fez o disparo e nem a motivação do crime, mas tem convicção sobre o envolvimento dessas três pessoas. Nos próximos dias, informou, estará enviando novo relatório sobre o caso ao Ministério Público Estadual, com o indiciamento de Luiz e Waldiney pelo crime de homicídio (artigo 121 do Código Penal). Quanto ao filho da vítima, disse que não pode indiciá-lo, mas o citará como um dos envolvidos.