Pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira (6) sobre intenções de voto nas eleições presidenciais mostra que a presidente Dilma Rousseff (PT) caiu 3 pontos percentuais, chegando a 34 por cento. O pré-candidato Aécio Neves (PSDB) caiu um ponto percentual, ficando com 19%, enquanto Eduardo Campos (PSB) teve queda de 4 pontos, ficando com 7%.
O número de indecisos mostrados pela pesquisa aumentou: agora são 13%, ante os 8% registrados em maio. E o número dos que responderam que pretendem votar em branco, nulo ou em nenhum dos candidatos passou a 17%, 1 ponto acima do levantamento anterior.
A pesquisa ouviu 4.337 pessoas em 207 municípios, e foi realizada entre terça e quinta-feira desta semana, quando também foram divulgados dados da economia, mostrando baixo crescimento no primeiro trimestre do ano.
Eduardo Campos, Dilma e Aécio tiveram queda
De acordo com a Datafolha, pela primeira vez a parcela dos que consideram que a situação econômica do país vai piorar superou a dos que acham que ela vai continuar como está: 36% (ante 28% em maio) a 32% (ante 41%). Segundo o Datafolha, a soma dos eleitores sem candidatos, 30%, é recorde para uma eleição presidencial nesta época do ano.
Estes números mostram claramente o que o Jornal do Brasil já vinha antecipando em seus editoriais. Estas eleições não servirão para que o povo escolha seu novo presidente, mas sim para que ele tire um presidente do poder. A insatisfação, evidenciada pela quantidade de votos brancos, nulos e dos eleitores sem candidatos, mostra que estamos numa grave crise onde povo não vê em nenhum dos candidatos condições de governar o país. E isso pode desembocar numa crise institucional sem precedentes, se realmente não houver uma liderança capaz de tomar as rédeas. O delicado momento econômico faz ainda com que a classe empresarial acenda o sinal de alerta e questione se há um líder capaz de evitar uma iminente convulsão social.
O clima generalizado de descrença é consequência dos sucessivos escândalos e polêmicas envolvendo altas esferas dos três poderes. Escândalos e polêmicas que consolidam a falta de representatividade das instituições.
Os militares vêm sendo questionado pela Comissão da Verdade pelo seu sombrio passado. O Poder Judiciário teve sua imagem arranhada por sucessivas denúncias, originadas principalmente pela ministra Eliane Calmon, durante sua passagem pelo Conselho Nacional de Justiça. O Executivo e o Legislativo são quase que diariamente desmoralizados por flagrantes, denúncias, acusações e até condenações.
Nos estados onde se vê as ondas mais violentas de protestos são também os que protagonizam os maiores escândalos. Em São Paulo com, por exemplo, o caso Alstom, que envolve pessoas ligadas ao governo e ao Tribunal de Contas. E ainda com a inédita crise da água, que mostra uma clara falta de planejamento e de responsabilidade. No Rio de Janeiro, os escândalos atingem diretamente o Executivo, com obras superfaturadas, evidências de ligações suspeitas com empreiteiras, como a Delta, e o emblemático escândalo dos guardanapos na festiva Paris.
O Brasil, sacudido nos últimos meses por manifestações e protestos, se aproxima da hora da verdade. Verdade que será dita com todas as letras - ou números - pelos eleitores nas urnas, em outubro. E pelo que se vê, o futuro terá a mesma cara do presente: descrença, insatisfação e revolta.